Sublime incompletude
Talvez, tudo seja passageiro,
como as nuvens que dançam no céu
Talvez, tudo seja caminho entre o sublime 
e a incompletude.
Talvez, nem tudo seja efêmero...
Se há felicidade, fetiche e gratuidade
é possível ainda ser feliz.
Talvez, tudo seja eterno,
da eternidade das ondas do mar,
da estrela cadente, da lua ardente,
das águas correntes, da cachoeira a cantar.
Talvez, tudo seja certeza, da certeza sem endereço,
sem começo, meio e fim.
Talvez, tudo seja dúvida...
Da dúvida da rosa e da certeza dos espinhos
na criação do jardim da vida.
Minha gratidão e carinho a você que neste ano de 2015 visitou este simples cantinho, sentou comigo no balanço e juntos brincamos como crianças; que leu meus tortos poemas; que deixou um comentário carinhoso... É uma imensa alegria partilhar com você este belo planeta, compartilhar este largo espaço e este misterioso tempo. 
Eu desejo a você um tempo novo e que a novidade venha através de minhas ações e de suas atitudes no cotidiano. Vamos fazer um mundo melhor, partindo das pequenas coisas? Vamos embalar nossos sonhos na rede da solidariedade, da compaixão e da ternura?
Planto flores no seu coração, partilho com você um pouco do meu espirito e peço a espiritualidade irmã que cuide de ti neste novo ciclo que logo estará entre nós.
Te convido a ser feliz, a passar pelas dificuldades com fé, a ousar recomeçar...
Um abraço apertado e um beijo no seu coração.
Feliz 2016!

Senta aqui ao meu lado
Vem ver comigo as roseiras em flor,
O rio mudar de cor, o por do sol oferecendo o silêncio,
o sabor da vida, as réstias de luz
e os rastros dos sonhos.
Vem sentir comigo as caricias da solidão,
o vazio das multidões,
a beleza da tristeza que fala ao coração
e o coçar da alma
que transborda de calma todas as manhãs.  

Silêncios e voos
Quando tudo parece parado,
pálido, acomodado, sombrio do calor das brisas...
Quando parece que as árvores estão quietas,
que as folhas adormecem no alto das palmeiras,
do galho da amoreira se escuta
o balançar das asas de uma gaivota
que voa e risca o horizonte
com o seu grito de alerta.
Grita para chamar o seu bando
e acordar pachamama para a festa dos voos,
para a liberdade de voar mesmo quando
o seu cantar virou cristais incrustados
nas pedras.

Uma flor do meu jardim para alegrar o seu coração, para provocar um sorriso na sua face, para colher do seu olhar um toque de ternura... Há muita beleza ao nosso redor. É só delicalizar o jeito de olhar..
Felicidades pra você que por este blog passeia...
paz e bem!

A boniteza da paz
O meu viver é também feito de sentimentos
Sobre meus pés passeia a energia da terra
Sobre minhas células, a espera dos meus ancestrais.
Brinco de caçar sonhos, de cantar ao semear mundos,
de dançar quando estou a chorar sobre nuvens esvoaçantes,
de navegar em ondas agitadas e silenciosas,
de estar a cutucar luas com o amarelo dos girassóis.
Sinto que coçar almas com raminhos de ternura
pode ajudar a doçura se espalhar pelos caminhos,
nas pegadas dos caminhantes, na deriva dos viajantes,
na boniteza de se viver um tempo de paz.  

Sono, sonhos e rebeldias
E quando a noite cai pousando seus braços
sobre a suavidade do meu sono,
em pleno sonho eu abro a cortina que protege minha alma
e deixo que esta fala que acalma
navegue na orla de seu coração e afague o seu canto,
o seu pranto e suas quimeras.
Eu levanto, respiro o doce ar da madrugada
e aprecio a beleza da Azaléia que nasceu na janela
e fica a enamorar as estrelas.
E quando a noite cai como veludo sobre o meu peito        adormecido,
acordo o grito contido que guardo calado
e faço  explodir o silencio que sinto calar minhas rebeldias
e tantas outras ousadias de outros horizontes.
    Quando a noite cai...

Andorinhas e versos
Quando o tempo adentrar nos meus olhos,
beijar meus cabelos adornados de neve,
pousar a sua efemeridade no meu destino,
eu tecerei um ramalhete de estrelas
e colocarei na delicadeza de suas mãos,
nos fios de seu coração
e retornarei por aquela estrada vermelha
que há de me levar até ao nosso arco íris.
Quando o tempo escrever a minha história,
ler cada página, decifrar os rabiscos traçados
pela imensa saudade que cultivo
no meu mais bonito jardim,
eu hei de abrir o meu baú encantado
e deixar voar todas as andorinhas
que fizeram ninho nos meus versos.
Quando o tempo...

Nosso planeta está esquentando. A água está acabando. Matamos os rios em nome da ganância. A violência cresce... Contudo, eu não posso perder a fé na Vida. Eu não deixo de sonhar e de transformar os meus sonhos em ações, simples ações...
Amo quem está ao meu lado, me solidarizo com os irmãos-irmãs que estão longe, mesmo com a minha incompletude humana. Em nome dos meus sonhos planto flores no meu quintal, árvores que fazem sombras, escrevo poesias...
Tenha um lindo e poético dia!!

Pavios de luz
Ah, eu não posso deixar que
meus versos se molhem de lagrimas
e nem que feneça os meus pavios de luz
que clareiam o escuro das estradas claras
A tristeza não pode se apossar do tempo
e nem fazer do vento mensageiro do desespero
e da perda da fé.
O cantar dos pássaros ainda enche o espaço
de doçura e melodia...
É com esta alegria que eu quero encantar o mundo.
Ah, eu não posso deixar de me comover,
mas, jamais deixar de ver o florescer de um novo dia
A sinfonia do amor me faz crer que,
a compaixão cuida da agonia que angustia
o viver nestes dias de desamor.
Dos meus olhos cai uma lágrima
e de minha alma nasce a gratidão e os sorrisos. 

Teia de alecrim
Somos fios de uma mesma teia.
O vento que brinca com os meus cabelos,
também mexe com os galhos da amoreira,
areja o ninho do sabiá que se põe a cantar
anunciando o amanhecer.
Um mar de pensamentos atormenta o bem te vi
que cai da folha do açaí
e sai desesperado a anunciar o que viu
além dos muros de alecrim.
O fio de seda e cetim se fez um arco íris sem fim
que nesta tarde desce para beber água
na concha pintada de azul anil.

Cirandas ao sol
Pelas ruas que ando há rosas e girassóis,
há marcas sublimes de sonhos
semeados nos caminhos,
luz menina que acarinha o tempo,
cabelos ao vento no cantar do sabiá.
Pelas ruas que ando há cercas de poesias,
versos pendurados nos galhos do flamboyant,
calçadas feitas de cristais
e crianças que correm pedindo colo, carinho e amor.
Pelas ruas vou andando...
Retrato almas delicadas, corações despedaçados,
sonhos esvoaçantes, ternura andante
e cirandas de hortências azuis.

Flores no quintal 
Meu quintal esta sorrindo,
flores se abrindo em todos os cantos do jardim
Passarinhos fazem ninho na goiabeira
que se abre para a janela do meu quarto.
É cantoria aqui, é cantoria pra lá,
que alegria é ver o dia raiar
e os pássaros cantarem na fresta de minha alma.
Meu quintal está feliz...
Eu aprendiz dos risos crio abrigo
para as borboletas voarem, para os sabiás gorjearem,
bem te vis e corruíras cantarem,
festejando a madrugada e todos os sonhos
que brotam de corações generosos.
Chão da fantasia
Ando com delicadeza para não machuca-las,
para não assustá-las, não perturbar o seu adormecer
num tempo de vida e morte
Neste andar, firme são meus pés e leve é a minha alma,
levitude que acalma e alimenta meus sonhos.
O cantar dos pássaros que voam no espaço
acorda o meu pensar e faz dos meus passos,
caminhos de folhas e pedras.
Os olhos da estação se enchem de emoção
ao ouvir meus pés fazerem musica
com as cores espalhadas
pelo chão, num tempo de infinita beleza
O caminho é longo e partilha com o longe
a saudade que ri no meu peito...

Leves pontos
Vejo minha imagem no espelho,
me vejo feia, bonita, singela,
fotografia  amarela esquecida pelo tempo,
sem lenço, apenas o vento cuida dos meus cabelos
já quase brancos.
Vejo minhas mãos borradas de tintas,
bordadas com leves pontos,
pergaminhos do destino nas mãos de outra cigana.
Vejo meus sonhos se desenhando nas bordas de um poema,
amarrando por dentro os juramentos de amor eterno,
feito na capela, na hora sublime do anoitecer.
Na correnteza do rio
Na correnteza do rio te mandei um poema.
Se o vento vier do norte
e o banzeiro for forte, talvez nunca o receba,
ele ficará preso entre um verso e um graveto.
Mas o meu perfume chegará até você
sempre que ao adormecer abras a tua janela
e colhas as minhas saudades.
O meu amor molha o orvalho da manhã vindoura,
guarda no teu coração o meu silencio
que é doce como um beijo
e terno como a brisa do entardecer.
Na correnteza do rio
segue até você o vazio dos meus olhos...
Cheiro de girassóis
Muitas coisas estou largando ao léu,
me desapegando...
Agora ajunto estrelas cadentes,
pedras que sonham, pétalas trazidas pelo vento,
pérolas desgrudadas do luar,
conchas perdidas do mar...
Ainda estou a caçar botões se abrindo em flor.
Quanto amor eu ainda tenho pra colecionar?
 Pra semear entre o chão e as estrelas?
Pra bordar nos meus lençóis de ternura?
Pra desenhar nos travesseiros
que ainda guardam o teu cheiro?
Cheiro de pesqueiro de girassóis...

Tempo das flores e do silêncio
Você veio do tempo das flores
Veio ao meu encontro com a sinergia das estrelas
Trouxe-me guirlandas de rosas vermelhas,
poemas partidos ao meio e laços de luas cheias.
Você viajou na distância,
chegou numa carruagem puxada pela esperança
e foi abrindo caminhos entre as folhas secas.
Parece que não gostou do tempo de sombras,
de penumbras e de silêncios
nos quais eu estendo a minha cabana.
Fique triste não, o meu chão é assim,
todo o universo cuida de mim,
mesmo que os sonhos caiam dos caramanchões
       e grudem na hora silenciosa da                                            saudade.

Pedras outonais
Pedras outonais se espalham no caminho
Nelas os sonhos deslizam, sonham,
                    as vezes tropeçam em seus devaneios
e adormecem sobre um lençol de sombras
Se cobrem com folhas que voam ao vento
e inspiram-se na solidão do silêncio.
Pedras outonais se vestem com a cor cinza
e no vão entre uma pedra e o outono
brota uma suave delicadeza.
Ao longe, bem além...
O sol tinge de amarelo tantas quimeras,
passos incertos, incesto entre pedras e folhas secas
De um velho banco acolho minha solidão
e brindo minha liberdade.

Pitada de nostalgia
O sol se vai...
Deixa a saudade rolando entre as pedras,
deixa um sonho de amor pendurado no instante crepuscular,
deixa um lenço cheiroso para secar o suor do rosto
de todo trabalhador.
O sol diz adeus...
Deixa nostalgia no olhar que se despede do dia,
deixa o horizonte manchado de cansaço,
de poesia, de alegria e de agonias
até o outro dia que ainda virá.
O sol se vai...
Deixa paneiros cheios de sonhos,
deixa namorados abraçados,
ternura de mãos entrelaçadas,
revoadas de pássaros pintando o céu.
Deixa uma onda lavando os pinceis
que hoje usou para colorir o mundo
Deixa ainda, entre os escombros,
uma muda de esperança.

               Na brandura dos sonhos
Na palidez e no colorido,
na altivez e no delírio, estou sempre contigo
até que floresçam os últimos arrozais.
Quando as cores estão brandas
e o delírio amacia o peito, não tem jeito,
saio nas ruas distribuindo mudas de luas
e sementes de girassóis.
Os arrozais não podem desaparecer
hão de ajudar a florescer também os milharais,
os açaizais e os cristais paridos dos sonhos
Na palidez e no colorido, na distância doída,
hei sempre de te amar.



Um ser feliz
Amarela aqui,
fica azul ali, verdeja mais adiante,
tudo cinza por um instante...
Ele chega fazendo dobras entre as cores,
e curvas entre os amores adormecidos.
Que gostoso te sentir,
que belo ver cair uma poesia 
pertinho dos meus pés. 
E lá vem ele novamente
com seu andar macio, parece cria no cio,
sempre deixa um assovio e uma meiga caricia
Não é gente, mas, quando passa tudo farfalha,
tudo dança  no cair da tarde.

Minha borboleta
Uma borboleta pousa nos meus olhos,
faz festa no meu coração,
pinta minha alma com suas próprias cores,
tatua no meu corpo a sua leveza,
põe em minhas mãos o seu voo.
Uma borboleta entra nos meus olhos,
me leva no seu voo até eu pousar
no seu jardim e lá me fazer a sua flor,
o seu amor, a sua saudade...
Doce candura,
brandura de quem voa espalhando ternura
nos caminhos da vida.

Flores pra você
Eu trouxe flores pra você,
Tulipas, Helicônias, Lírios amarelos
belas e de varias cores...
Cheirosas de amores que atravessam o tempo.
 Eu trouxe um lago profundo
Trouxe um barco para nele viajar nossos sonhos
   Trouxe um bosque para pendurarmos nossos poemas.
 Eu trouxe uma saudade...
Trouxe pássaros que se alimentam de infinitos,
trouxe um rosto bonito desenhado a giz
e uma nuvem vermelha que incendeia o céu
Eu te trouxe pra mim, eu me trouxe pra ti...