Na sombra dos cristais, na sombra dos cocais, na sobra dos milharais  a vida corre na sombra e na luz, brilhando como pérolas e ninhos . Paz e bem para você que ama tecer ninhos! Mara Alves, olhe a sua foto.

Na sombra dos cristais

No tempo das borboletas,

uma explosão de cores

se apossaram dos meus olhos,

ousados voos se aconchegaram

na minha alma

e o meu coração teve

cheiro de revoada.

Hoje, uma imensa saudade

molha o meu olhar

Quantas recordações se bordam

no meu no meu peito,

recordo os arrozais em flor,

o amor que se deitava

na sombra dos cristais,

as pedras nas quais um dia eu sentei,

chorei lagrimas de felicidades

e uma doce solidão afagam

nesse instante o meu caminhar.

Estou feliz...


Em 1982, fiz o curso do IBRADES (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento) na rua Bambina 115 RJ, foi esse curso que ampliou minha visão para os problemas do meu país e do mundo. As marcas da ditadura militar ainda estavam vivas  no corpo e na alma de quem teve coragem de afirmar sua rebeldia e também nas paredes do Instituto.  Muito jovem, me encantei pela cidade e pela motivação de sonhar um mundo diferente. Quantas vezes sentei nessas pedra e chorei, e cantei, e sorri e sonhei... Gratidão, Vital Lima, cantor, poeta e ser humano que muito admiro!
 

Meus sonhos

Viver e sonhar se entrelaçam

Os sonhos nasceram em mim,

brotaram, enraizaram

e ainda hoje são os meus faróis.

Os sonhos

pintaram os meus cabelos,

sangraram minha pele,

se tatuaram na minha alma,

e guiam o meu caminhar.

Eu quero comida nas mesas,

flores nas janelas,

primaveras brotando

em todos os cantos

e alegria saltitando em

todas as varandas.

Eu sou os meus sonhos... 


Eu sou o horizonte azul e o horizonte cinza cria poesia dentro de mim. Minhas vestes são vermelhas, mas é o lilás que calça meus chinelos.  O que será que há alem desse azul? Paz e bem pra você!


 

Tempestades e voos

Oh, tempestade,

quem é você que

passa por dentro de mim,

me arrasa,

arranca minhas pétalas,

sopra minha primavera,

consome o meu jardim?

Eu entristeço, choro,

perco o prumo,

mas eu lembro que sou borboleta

e o voo está dentro de mim

Borboletas não esquecem

que têm asas

e o voar é sua plenitude.

Sempre haverá tempestades,

mas elas passam.

Eu sou o infindo horizonte azul!

Eu sou assim, silêncio e horizonte, céu e terra num mesmo lugar, água e mata se vestem de mim e eu sou puramente saudades!
Um abençoado final de semana pra você que vem aqui e ler... Saúde e luz! 
Foto do Claudinho Rodrigues, meu irmão ribeirinho.
 

Sonhos e memórias

Sonhei com o meu rio,

com a velha tapera

na qual morava minha vó.

Eu estava li, sentada

no velho trapiche pescando estrelas

e tecendo amor com a lua.

Raramente escutava

um sinal de vida humana,

o não humano cantava,

assoviava, se banhava nas aguas

do imenso e belo rio Amazonas.

Sonhei com os buritis florindo,

as andirobeiras espocando

suas sementes,

o boto brincando com

os seres encantados do porto

das deusas da mata.

Acordo, mas minha alma continua

entrelaçada com a historia

de vida de minha vó,

com a minha ancestralidade

tão mística, tão linda...

Sonho minhas saudades! 

Amo portos e estações! São lugares de partida, mas também de chegada. Sempre planto um lírio branco para quem chega e uma orquídea para quem parte. Nas mãos do Adriano Carneiro, deixo um girassol, pela sua sensibilidade ao fotografar tamanhas belezas!