Brincando com o silêncio
Hoje, bem cedinho, o silencio me abraçou,
afagou meus cabelos, beijou meu rosto,
colocou o seu polegar sobre os meus lábios,
dizendo para eu, ainda não acordar
Fez do meu coração a sua eterna moldura.
O silencio parou o vento,
calou a cidade, aproximou o infinito,
brincou com o laço de amor pendurado na varanda,
só não pode silenciar o cantar dos passarinhos,
o barulho do jambo caindo na calçada
e a flor de exalar o seu perfume e sua delicadeza.
O silencio habita nos seus olhos de lua...

Incandescer de amor
A cachoeira cantou a noite inteira,
as pedras se amaram em silencio,
 depois rolaram pelo leito do rio
e chegaram até as estrelas.
A solidão viu nascer a sua companheira,
 filha da cachoeira, amante dos musgos,
 das algas e das tardes solitárias.
A cachoeira cantou e os homens não escutaram,
Barulharam o silêncio e assustaram Gaia,
 o espírito amoroso e terno da terra.
As águas cantam e minha alma incandesce de amor... 




Querido Rubem Alves, o crepúsculo chegou num dia em que eu não estava por perto. Que pena!
Ontem deixei cair uma lágrima, mas agora só os sorrisos afloram em sua homenagem. Que tudo esteja sendo um tempo de belezas, de acolhimento, de poesia, de encantamento...
Muito de você continua em mim e em muitas outras pessoas que amam ser educadoras, que amam a liberdade de sonhar, de voar, de criar, de brincar como crianças...
Sinto você entre as flores silvestres, entre grãos de areia e entre pássaros encantados. Vejo você acendendo luas, plantando ipês amarelos, escrevendo em caracóis, escutando musica... Quanto mistério!
A minha gratidão por todos esses anos de aprendizado, por tamanha ternura. Você me ensinou a amar as palavras, a emocioná-las, a construir ferramentas, a criar brinquedos, a transformar gaiolas em asas, a amar a VIDA!
Continuo, em sua homenagem, procurando companheirxs que queiram comigo construir balanços e plantar jardins...



Nove de julho é um dia que me acalma, que me silencia, que me abraça. Que me faz contemplar tudo que se apresenta diante dos meus olhos – a vida! E é esta Vida que, me faz ter imensa alegria de olhar para traz e ainda ver minhas contradições e incompletudes, tão presentes, tão hoje.
Mas um caminho cheio de bonitezas se abre ao toque dos meus pés e hoje tenho serenidade para acolher as belezuras falantes, o silêncio repousante que tão bem me faz, e até a tristeza que às vezes se deita no meu colo e borda com lágrimas o meu sorriso.
Gratidão pelo carinho que hoje recebo da minha família mais próxima, da minha família planetária, constituída pelxs amigxs de perto e de longe, pelas flores, pela água, pelos pássaros... Vocês são ninhos e pérolas em minha Vida! Abraço cada um e cada uma com amor e ternura, agradecendo por todos esses anos de convivência amorosa...


Tempo bom
Chegou um tempo novo,
sem hora marcada, sem sala riscada, 
sem cadernos borrados,
manchado de algo qualquer
Agora é hora do corpo se movimentar,
pés descalços andarilhar, enquanto a pele 
se queima ao sol.
Os olhos não olham para o chão,
buscam a imensidão das alturas para descair  suas linhas cortantes,
com cores vibrantes que tremulam nos céus.
E o vento leva, e o vento traz,
mãos ágeis fazem subir, mãos inocentes fazem cair
e assim, no vazio do horizonte se avista
uma coleção de brinquedos esvoaçantes...