Era uma tarde
Era tarde de um julho, ensolarada,
linda tarde!
Um convite para apreciar a imensidão do nada,
um nada azul violeta.
Naquele trapiche feito de silencio
eu vi o mar murmurando,
a brisa cantando
e as gaivotas circulando os meus sonhos.
Você se foi sem nunca ter chegado,
sem nunca ter tocado os meus cabelos
molhados de saudades.
A tarde chega sorrindo e eu aqui
bordando o mistério crepuscular.
Era uma tarde de julho...
Sabe quando a tarde vai lentamente desaparecendo no horizonte? O coração se enche de um sentimento que nem sei descrever, mas sei que a alma se encharca de belezas e saudades... e quando isso acontece procuro o meu refugio, meu lindo rio. Nós nos entendemos no silêncio...
Depois do jardim
Teus olhos escureceram,
teu brilho se recolheu,
no apogeu do dia uma gota de chuva
se pendura no varal de teu pensamento.
A gaivota sumiu
entre os infinitos singelos,
na janela vazia surge o Crisântemo azul
e depois do jardim
a perenidade se bebe
no bico da beija flor.
Teus olhos claros escuros me sorriem
pela fresta do tempo... 
Veja como cresce minhas orquídeas! Todos os dias converso com elas e elas respondem se mostrando mais belas...Não sei se elas compreendem as palavras que falo, mas sei que sentem o meu toque, os meus gestos de ternura... Bom dia amigxs de perto e de longe!
Tempo de delicadeza
E o verso nasceu entre uma gota
e outra de orvalho,
entre a asa e o gosto de voar,
entre a brisa e o aquecer do girassol,
entre a palidez da chuva
e as vivas cores do arco íris.
De verso em verso brotou um poema
e eu o pousei no varal molhado de solidão,
bem pra além da minha janela.
Do poema eu fiz um canto,
uma jura de amor,
um tempo de delicadezas
e emoldurei na parede de meus sonhos.
Quando tudo pede um pouco mais de calma, vêm os netos e serenizam a minha existência! Eu e meu companheiro temos hoje, como missão,brincar com nossos netos...
     Entre galhos
Balança sozinha
a sua beleza feita de brisa,
bebe de sua solidão e na imensidão colorida
da tarde exibe ao tempo
suas pétalas amarelas de saudade.
Balança a sua solidão,
exibe ao infinito seus bonitos botões
respingado de orvalho,
por entre galhos de outras gerações.
Bendito sabiá que não para de cantar
a sinfonia de outra história
Bendito beija flor que espalha amor
pelo imenso espaço, como astro beijador
sabe que toda flor guarda em si um novo desabrochar,
um outro jardim
e benévolas borboletas a voar...
Ha tempo eu venho aprendendo que não existe certeza. Que as coisas podem não ser do jeito que olhamos. Que a vida é simples e complexa. Que a linearidade não nos ajuda a reinventar o mundo...
Chuvas de inverno
Chuva, chuva...
chove sonhos, sonhos que
molham o tempo que neste momento
não sei onde está.
Chove um som gostoso sobre
o telhado quebrado...
 Acordo ouvindo as memórias
do passado, viro para o lado
 e vejo corpos pequeninos enrolados
em velhos e macios lençóis.
Chuva lava os meus olhos
Que já não suportam tamanha saudade.
Ha momentos de pureza inesquecíveis... São os instantes que deixamos que Deus penetre nossa alma e nos transforme em seres mais humildes, em seres que se deixam cativar pela grandeza de ser apenas mais um fio na imensa Teia da Vida...
Um olhar de gratidão
Graças a Deus...
 Que hoje o sol reapareceu,
bebeu o orvalho frio,
aqueceu os lírios floridos, enxugou
o pranto dos campos molhados de dor.
Graças a Deus que ontem choveu,
molhando as margaridas franzidas
de espera, de ouras quimera
e de ousadas esperanças.
Graças a Deus pela chuva que caiu,
pelo girassol que se abriu,
pelos pássaros que voltaram
à seus ninhos agora aquecidos, todos floridos,
feitos para o amor...
Um dia  de encontro com os meus ancestrais. A Fortaleza de São José de Macapá é a memória viva da brutalidade humana. Mas hoje é um portal sagrado da poesia. Um lugar onde repousa a minha espiritualidade...
Tudo no seu lugar
Há dança no céu,
no imenso espaço asas inquietantes
celebram todos os encontros
num dia de poucas cores.
Por onde anda o meu amor?
Virou flor em algum jardim,
virou poema num livro qualquer
na casa de Neruda
Se fez o frio que me acolhe
num velho cobertor...
Onde está o céu?
Num pontinho perdido no infinito horizonte
Bem aqui defronte de minha janela,
na rosa que outro dia coloquei na lapela
de teu surrado blusão
feito de flores e de silêncios...