Quando a noite dorme
A noite deita-se nas velas do velho barco
e docemente adormece
O orvalho molha seus cabelos escuros e densos,
o convés abriga o seu corpo serenado
e a gaivota nina o meu sono enquanto o rio dorme.
A manhã chega chuvosa, nublando a minha visão,
embaralha o tempo e a razão
e faz a água cantar na quilha do barco.
       Onde achar a bússola perdida?
A deriva é também uma direção
e o rio é a canção que o barqueiro assovia
enquanto o vento sopra.
O dia clareia mansamente, apenas as gotas de chuva
que saltam do mastro
quebram a plenitude do silêncio
A gaivota voa, vai buscar o seu ramo de liberdade.



Detalhes
Dentro de mim mora um sonho
Um arco íris
Um por do sol
Uma ilha
Um deserto
Um lugar chamado esperança.
No meu coração...
Mora o sol
A chuva
O amor
e as buscas incessantes de belos horizontes.
Mas, na minha alma peregrina
mora a solidão,
o silêncio,
um orquidário
e caminhos nascentes de girassóis.



É muito triste vê-la assim: Ferida, fragilizada, sagrada, decepada, caída no chão, mesmo assim se mostra bela, mística, eterna aos meus olhos... Vou sentir saudades de suas flores, de seu gostoso aroma, da sombra, da brisa, de sua imponência, frente a lagoa encantada.
Gratidão a você árvore querida, por todas as vezes que juntas vimos a água mudar de cor durante o entardecer, escurecer no anoitecer sobre a cantoria dos pássaros...   





Você já escutou a água assoviar, cantar, conversar com a praia e barulhar nas pedras? Se já ouviu testemunhou o Sagrado-Deus dialogando com o mundo, cantando com as sereias, festejando com as noites quase silenciosas...
Em tempos de muitos ventos é comum se escutar o canto das águas. Eu adoro caminhar em praias desertas e ouvir ao longe esse cantar. A praia do Goiabal, no município de Calçoene-Ap, é um canteiro de sons e de musicalidades. A água quando reponta fica distante das ribanceiras e o vento que sopra influenciado pelo oceano se encarrega da diversidade de vozes, acordes e cantorias em abundantes belezas.


Meu amor tem a idade do tempo
O tempo passa...
O outono chega manso e sombrio
Vejo as folhas caírem sobre o chão
O portão há tempo tombou...
                             A escada quebrou...
A lua se recolheu...
Minha carta de amor você não leu
Mas, o amor que eu te dediquei, esse, o vento
não levou, criou raízes e rejuvenesceu.
As folhas tomam a calçada,
parece casa abandonada,
mas para os meus olhos são simplesmente,
pálidas saudades...