Na mandala da vida
E lá se vai...
Mas um sonho transpassado de raios e mansidão,
mas um pedido de perdão voando na bolinha de sabão
soprada por uma criança.
E lá se vem...
Todos os porém de um poema inacabado,
de uma pérola encontrada no ninho
que o tempo fez.
E lá se vem, e lá se vai e novamente vem,
um tempo de paz, uma nuvem de amor,
que sara a dor, nega o desamor
e que gesta outros sonhos.

As folhas do caminho
O caminho do meu silencio
mora num tempo chamado saudades,
na infância de pés descalços,
de ribanceiras encantadas,
de estradas feitas de água, de ventanias, remos e velas.
O caminho do meu silencio é palmilhado de pétalas,
de ipês tombados, de sonhos sonhados,
de amores encontrados na beira da estrada,
de anjos a procura de suas asas.
No silêncio do meu caminho eu escuto
as folhas que caem...
Bom dia meus queridos e queridas de perto e de longe...
que a beleza deste dia encha o seu coração de paz, cure as dores dxs nossxs irmãos, atice a sua esperança, alimente os seus sonhos, afague a sua alma, transborde AMOR no mundo.
A cor deste poema
O poema que agora escrevo...
 Tem a cor dos seus olhos,
tem o sabor do horizonte que
agora está pousando na minha janela,
entre as flores amarela e um varal de orvalhos.
O poema que agora escrevo...
 Tem a delicadeza de suas mãos,
tem o som da luz do sol,
tem o barulho da chuva que se espreita
no córrego de estrelas que agora encontra o mar.
Todos os poemas que escrevo têm pedacinhos de mim,
este amor sem fim que
curam minhas mãos adormecidas.

Além dos paredões
Os paredões existem
Neles há caminhos construídos coletivamente,
                            há raízes rasgando o impossível,
há ruinas, arte e sabores que o orvalho
e os pássaros sabem como aprecia-los.
A vida forja suas esperanças
Meus olhos pousam nas raízes que andam ousadamente,
gritando sua rebeldia diante sibilos e serenas sinfonias.
O que há depois do paredão?
Grito brincante de crianças, sons de galinhas
chocando seus ovos, canto dos galos,
latido de cachorros, sons gravados na minha memória,
tal qual o sabor da amora que tem do lado de cá,
junto com os botões das flores
e o meu sagrado silencio.

Muro caído
Chuva forte, ventania,
enxurrada e agonia derrubou o muro tomado de flores lilás
Agora as flores amarelas se sobrepõem ao medo
É bonito de ver, é bonito admirar,
mas o que será que pode acontecer
quando pelas flores amarelas o medo descer,
o capim entristecer e os cacos do muro ferir os meus pés?
Espero que as flores amarelas e lilás encantem
todos os olhares e façam do medo um voo
nas asas do pássaro azul que acabou de passar
sobre os meus olhos.



O despertar do sol
O sol se levanta, o dia canta,
a nuvem dança, o botão se abre,
a rosa cansa e deixa a pétala cair no chão
e germinar outras sementes.
A chuva molha os raios dourados
Tudo fica apagado, cor de cinza, tons de tinta sem cor.
O sol se levanta, esquenta o varal,
seca a horta no quintal e estala a vara que sustenta
as açucenas e os girassóis.
O sol se levanta e encanta todos os sonhos, mostra
a distância que me une ao horizonte,
risca outra geografia, desenha outros mapas,
conta outras histórias num tempo novo
de se viver o amor.

Embriaguez dos sonhos
Cantei contigo belas canções,
sorri contigo no meio da multidão,
 na imensidão de passos  que, vem e que vão,
caminhei contigo por íngremes caminhos,
machuquei meus pés, cansei ao sol quente
e sob a poeira das infinitas estradas.
Onde estão as canções que embalaram nossa voz,
que ninaram nosso peito quando desfeitos
ficaram nossos sonhos sonhados ao luar?
 Onde se escondem os nossos sorrisos,
a nossa juventude, nossa rebeldia, a escassez
de agonia e a embriaguez dos sonhos?

Uma janela para a chuva
Chuva torrencial...
Barulho delicado sobre o telhado, bom de se escutar
Desde a noite de ontem que o céu está nublado,
o horizonte molhado
e algumas tristezas me turva o olhar.
A chuva cai, o muro caiu, a flor se abriu,
os pássaros se recolheram em algum lugar,
goteiras surgiram no meu solar
e eu não consigo desviar o olhar da solidão
que toca minhas mãos e me convida
para um sarau de poesias, chuvas e de melancolias.
E a chuva continua cair
Eu acendo luzes no meu olhar...

Entre cercas e flores
Numa estrada de terra amarela, caminho,
entre as flores, cercas e horizontes, bem defronte
avisto os montes, as colinas e outros céus
Um céu bem perto de mim com portas abertas e imensos
salões de festa com flores nas janelas a sorrir, também pra ti.
Ao longe a beleza das montanhas me chama,
mas as flores da torta estrada me arrastam gentilmente
Caminho entre as flores, procuro os meus amores
que possuem a magia dos sonhos.
A cerca de varas ampara o meu cansaço...
Sublime as mãos que plantam flores...
Pétalas e poeira são levadas pelo vento
e ficam penduras entre as varas,
as nuvens e o teu rosto amado.