Eu pedra
No
caminho pra casa encontrei
muitas
pedras,
pedras
verdes, pedras vermelhas,
pedras
inocentes e invisíveis.
Resolvi
junta-las
e
erguer uma casa,
casa
dos sonhos, casa de silêncio,
casa
encantada.
Na janela
deixei flores,
ao
redor, cravos amarelos
e rosas
vermelhas.
Um
jardim de helicônias
nasceu
nos meus sonhos
e nas
minhas mãos
brotaram
calidez e horizontes.
Da varanda
vejo
o
entardecer crepuscular,
da
janela aprecio a aurora renascer.
Da chaminé
toco a lua,
as
vezes os anjos de luz
e de
repente, me vejo
sendo pedra e devaneio.
Sobre
o entardecer
Quem diria
que o crepúsculo viria
sobre cinzas
apagadas
e
nuvens de lágrimas,
mas
veio.
O dourado
virou pranto
e a
poesia virou melancolia
que
sangra a alma.
Os frutos
plantados
não
puderam dizer adeus,
só o
orvalho gotejava nas folhas
da velha
palmeira.
O teclado
silenciou
e as
palavras ficaram
frias
e sem cor.
O pensamento
viajante fez
a
curva e voltou,
pousou
na asa da borboleta azul
que
lindamente seguiu
o
tempo crepuscular.
Me
disseram
Me
disseram que você é assim,
tem
cheiro de jasmim,
de
horizonte e de mar,
tem um
doce chorar que
muitos
pensam que é riso.
E
quando a lua desce no mar
os
grãos de areia grudam
nos
seus cabelos
e
despertam todos os sonhos
que
guardou
naquele
baú vermelho.
Você
existe na solidariedade,
na
amizade cuidante,
você
existe em mim, eu em ti,
por
isso vivo, por isso planto jardins,
por
isso amo além do infinito.