Boa tarde queridos e queridas, deixo uma flor pra você! Que ela embeleze  seu caminho, perfume sua alma e lhe faça lembrar que, você é um jardim dentro de um jardim maior. Paz e bem!

 

Uma flor

Meu deserto é feito de pedras

Meu deserto é feito de carne,

vive em minhas entranhas,

me cala, me fala,

me sangra,

por isso é sagrado.

Sempre que posso

deixo uma flor em meu interior,

solto ao vento o meu silêncio,

se ainda sangrar,

costuro nas cicatrizes,

beijos, versos e saudades.

Moro em desertos

com janelas para o horizonte.

O rio que anda por dentro de mim é sereno e agitado, é belo e mal cuidado, tem pedras, areias e altar para sereias e sonhos. O rio que me veste de águas se borda de lirismo e é pura poesia...
 

De novo, novo

A dor da dor é saber

que a dor passa,

que as cicatrizes saram,

que as lagrimas viram pérolas

e que as estrelas pousam nos olhos,

outrora cheios de dor.

O sabor do amor

é saber que o amor salva,

que faz florir velhos jardins,

que transforma abrigo

em ninho acolhedor.

A saudade é como as águas

do rio Amazonas,

ora transborda,

ora se borda de sereno fluir,

sem tempo e ponto de chegada.

A beleza da poesia

é saber que ela é fugidia,

como o sol nas manhas de abril.


Os sonhos são assim, se sonhados no silêncio de um é apenas um sonho, se sonhado juntos, vira muros de belezas, transformação.
 

Num dia desses

 Visto de luz todas as minhas saudades, 

pinto de agua as minhas tristezas, 

envio para a lua, os sonhos que

sonho nos meus travesseiros

e os sonhos sonhados no coletivo

eu sopro ao vento

Quando sonho junto com outras

e outros revivo as todas as utopias.

Visto de mistérios minhas fantasias,

de divindade minhas verdades,

de esperança os pés de quem abre caminhos

em meio a historia em construção.

Assim abro o meu coração

e costuro os meus retalhos

que foram deixados sob a colcha do tempo.

Hoje, minha alma está assim, amarela de saudades e perfumada de ternura e amor... Boa noite para você que faz da saudade a imanência de quem ama. Paz e bem!
 

Na borda do coração

Saudade não é ausência,

saudade é o amor que caminha

pelas bordas do coração,

que abre o portão da alma

e faz chover nos meus olhos.

Sinto saudades quando

o disco da memória

toca as canções que

outrora cantamos.

Sinto saudades toda vez

que o vento traz, das flores,

o nosso perfume.

Sinto saudades quando abro

os velhos álbuns que guardo com

as nossas fotografias.

Sinto saudades de tantos

sonhos que sopramos ao vento

Saudade não é ausência,

é a permanência de quem amamos. 


Depois da chuva eu olho pela janela do tempo e contemplo o jardim que minha mana Mara plantou pra mim... Saudades... Gratidão!

E lá vem...

Chão molhado,

coração encharcado de ternura,

um pássaro voa,

cai uma folha

e a terra bebe as gotas de chuva

que chegam de mansinho.

O céu escurece,

esquece das nuances cinzas

onde o bem te vi faz o seu ninho

e chama por seus filhotes.

Meus olhos se molham de gratidão,

mansidão, leveza, delicadeza

Quanto tempo ainda

vai precisar chover para

aquecer o coração de tantos... 

 

Numa tarde de um tempo infinito, entre um pingo de chuva e um raio de sol, uma irmã de luz me ofereceu  essa singeleza. Paz e luz para você!

Rio Araguari

Eu vi a tarde,

ela vinha macia,

jogando um pouquinho de seu

dourado sobre as pedras

e as pedras banhavam

a correnteza do rio Araguari.

Ameaçava chover,

mas as garças desconhecem

os perigos das grandes aguas,

se é que tem perigo.

As pedras voavam,

as garças nadavam

e o meu olhar era uma prece.

Eu vi a tarde,

a tarde me viu e no céu

de escuras nuvens

vi dançar um poema.

Eu vi a tarde,

ela era um botão

Eu vi os amanheceres

e eles já eram flores.  


O rio Araguari está lá embaixo,  correndo inexoravelmente, entre pedras, peixes e garças. Eu sou prece, gratidão e deslumbramento...

Você já ouviu falar no Rio Jari? Que liga o Estado do Amapá ao Estado do Pará? Eis um pedacinho de suas ribanceiras...
 

 

Flores

Que singeleza! Que beleza!

A natureza encanta,

canta e quem planta

enche os olhos de ternura.

As flores brotam, desabrocham

e fazem nascer jardins

nos olhos meus.

Nesses tempos

de tantos desalentos,

as flores transbordam,

bordam a imensidão de um tempo,

tão efêmero, diáfano,

capaz de fazer brilhar

e perfumar as estrelas da alma.

Nesta manhã de domingo, ofereço esta flor para você! Que ela perfume o seu olhar, encha de ternura sua alma e aumente em você a crença de que o nosso planeta, também é um jardim. Beijos no coração!


 

Lasca de um poema

Te procurei em algum lugar do infinito,

te encontrei,

mas você sumiu entre os verso do Neruda,

te procurei, não te encontrei

e sentei nas tabuas soltas

de um velho trapiche.

Chorei...

O grande rio colocou em minhas mãos

um lenço que cheirava a jasmim,

o jasmim de nossas saudades.

Bebi a tarde que tinha o sabor

de um gostoso café.

Indo embora, o velho e encantado trapiche

me abraçou, me entregou uma lasca de sonho,

um poema feito de água

e a singeleza de um novo caminhar. 

Amo as coisas velhas! São cheias de historias e resistem ao tempo. Tem perseverança. Porque resistir aos banzeiros do rio Amazonas só sendo persistente. Esse é o porto onde meu irmão Clodoaldo ancora os seus sonhos.
 

Rabiscos do tempo

Pensei te encontrar no banco de pedras

Lembra quando você,

nelas se encantou?

Te encontrei nas cordas do violão,

no texto que rabiscamos juntos,

nos sonhos derramados

em meio à multidão.

Achei também,

a nossa velha sacola onde

guardávamos as sementes de paz,

as sementes de amor.

Quando quiseres me encontrar,

vou estar nos vinte poemas de amor

e uma canção desesperada, de Neruda.

Vai lá, o horizonte é nossa casa... 


Em um lugar onde a natureza fala ao coração. Onde a mente dorme e os olhos falam o que a alma sente. Gratidão à Gaia!! onde você estiver receba o meu carinhoso abraço! 

Meus faróis

Esqueci o silencio dentro de mim,

sofri, plantei outro tempo,

também de sofrimento

e sem poesia.

Pisei no capim,

despetalei sagradas pétalas,

soprei para longe

o morno vento,

toquei fogo nas madrugadas,

joguei tempestade nos entardeceres

e ervas daninhas nos jardins.

Escutei o sabiá cantar pra mim,

era madrugada,

pintei meus sonhos de esperança,

abracei o travesseiro da paz.

O vento tocou minhas mãos,

cuidei dos jardins de flores

e de carnes, jardineira, detive 

as primaveras, 

gentilezas e utopias voltaram

a florir meus sonhos.

Escolhi não apagar os meus faróis... 

Penso que essa mão é de minha amiga Fernanda. Ela é um ser de gentilezas. Também nós somos gentis e amorosos. Noite de Paz para você!