Divagações...

O humano criou a aidéia de tempo Krono. Mas há um outro tempo. Um tempo que consagra a Vida num doce mistério!

Hoje, com o primeiro cantar dos pássaros olhei para o firmamento e fui presenteada por um amanhecer que ainda se fazia dia, estava sonolento e com frio. Parece que se assustou com os meus passos e logo já estava acordando, abrindo a janela do mundo iluminando a Vida com os seus raios dourados e logo convidou-me para saborear um gostoso café.

Estamos quase no fim de mais um ano Krono, ja começam os preparativos para a festa da virada. Aproveito do café com o amanhecer para conversar com Deus. Hoje eu já não tenho mais medo Dele. Conversamos como velhos amigos que na verdade somos. Depois de vários elogios e puxões de orelhas, eu confessei a Ele as minhas dúvidas-fé-dores e amores. Ele olhou-me no fundo dos meus olhos e o seu abraço teve o calor do afago de um pai, a ternura do colo de uma mãe e o conforto do dengo dos/as avós.

Parei de buscar Deus nos templos ricos e bonitos, parece que lá Ele está sempre morto. Hoje, com Ele caminho nas praças, nas margens dos rios, nas ruas, nos corredores das escolas, nas periferias da cidade, nos verdes quintais... Vejo seu rosto nas flores, nos amanheceres, no por do sol, no rio Amazonas, nas montanhas, nos pássaros, nos corais, no sorrir das crianças, nas mulheres que fazem canteiros e jardins, mesmo morando em pontes, nas mãos calejadas que cavam o sustento de suas famílias, no pensar que faz nascer um mundo solidário, na poesia que faz o coração sonhar...

Eu vejo Deus na dor, no Amor cuidante, na doce ternura das manjedouras-Natureza!

Que 2012 seja um ano de religação da mística Divina com o caminhar dos homens e das mulheres que fazem a roda da história girar! Que seja um ano com muitos frutos, com trigais-sementes, com grávidas rosas orvalhadas plenas de amor!

Feliz 2012!!!


Beijos e gratidão
Para você que durante este ano por aqui andou, comentou, sentou comigo neste velho balanço e ficou cutucando estrelas nas noites claras de verão; que durante o inverno ficou aparando gotas de chuva; que quando triste sentou no banco da praça, me deu colo e colo recebeu e aí repousamos os nossos cansaços... A você o meu terno carinho, a minha eterna gratidão neste partilhar de Vidas!
E assim sendo, continuo esperando por você nesse Novo Ano. Nas mãos tenho um ramalhete de orquídeas amarelas e no coração um doce Amor criança.
Te espero, para juntos dançarmos cirandas, pescar luas, cultivar jardins, possibilitar “vagabundagens”... Te espero!

O brotar de outros natais
Hoje, levantei cedinho. O chão ainda estava molhado pela chuva da madrugada. Algumas gotinhas ainda pendurada estavam no varal do quintal de casa. Alarguei o olhar para o horizonte e vi o natal chegando numa carruagem de lindas cores que brincavam no céu, também no sol que derramava focos de luz por entre escuras nuvens como se desvirginasse a lembrança de uma noite chuvosa.
Além dos muros, tudo parece igual. As mesmas casas, umas bem construidas, pintura nova. Outras, já corroídas pelo tempo, pintura manchada, cercas caindo. Na rua, as pessoas passam, algumas apressadas, arrastando crianças que não conseguem acompanhar os passos, outras caminham lentamente e parecem admirar as belas casas da rua, todas adornadas, na espera do natal.
Sento para escrever e alguém bate na porta, uma jovem mãe pede brinquedos para seus dois filhinhos que até agora nada ganharam. Depois de atender a moça, pensei em armar a árvore de natal, mas estou sem motivação. As árvores, hoje, são muito artificiais. Lembrei de minha mãe! Da alegria que era montar nossa simples árvore, com enfeites construidos pelas nossas mãos...
Mas é natal! Busco dentro de mim a manjedoura. O nascer de uma nova vida. A esperança do amor ser a razão do meu viver! É com tristeza que percebo o desrrumo do significado do natal!
No entanto, ainda há tempo de nos recriarmos! De reflorecer o jardim que é o nosso coração! De no lugar de divisão, multiplicação e adição, para alguns-algumas, fortalecermos a partilha entre irmãos e irmãs, numa única mesa.
Que este natal tenha a doçura da compaixão e a presença de Deus no nosso meio! Que na mesa haja pão, alegria, paz, saúde, luz, comunhão e que o Grande Amor brote de nossas essências-coração-alma-projetos de VIDA! Feliz natal, para você que eu muito amo!
Com Amor e ternura... Deusa

O tempo do coração
O relogio conta o tempo chamado saudade
Que arde, incendeia a chama no coração que não sabe
A noite é um labirinto por onde passeia a liberdade
que outro dia se pintou de ternura
e na doce intimidade
virou solidão e silêncio.
O tempo abraçou o cansaço
e pintou de abraços
todos os meus sonhos.
O tempo pensa e se atropela nos devaneios,
escreve com emoção, linhas e teias,
troca o cinza pelo lilás-vermelho,
e mancha a minha pele
que já não sabe contar a idade.
Neste ser e não ser,
a razão pensa que sabe,
mas é o coração que ler os horizontes.

Deusa do rio
Sento na pedra que mora na beira do rio
A maresia acaricia meus pés feridos
Ponho-me a escrever poesia nas águas
Minhas não rimas caminham
pela praia sem rumo e sem destino.
As pedras me tomam pela mão
e vagueiam comigo sem direção.
Meu canto trás as sereias
que murmuram a canção do mar
Descalça na areia saio catando conchas,
oferendas para Iemanjá,
que solidária com a minha dor
devolve o meu amor
mas este já virou ondas.
Então, me faço barco com vela
e do alto de meu navegar
Vejo as algas a namorar
Magia que me faz criar asas.
Deixo o casulo
Assovio uma canção
E faço-me eternidade.
Que o seu adormecer tenha a ternura das flores!
O perfume dos jasmins!
A serenidade das noites estreladas!
Boa noite!
Um beijo carinhoso!
Você já viu como a lua está bela? Olhe!
Acabei de apreciá-la! Ela sempre me emociona, me faz imaginar lindezas, me tras saudades!
Sentimentos indecifráveis marcam as badaladas do coração! O que pensa neste momento o pescador de luas? Pra qual direção ele joga a rede?

Chuva de Amor
Chove flores sobre a terra!
Flocos de algodão doce
caem nas mãos de quem ainda é criança!
Pétalas azuis, branca, amarelas, vermelhas,
apagam as marcas do silêncio
que outro dia eu escrevi no muro!
No muro da saudade,
dos cravos e das orquídeas
Muro da esperança...
Chove chuva de amor
Seca o pranto
Renasce a flor
Floresce a ternura
Os caminhos se bordam de carinhos,
saem se curvando diante do amanhã
que chega dourado
abrindo os braços para apertados abraços
que já não sabem soltar os laços
e viram eternidade...