Entre trigos e milharais
No campo todo verde plantado de esperança, o sol, a chuva, o orvalho da madrugada e as estrelas das noites de julho cuidam das borboletas que fazem festa entre trigos e milharais.
Um plantador, entre tantos outros, nem sente o sol escaldante queimar sua pele. Ele sorri ao olhar para as mãos que seguram as sementes. Seus velhos sapatos feitos de brisa dançam entre o sol,  o sonho e o desejo de ver os campos floridos, tombados de liberdades.
Quem semeia sabe que as sementes semeadas podem ser levadas pelo vento, germinadas em outro chão, no chão do coração, da alma, no chão casa de outros  irmãos e irmãs, portanto, seu chão também.
E nesta dimensão infinita dos campos verdeados, um ser feminino veste saia de chita florida, poliniza as pequenas flores silvestres, adoça a terra, como se esta fosse a criança que carrega no ventre.
Gente semeante e suas semeaduras carregam na alma a eternidade das sementes que fazem florescer o belo da vida, de bem querer, de bem viver coletivamente nos campos verdes, onde nascem as auroras de um amanhã que se recria no hoje, no plantador que dança, no feminino que gesta o amor e cuida dos ninhos da beija flor enquanto cresce os arrozais. 

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