Meu amor tem a idade do tempo

Meu amor tem a idade do tempo O tempo passa... O outono chega manso e sombrio Vejo as folhas caírem sobre o chão O portão há tempo tombou A escada quebrou A lua se recolheu Minha carta de amor você não leu Mas, o amor que eu te dediquei, esse, o vento não levou, criou raízes e rejuvenesceu. As folhas tomam a calçada, parece casa abandonada, mas para os meus olhos são simplesmente, pálidas saudades...

VIVES EM MIM

Ainda sinto o teu cheiro, tua pele se escorrega pelos meus sentidos, teu suor gruda em minhas células e a madrugada serenada ainda enrola-se em meus lençóis. Estendo as mãos para te tocar, mas só o amor te pode alcançar, então me faço flor e minhas pétalas voam ao teu encontro.

QUANDO A NOITE DORME

A noite deita-se nas velas do velho barco. e docemente adormece. O orvalho molha seus cabelos escuros e densos, o convés abriga o seu corpo serenado e a gaivota nina o meu sono enquanto o rio dorme. A manhã chega chuvosa, nublando a minha visão, embaralha o tempo e a razão e faz a água cantar na quilha do barco. Onde achar a bússola perdida? A deriva é também uma direção e o rio é a canção que o barqueiro assovia enquanto o vento sopra. O dia clareia mansamente, apenas as gotas de chuva que saltam do mastro quebram a plenitude do silêncio a gaivota voa, vai buscar a sua réstia de liberdade.
Você sabia que aqui no Brasil existe uma cidade toda construida sobre as águas? Essa cidade é Afuá, município do Estado do Pará, a chamada "Veneza Marajuara" É linda, bem organizada, limpa, cuidada por seus filhos e filhas. Nas ruas, na verdade pontes é proibido o trafego de carros e motos, apenas bicicletas-bicitaxis transportam moradores e turistas. Para quem ama a beleza simpes...
A vida é tão cheia de plenitudes que para qualquer lado que se olhe há encantamento. Se eu olho para o céu, as nuvens caem em minhas mãos, o azul deita-se pela minha alma e vira horizontes, se chove fico na varanda sentindo os seus respingos e deixo que as gotas lavem minhas células e meu coração do mesmo jeito que lava a vala e o asfalto de todo esse silêncio que é a rua nesta tarde de chuvas. Quando noite, a lua grávida se aconchega no meu ventre e encanta as minhas entranhas e a minha feminilidade. As estrelas fazem do espaço celeste um esplendoroso salão de festas, ilumina as meias noites e por vezes se soltam das constelações e candetemente pousam no fundo dos rios de doces águas...