Hoje, minha alma está assim, amarela de saudades e perfumada de ternura e amor... Boa noite para você que faz da saudade a imanência de quem ama. Paz e bem!
 

Na borda do coração

Saudade não é ausência,

saudade é o amor que caminha

pelas bordas do coração,

que abre o portão da alma

e faz chover nos meus olhos.

Sinto saudades quando

o disco da memória

toca as canções que

outrora cantamos.

Sinto saudades toda vez

que o vento traz, das flores,

o nosso perfume.

Sinto saudades quando abro

os velhos álbuns que guardo com

as nossas fotografias.

Sinto saudades de tantos

sonhos que sopramos ao vento

Saudade não é ausência,

é a permanência de quem amamos. 


Depois da chuva eu olho pela janela do tempo e contemplo o jardim que minha mana Mara plantou pra mim... Saudades... Gratidão!

E lá vem...

Chão molhado,

coração encharcado de ternura,

um pássaro voa,

cai uma folha

e a terra bebe as gotas de chuva

que chegam de mansinho.

O céu escurece,

esquece das nuances cinzas

onde o bem te vi faz o seu ninho

e chama por seus filhotes.

Meus olhos se molham de gratidão,

mansidão, leveza, delicadeza

Quanto tempo ainda

vai precisar chover para

aquecer o coração de tantos... 

 

Numa tarde de um tempo infinito, entre um pingo de chuva e um raio de sol, uma irmã de luz me ofereceu  essa singeleza. Paz e luz para você!

Rio Araguari

Eu vi a tarde,

ela vinha macia,

jogando um pouquinho de seu

dourado sobre as pedras

e as pedras banhavam

a correnteza do rio Araguari.

Ameaçava chover,

mas as garças desconhecem

os perigos das grandes aguas,

se é que tem perigo.

As pedras voavam,

as garças nadavam

e o meu olhar era uma prece.

Eu vi a tarde,

a tarde me viu e no céu

de escuras nuvens

vi dançar um poema.

Eu vi a tarde,

ela era um botão

Eu vi os amanheceres

e eles já eram flores.  


O rio Araguari está lá embaixo,  correndo inexoravelmente, entre pedras, peixes e garças. Eu sou prece, gratidão e deslumbramento...

Você já ouviu falar no Rio Jari? Que liga o Estado do Amapá ao Estado do Pará? Eis um pedacinho de suas ribanceiras...
 

 

Flores

Que singeleza! Que beleza!

A natureza encanta,

canta e quem planta

enche os olhos de ternura.

As flores brotam, desabrocham

e fazem nascer jardins

nos olhos meus.

Nesses tempos

de tantos desalentos,

as flores transbordam,

bordam a imensidão de um tempo,

tão efêmero, diáfano,

capaz de fazer brilhar

e perfumar as estrelas da alma.

Nesta manhã de domingo, ofereço esta flor para você! Que ela perfume o seu olhar, encha de ternura sua alma e aumente em você a crença de que o nosso planeta, também é um jardim. Beijos no coração!


 

Lasca de um poema

Te procurei em algum lugar do infinito,

te encontrei,

mas você sumiu entre os verso do Neruda,

te procurei, não te encontrei

e sentei nas tabuas soltas

de um velho trapiche.

Chorei...

O grande rio colocou em minhas mãos

um lenço que cheirava a jasmim,

o jasmim de nossas saudades.

Bebi a tarde que tinha o sabor

de um gostoso café.

Indo embora, o velho e encantado trapiche

me abraçou, me entregou uma lasca de sonho,

um poema feito de água

e a singeleza de um novo caminhar. 

Amo as coisas velhas! São cheias de historias e resistem ao tempo. Tem perseverança. Porque resistir aos banzeiros do rio Amazonas só sendo persistente. Esse é o porto onde meu irmão Clodoaldo ancora os seus sonhos.
 

Rabiscos do tempo

Pensei te encontrar no banco de pedras

Lembra quando você,

nelas se encantou?

Te encontrei nas cordas do violão,

no texto que rabiscamos juntos,

nos sonhos derramados

em meio à multidão.

Achei também,

a nossa velha sacola onde

guardávamos as sementes de paz,

as sementes de amor.

Quando quiseres me encontrar,

vou estar nos vinte poemas de amor

e uma canção desesperada, de Neruda.

Vai lá, o horizonte é nossa casa... 


Em um lugar onde a natureza fala ao coração. Onde a mente dorme e os olhos falam o que a alma sente. Gratidão à Gaia!! onde você estiver receba o meu carinhoso abraço! 

Meus faróis

Esqueci o silencio dentro de mim,

sofri, plantei outro tempo,

também de sofrimento

e sem poesia.

Pisei no capim,

despetalei sagradas pétalas,

soprei para longe

o morno vento,

toquei fogo nas madrugadas,

joguei tempestade nos entardeceres

e ervas daninhas nos jardins.

Escutei o sabiá cantar pra mim,

era madrugada,

pintei meus sonhos de esperança,

abracei o travesseiro da paz.

O vento tocou minhas mãos,

cuidei dos jardins de flores

e de carnes, jardineira, detive 

as primaveras, 

gentilezas e utopias voltaram

a florir meus sonhos.

Escolhi não apagar os meus faróis... 

Penso que essa mão é de minha amiga Fernanda. Ela é um ser de gentilezas. Também nós somos gentis e amorosos. Noite de Paz para você!
 

 

E o vento

O vento bate no poema do tempo,

uma prece aquece o que há de vir

e no meu peito renasce

todas as saudades.

Saudades da lua,

saudades do sol,

saudades da chuva,

saudades da curva da estrada

que marcou o nosso tempo.

O vento de dezembro traz esperança,

andanças e infinita luz.

O vento, o tempo deixam marcas,

pegadas nos caminhos,

sino, templo distante

e ainda tem ciranda que movem

os passos meus.

E o vento enxuga uma lagrima...

Aparando a brisa do rio Amazonas... Paz e bem a você que também colhe brisas...
 

Ousadia e candura

Um velho castelo, um lago,

um céu de sóis e luas,

uma deusa entranhada numa montanha,

distante de meus olhos

como um horizonte perdido entre sonhos e solidão.

Solidão cheia de primaveras medra

entre musgos, cantos de rouxinóis

e pingos de vida que tecem a linda Teia.

Carretéis voam em auroras radiantes de ternura

Onde está o medo? convive entre rosas, ousadia e candura. 

Boa noite, queridas e queridos! Se não fosse a fumaça, diria que é uma linda foto, lá do Vale do Jari. Minha irmã Mara, quem fotografou. Paz e bem neste entardecer!


 

Um brinde aos outubros

Eu espero a chegada

de algum outubro como a mãe

que espera a volta do filho amado,

como o jardineiro que espera

seu jardim florir,

como o vigia espera o amanhecer,

e como o tempo espera a aurora raiar.

Nos outubros,

as luzes começam a brilhar,

há o anunciar da chegada do amor,

há romarias e cirandas de crianças

que não perderam o desejo de sorrir.

Ainda há flores pelos chãos,

ainda há doçura nos corações,

ainda há sonhos embalando multidões.

Brindemos os outubros! 


 Numa tarde qualquer, na orla de minha Macapá... Paz e bem para você que aprecia o entardecer!

 

Ventos de setembro

Ventos de setembro juntando

o que foi ficando pelos caminhos,

revoada de borboletas

coloridas, vestidas

de amarelos, azuis, verdes,

cinzas, belas, aquarelas, infinita cor.

Voavam ao vento

se agarrando num colar de estrelas

ou quem sabe,

num, fio de horizonte.

Algumas pousavam no andaime

do tempo e ficavam,

parecia que esperando

a volta do silencio,

trazendo as ousadas irmãs

que se deixaram levar por

tantos outros ventos.

Passou a ventania de setembro

e ficou um tempo de saudades...

Gratidão a tudo que se move e é sagrado! Gratidão a cada fio dessa imensa teia da Vida! Gratidão a minha ancestralidade e a minha descendência! Gratidão...
 

Nove de julho

Que a gratidão seja o meu momento,

o meu tempo

e a minha eternidade.

Que a gratidão seja a minha travessia,

a minha alegria

e minha chegada.

Que a gratidão seja o meu sonho,

o meu prumo,

e minha realidade.

Que a gratidão seja o meu caminhar,

o meu respirar

e minhas saudades.

Que a gratidão seja a redenção

de minha santidade

e de meus doces pecados.

Gratidão a vastidão da Vida. 

 

Gratidão, Mirlene Rodrigues, pela bela imagem da lua azul! Paz e bem a todxs que passeiam neste espaço feito de palavras e poéticos sentimentos.

Lua azul

A lua azul toda faceira,

vedou os olhos do São Jose

e fez amor com o rio Amazonas.

Feiticeira que é encantou a palmeira,

beijou seus viajantes enamorados

e semeou luz aos navios

e aos pequenos barcos.

Lua, linda lua, por que não pousaste

nos meus olhos?

Por que acordaste em mim a saudade?

Era outro mundo, era outro cais,

era um cair de tarde

Não tinha retrato sem moldura

e nem poema sem passado.

Lua azul, lua vermelha,

tinge esse grito calado,

cala o silêncio falado

e planta amor no duro asfalto do tempo.



 Eu escolho a simplicidade complexa e bela. Por isso amo plantas. O encanto de cada botão que se abre aquece o meu coração e derrama poesia nos meus dias, de sol e de chuva. Beijos no seu coração que também vai apreciar esta beleza da natureza.

 

O cheiro da flor

Sonhei com você

Vi você em meio à multidão

Tive medo, encontrei o passado,

foi um rápido toque de mãos

que quebrou o silêncio, tocou no cálice

e o vinho foi ao chão.

O distante estava perto

e perto é muito longe

O tempo passou mas

o cheiro da flor não envelheceu.

Entardeceu para nós,

amanheceu para a saudade

Cochilei, sonhei outro sonho,

nesse eu te abracei

como o vento que acolhe a folha

que segue a incerteza de seu voo.

A lua resplandeceu

e nas minhas mãos

ficou apenas a cor de teus olhos sem cor.


 Numa tarde qualquer, sentei à sombra dos açaizais e esperei o voo dos guarás... Paz e bem à você que passeia nas minhas plavras... Gratidão!


A volta das borboletas

Nunca tive dono

e nem fui dona de ninguém

Ousadia não me faltou

e diante do céu azul eu já dancei

todas as cirandas.

Nasci numa manhã de julho,

chorei num mês de agosto,

gratidão ao agosto que me fez

costurar todas as saudades.

Hoje, me acostumei,

a cutucar luas, namorar as estrelas,

recolher gotinhas de orvalho,

abrir portões

e esperar que as borboletas voltem... 


Uma escada a mais, rumo a minha reconexão com a natureza, com o universo, com a espiritualidade de luz...Noite abençoada, meus amigos de perto e de longe!

Rebeldia

Quiseram  calar meu sonhos,

apagar os meus faróis,

quebrar os meus cristais,

escurecer minhas noites,

trasmudar minhas auroras,

sujar meus oceanos,

despoetisar a poesia.

Mas a Vida não obedece ordens,

sonhos são ventos,

faróis iluminam, 

cristais são gotas de orvalho,

noites e amanheceres são dádivas,

o mar é magia e a poesia é plenitude.

A esperança é transgressão,

a utopia é comunhão,

 a saudade me toma pelas mãos

e tudo amanhece outra vez.

Sagradas são as mãos de meus queridos amigos, Charles e Fernanda, porque cultivam belezas. Plantar é embelezar o olhar, é reencantar vidas! Um feliz final de semana para você que sempre visita esse meu ninho.
 

Cultivando vidas

Cuide bem de você

Cuide com amor de quem está

ao seu redor

Cuide de seus quintais,

cuide dos seus animais.

Escute música, cante, seja música,

encha o seu nicho ecológico

de suave sonoridade,

leia romances, seja romântica,

leia poesia, seja a poesia,

espalhe luz por onde passar

Nos somos de luz.

Eu danço contigo,

canto, cultivo meus jardins,

planto rosas, orquídeas,

helicônias, girassóis...

Sempre sonhei ser parteira,

por isso faço nascer sonhos,

belezas, fantasias, cirandas...

Nossas mãos se fazem sagradas,

sempre que plantamos,

que ousamos acreditar no inacabado,

Sempre que reinventamos

e recriamos nossos passos,

num caminho bonito e revelado. 


Boa noite amigx de luz! Da beira do rio Pedreira, para você que habita qualquer lugar, entre o céu e terra. O açaizeiro lhe  abençoa e o entardecer enche os seus olhos de paz...

 

De amores e de tempo

Hoje, o amanhecer amanheceu sozinho,

sem sol, sem nuvens,

sem réstia de noite,

sem cheiro de café.

Até os lençóis se rasgaram

por tanta solidão,

mas não é que de repente,

o hoje avistou um fiozinho

de lua, no horizonte!

Depois a lua apareceu, o sol surgiu

e um pássaro gigante, rasgou as nuvens

e o amanhecer viu o seu amor, descendo

numa folha que,

carinhosamente, caiu do céu.

São assim, os amanheceres,

como as folhas dos buritis,

como os amores perdidos no tempo...

As flores, hoje, acordaram bonitas, abençoadas pelo sol da manhã e sigilosas com os segredos da madrugada. São as flores anunciando um novo tempo...
 

 

Pensar com os olhos

Fechei a porta do pensamento

Abri a porta dos meus olhos

Pensar cansa os meus cristais,

as vezes afasta o que é belo,

conduz a um tempo

sem cobertor, sem cor e sem quimera,

sem o pulsar de um abraço apertado.

Muito já pensei,

muito me afastei do meu

reverberar poesia.

Quando abri meus olhos,

vi um rouxinol azul,

um arco íris pintado de gente

e a urgência de criar poetas.


Lembranças do encontro com as irmãs que tanto amo, gratidão... Nesta tarde que já se vai, deixo aqui o meu carinho a você que por aqui passeia. todas as nuances deste entardecer, para você que, carrega no peito, as dores, os amores e saudades...

 

Incertos passos

Meus ouvidos são tocados

por uma voz que vem de longe,

bem de longe

É uma música tocada pelas marés

É o canto das aguas,

é o cantar dos sonhos...

Não sei se vem do mar,

não sei se vem dos rios,

mas é um cantar que me chama

para a magia de amar.

Meus cabelos são acarinhados

pelo vento, soprado de algum lugar,

lá de onde os pássaros cantam,

as flores balançam

e o meu olhar se veste de saudades.

Ando na rua, mas parece que

a rua é mar, tudo dança,

até a solidão do meu caminhar.


Uma guirlanda clicando as nuances do infindo horizonte... Onde está a tarde? Onde está você? por que me disse que voltava e não voltou? A cada entardecer fico de alguma varanda a esperar você, que há de vir num turbilhão de sonhos...

De amor e de horizontes

Hoje, eu deixo uma rosa

na borda do silêncio,

um sopro nas linhas do entardecer,

um amém para a oração 

que sai do coração de quem

crer em sonhos e utopia.

Hoje, um raio cortou o céu,

acendeu na noite, estrelas e vendavais,

costurou o medo que machuca o meu peito,

quando no céu se acendem os cristais. 

O hoje já não é hoje,

Mas, um tom cinza que resolveu

seguir uma nuvem sem cor,

feita de dor, de amor e de horizontes. 

Gaia sagrada, respira o silêncio da tarde! Abençoa xs caminhantes! Bebe o perfume de tuas flores! Te embeleza da magia de ser o espírito da Terra... Abençoada noite para você!