Remansos e correntezas
O vento sopra, o galho balança e como numa dança deixa que a semente cumpra o seu destino que é o de, voltar pra terra, germinar, reflorescer, gestar o ciclo continuo da vida.
As sementes que caem na terra, já caem no leito sagrado e fecundante, mas tem sementes que levadas pelo vento caem nos rios e são levadas pela correnteza. Poucas seguem o fluxo ininterrupto dos rios, a maioria vão se juntando pelas margens, criam uma enigmática proteção. As vezes encalham nas ramagens aquáticas e por lá ficam, até que uma grande ventania as arrastem até ao meio intempestivo das águas ou que o tempo as transforme novamente em adubo.
Eu amos as margens dos rios...Quando eu era criança tinha imenso  prazer de catar sementes trazidas pelas águas, elas eram os meus brinquedos. Mas também observava as sementes que seguiam as correntezas dos rios e quão difícil era deter uma delas. Por que, apenas algumas sementes seguem o fluxo veloz das águas? Observo, também que por serem poucas, quase sempre seguem sozinhas. Sozinhas? Não. Elas tem todo o universo com elas. Mas, eu estou falando de sementes... O que será que a natureza me diz através desta observação?
E as sementes que se juntam nas margens, como se essas fossem a sua proteção? O seu ninho? Ou é o se juntar que é a verdadeira proteção? Será que elas, ainda servem como brinquedos para alguma deusa? As que seguiram a correnteza podemos afirmar que vão conhecer o mar? Qual dessas sementes eu gosto de ser? Posso ser as duas ao mesmo tempo?

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