Sou filha destas densas matas Sagradas, tocadas por meus pés delicadamente. Sou filha das ilhas, meu cheiro lembra o mato molhado, meus olhos, os olhos do japiim
e meus cabelos, o cipó das margens e a flor do buriti.
Sou neta das águas, das velas e da ventania, sou toda alegria nas noites de calmaria,
nas manhãs de chuva sou puro silêncio.
Sou mãe das repontas e das preamar, alimento os mururés,os jacarés, as borboletas e as estrelas que cobrem o rio Amazonas. 
Minhas unhas têm a cor da terra e minha voz o som das marés que quebram nas ribanceiras, nas tardes de setembro.
No outono procuro as noites de luas, na primavera volto pra tapera e nos velhos trapiches sou toda espera, a esperar por ti, meu Bem Ti Vi, pássaro cantador das ribanceiras dos rios, rios do Amor. Rios das Saudades...

Nenhum comentário:

Postar um comentário