E o vento

O vento bate no poema do tempo,

uma prece aquece o que há de vir

e no meu peito renasce

todas as saudades.

Saudades da lua,

saudades do sol,

saudades da chuva,

saudades da curva da estrada

que marcou o nosso tempo.

O vento de dezembro traz esperança,

andanças e infinita luz.

O vento, o tempo deixam marcas,

pegadas nos caminhos,

sino, templo distante

e ainda tem ciranda que movem

os passos meus.

E o vento enxuga uma lagrima...

Aparando a brisa do rio Amazonas... Paz e bem a você que também colhe brisas...
 

Ousadia e candura

Um velho castelo, um lago,

um céu de sóis e luas,

uma deusa entranhada numa montanha,

distante de meus olhos

como um horizonte perdido entre sonhos e solidão.

Solidão cheia de primaveras medra

entre musgos, cantos de rouxinóis

e pingos de vida que tecem a linda Teia.

Carretéis voam em auroras radiantes de ternura

Onde está o medo? convive entre rosas, ousadia e candura. 

Boa noite, queridas e queridos! Se não fosse a fumaça, diria que é uma linda foto, lá do Vale do Jari. Minha irmã Mara, quem fotografou. Paz e bem neste entardecer!


 

Um brinde aos outubros

Eu espero a chegada

de algum outubro como a mãe

que espera a volta do filho amado,

como o jardineiro que espera

seu jardim florir,

como o vigia espera o amanhecer,

e como o tempo espera a aurora raiar.

Nos outubros,

as luzes começam a brilhar,

há o anunciar da chegada do amor,

há romarias e cirandas de crianças

que não perderam o desejo de sorrir.

Ainda há flores pelos chãos,

ainda há doçura nos corações,

ainda há sonhos embalando multidões.

Brindemos os outubros! 


 Numa tarde qualquer, na orla de minha Macapá... Paz e bem para você que aprecia o entardecer!

 

Ventos de setembro

Ventos de setembro juntando

o que foi ficando pelos caminhos,

revoada de borboletas

coloridas, vestidas

de amarelos, azuis, verdes,

cinzas, belas, aquarelas, infinita cor.

Voavam ao vento

se agarrando num colar de estrelas

ou quem sabe,

num, fio de horizonte.

Algumas pousavam no andaime

do tempo e ficavam,

parecia que esperando

a volta do silencio,

trazendo as ousadas irmãs

que se deixaram levar por

tantos outros ventos.

Passou a ventania de setembro

e ficou um tempo de saudades...

Gratidão a tudo que se move e é sagrado! Gratidão a cada fio dessa imensa teia da Vida! Gratidão a minha ancestralidade e a minha descendência! Gratidão...
 

Nove de julho

Que a gratidão seja o meu momento,

o meu tempo

e a minha eternidade.

Que a gratidão seja a minha travessia,

a minha alegria

e minha chegada.

Que a gratidão seja o meu sonho,

o meu prumo,

e minha realidade.

Que a gratidão seja o meu caminhar,

o meu respirar

e minhas saudades.

Que a gratidão seja a redenção

de minha santidade

e de meus doces pecados.

Gratidão a vastidão da Vida. 

 

Gratidão, Mirlene Rodrigues, pela bela imagem da lua azul! Paz e bem a todxs que passeiam neste espaço feito de palavras e poéticos sentimentos.

Lua azul

A lua azul toda faceira,

vedou os olhos do São Jose

e fez amor com o rio Amazonas.

Feiticeira que é encantou a palmeira,

beijou seus viajantes enamorados

e semeou luz aos navios

e aos pequenos barcos.

Lua, linda lua, por que não pousaste

nos meus olhos?

Por que acordaste em mim a saudade?

Era outro mundo, era outro cais,

era um cair de tarde

Não tinha retrato sem moldura

e nem poema sem passado.

Lua azul, lua vermelha,

tinge esse grito calado,

cala o silêncio falado

e planta amor no duro asfalto do tempo.



 Eu escolho a simplicidade complexa e bela. Por isso amo plantas. O encanto de cada botão que se abre aquece o meu coração e derrama poesia nos meus dias, de sol e de chuva. Beijos no seu coração que também vai apreciar esta beleza da natureza.

 

O cheiro da flor

Sonhei com você

Vi você em meio à multidão

Tive medo, encontrei o passado,

foi um rápido toque de mãos

que quebrou o silêncio, tocou no cálice

e o vinho foi ao chão.

O distante estava perto

e perto é muito longe

O tempo passou mas

o cheiro da flor não envelheceu.

Entardeceu para nós,

amanheceu para a saudade

Cochilei, sonhei outro sonho,

nesse eu te abracei

como o vento que acolhe a folha

que segue a incerteza de seu voo.

A lua resplandeceu

e nas minhas mãos

ficou apenas a cor de teus olhos sem cor.


 Numa tarde qualquer, sentei à sombra dos açaizais e esperei o voo dos guarás... Paz e bem à você que passeia nas minhas plavras... Gratidão!


A volta das borboletas

Nunca tive dono

e nem fui dona de ninguém

Ousadia não me faltou

e diante do céu azul eu já dancei

todas as cirandas.

Nasci numa manhã de julho,

chorei num mês de agosto,

gratidão ao agosto que me fez

costurar todas as saudades.

Hoje, me acostumei,

a cutucar luas, namorar as estrelas,

recolher gotinhas de orvalho,

abrir portões

e esperar que as borboletas voltem... 


Uma escada a mais, rumo a minha reconexão com a natureza, com o universo, com a espiritualidade de luz...Noite abençoada, meus amigos de perto e de longe!

Rebeldia

Quiseram  calar meu sonhos,

apagar os meus faróis,

quebrar os meus cristais,

escurecer minhas noites,

trasmudar minhas auroras,

sujar meus oceanos,

despoetisar a poesia.

Mas a Vida não obedece ordens,

sonhos são ventos,

faróis iluminam, 

cristais são gotas de orvalho,

noites e amanheceres são dádivas,

o mar é magia e a poesia é plenitude.

A esperança é transgressão,

a utopia é comunhão,

 a saudade me toma pelas mãos

e tudo amanhece outra vez.

Sagradas são as mãos de meus queridos amigos, Charles e Fernanda, porque cultivam belezas. Plantar é embelezar o olhar, é reencantar vidas! Um feliz final de semana para você que sempre visita esse meu ninho.
 

Cultivando vidas

Cuide bem de você

Cuide com amor de quem está

ao seu redor

Cuide de seus quintais,

cuide dos seus animais.

Escute música, cante, seja música,

encha o seu nicho ecológico

de suave sonoridade,

leia romances, seja romântica,

leia poesia, seja a poesia,

espalhe luz por onde passar

Nos somos de luz.

Eu danço contigo,

canto, cultivo meus jardins,

planto rosas, orquídeas,

helicônias, girassóis...

Sempre sonhei ser parteira,

por isso faço nascer sonhos,

belezas, fantasias, cirandas...

Nossas mãos se fazem sagradas,

sempre que plantamos,

que ousamos acreditar no inacabado,

Sempre que reinventamos

e recriamos nossos passos,

num caminho bonito e revelado. 


Boa noite amigx de luz! Da beira do rio Pedreira, para você que habita qualquer lugar, entre o céu e terra. O açaizeiro lhe  abençoa e o entardecer enche os seus olhos de paz...

 

De amores e de tempo

Hoje, o amanhecer amanheceu sozinho,

sem sol, sem nuvens,

sem réstia de noite,

sem cheiro de café.

Até os lençóis se rasgaram

por tanta solidão,

mas não é que de repente,

o hoje avistou um fiozinho

de lua, no horizonte!

Depois a lua apareceu, o sol surgiu

e um pássaro gigante, rasgou as nuvens

e o amanhecer viu o seu amor, descendo

numa folha que,

carinhosamente, caiu do céu.

São assim, os amanheceres,

como as folhas dos buritis,

como os amores perdidos no tempo...

As flores, hoje, acordaram bonitas, abençoadas pelo sol da manhã e sigilosas com os segredos da madrugada. São as flores anunciando um novo tempo...
 

 

Pensar com os olhos

Fechei a porta do pensamento

Abri a porta dos meus olhos

Pensar cansa os meus cristais,

as vezes afasta o que é belo,

conduz a um tempo

sem cobertor, sem cor e sem quimera,

sem o pulsar de um abraço apertado.

Muito já pensei,

muito me afastei do meu

reverberar poesia.

Quando abri meus olhos,

vi um rouxinol azul,

um arco íris pintado de gente

e a urgência de criar poetas.


Lembranças do encontro com as irmãs que tanto amo, gratidão... Nesta tarde que já se vai, deixo aqui o meu carinho a você que por aqui passeia. todas as nuances deste entardecer, para você que, carrega no peito, as dores, os amores e saudades...

 

Incertos passos

Meus ouvidos são tocados

por uma voz que vem de longe,

bem de longe

É uma música tocada pelas marés

É o canto das aguas,

é o cantar dos sonhos...

Não sei se vem do mar,

não sei se vem dos rios,

mas é um cantar que me chama

para a magia de amar.

Meus cabelos são acarinhados

pelo vento, soprado de algum lugar,

lá de onde os pássaros cantam,

as flores balançam

e o meu olhar se veste de saudades.

Ando na rua, mas parece que

a rua é mar, tudo dança,

até a solidão do meu caminhar.


Uma guirlanda clicando as nuances do infindo horizonte... Onde está a tarde? Onde está você? por que me disse que voltava e não voltou? A cada entardecer fico de alguma varanda a esperar você, que há de vir num turbilhão de sonhos...

De amor e de horizontes

Hoje, eu deixo uma rosa

na borda do silêncio,

um sopro nas linhas do entardecer,

um amém para a oração 

que sai do coração de quem

crer em sonhos e utopia.

Hoje, um raio cortou o céu,

acendeu na noite, estrelas e vendavais,

costurou o medo que machuca o meu peito,

quando no céu se acendem os cristais. 

O hoje já não é hoje,

Mas, um tom cinza que resolveu

seguir uma nuvem sem cor,

feita de dor, de amor e de horizontes. 

Gaia sagrada, respira o silêncio da tarde! Abençoa xs caminhantes! Bebe o perfume de tuas flores! Te embeleza da magia de ser o espírito da Terra... Abençoada noite para você!
 

SONHOS E UTOPIAS

Nunca deixei de sonhar,

mas confesso que vivi um tempo triste,

de profunda indelicadeza,

de uma amarga intolerância e truculência.

Um tempo que se arrastou

pelas valas fétidas, sem alma

e pela ausência de poesia.

Mas tudo passa,

espero que essa ventania deselegante

não volte a soprar em mim

suas labaredas sufocantes.

Nunca deixei de sonhar,

porque os meus sonhos são feitos

de carne, de riachos

de afeto e de compaixão.

Vem sonhar comigo... 

Gratidão a natureza que vive em mim, às flores que são os versos que eu colho pra você nesta tarde de abril... Boa noite! Que os anjos protejam o seu adormecer
 

 

Utopia de Gaia

As sementes que semeamos pelos caminhos,

numa das voltas da vida,

podemos colher os frutos, as flores e os sonhos

que numa aurora distante, plantamos.

Gaia gira em volta do sol

e tudo se transforma, nada fica igual, nem a dor,

nem o riso, nem as utopias, nem mesmo a poesia

porque esta é uma semente que se sopra ao vento.

Eu giro o mundo num barco de estrelas,

em cada porto algo de novo brota.

Da primavera passada achei pétalas murchas

e do outono, apenas uma chama

de folhas amassadas

numa calçada de pedras.

Flores, flores... que elas perfumem o nosso olhar, nossa alma e nossos sonhos. E que ainda possam abençoar as nossas mãos, mãos de quem cultiva, amorosamente os seus jardins.
 

 

Nova história, novo mundo

Nestes caminhos tortuosos da história, há muitas outras histórias sendo contadas, histórias de amor, de não amor, de verdades e inverdades, de medo, de dor, de esperança... e nesse mar agitado há homens e mulheres com seus barcos aprumados que estudam, pesquisam, ampliam conhecimentos e possibilitam a humanidade descobrir-se, fraterna e gentil.

Mas também, neste mesmo mar agitado, há mulheres e homens que, mesmo iletrados, escrevem e compreendem o mundo de seus sonhos. Há neste mundo muitas pessoas sábias e eu as admiro do mesmo jeito que o jardineiro admira suas rosas. Bendito mundo, perene de santidade, perene de pecado.

Então, uma reflexão...

Neste mundo circular e linear que bonita história estou escrevendo? Que bonita história, você pode escrever? Que história alguém vai poder contar para as crianças que estão vindo? Para as crianças que já estão entre nós?

A tarde se despede e a noite me surpreende com um pedacinho de lua pálida. A hortência, em seu azul singelo me faz acreditar num mundo de jardins, onde as flores substituirão as armas e homens e mulheres hão de ser jardineiros e jardineiras. Boa noite! Paz e bem!

 
 

 

Aquela lágrima

Sabe aquele adeus?

Ainda hoje o vi pendurado

no poema que escrevi

no outono passado, ele está amarelado

e molhado pelo orvalho da madrugada

Mesmo assim dá pra ler

as linhas de uma saudade.

Lembra da lágrima que escorregou

pelos cantos daquela sala?

Nada mais estava no lugar,

nem os livros, nem as memórias

e nem as anotações feitas

em pergaminhos de seda.

Mas a lágrima,

essa molhou meu rosto,

minha alma libertada

e meus sonhos.

Mas foi a sua mão feita de poesia

que meu rosto acarinhou

A lagrima e o adeus continuam

pendurados na janela do tempo.

 

Eu amo catar belezas! Eu amo plantar jardins! Eu amo amar... Feliz pascoa para você!

Nossos silêncios

Que os meus olhos não se enganem

Que eles sejam sinfonia,

todos os dias,

mesmo que o tempo esteja nublado,

porque o nublado do tempo

traz sempre todas as primaveras,

as quimeras e todas as saudades.

Os meus olhos são faróis,

nos descaminhos da vida

são catadores de sonhos

num jardim de belezas.

Lembra daquele dia

que te vi numa nuvem de cristais?

A estrada era tão longa,

o trem da historia nos arrastou,

entornou os nossos silêncios

mas, foi o nosso jeito de olhar

que recriou o meu sonhar

e me fez amar o infinito.


Uma rosa do deserto para você que gosta de brincar com as palavras. Tenha uma noite abençoada e uma semana de esperança e perfumada. Namastê!
 

Pela fenda da janela

Quero recriar a vida

Quero que tenha comida no prato

de quem tem fome

Se tiver fome que seja de beleza,

de encanto e de pureza,

nesse tempo de solidão.

Quero que o tempo seja um brinquedo,

como brinquedo é

o coração de quem ama.

Quero ver asas bordadas

para que a imensidão do espaço,

caiba nas minhas mãos e durma

entre os meus lençóis.

Quero que a democracia

seja um viver de magias

e não essa agonia que,

dilacera minhas emoções.

Quero que a vida seja vivida,

gostosamente, delicadamente,

como as rosas brancas

e vermelhas que vejo pela

fenda de minha janela.


Minha irmã de alma, em algum anoitecer do verão passado... Como diz, Cora Coralina, eu não sei se a vida é curta ou longa demais pra nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas... 
Uma abençoada semana para você que passeia por aqui!

 

Cristais e arco íris

Eu lhe trouxe a paz refletida

no espelho do tempo

Lhe trouxe a alegria

numa pétala trazida pelo vento.

Lhe trouxe um punhado de magia

pelos cristais da janela

de seus olhos

Lhe trouxe uma canção,

molhada de saudades.

Lhe devolvi o tempo

e a nossa ancestralidade,

a alegria de quando caminhávamos

pelo arco íris dos sonhos.

Lhe devolvi o olhar puro

de quem caminha pelos

campos da inocência,

lhe devolvi a saudade de quem

marca um coração desconhecido

e espalha sorrisos nos canteiros de carne.