O canto do mar

Construímos nosso ninho

sobre as pedras do horizonte

e as incertezas do mar.

Dormíamos sobre

as espumas verde

e nos cobríamos com as estrelas.

Na intensidade da noite

nos perdemos

e na imensidão

do mar naufragamos.

Nosso ninho foi um pesadelo,

mas sonhar me trouxe

para outra margem.

Veio a esperança,

ela recriou o mar,

ele se fez canção, acarinhou

meu coração que agora,

só ama, ama e ama.


Abro a janela e ela sorri pra mim. Enche meu ser de alegria e gratidão às belezas  do meu jardim. Que lindo! Que lindas! Amo ser aprendiz de jardins! 



 

Ninho

Minha casa é um jardim,

tem lírios na janela,

rosas na varanda,

jasmins na sala

e a cozinha cheira a alecrim.

O manjericão trouxe pra mim

o cheiro de minha infancia

e o hortelã a saudade

de meus ancestrais.

Minha casa é um jardim,

aromatiza os meus lençóis,

escreve pelas minhas mãos,

toca meu coração

e corre o mundo com

os passos meus.

Minha casa é um jardim... 

Eu amo tecer ninhos e cultivar flores! Assim eu sou feliz! Sou aprendiz neste imenso universo... Bênçãos e luz para você que é semeante de belezas!
 

 

Afeto e flor

Suave brisa anda por aqui,

se próxima de mim

como a beija flor que vai

ao encontro da rosa.

Brisa que afaga o meu rosto,

que seca o orvalho

que inunda minha alma,

desce até minhas mãos

e vira um poema.

Brisa que segura as

mãos do vento

se veste de amor

e caminha rumo

ao horizonte.

Eu fico aqui,

nesta velha varanda,

esperando o portão abrir

e você surgir

vestido de esperança

O beija flor deixa cair uma flor

no infinito dos meus olhos.


Na sombra dos cristais, na sombra dos cocais, na sobra dos milharais  a vida corre na sombra e na luz, brilhando como pérolas e ninhos . Paz e bem para você que ama tecer ninhos! Mara Alves, olhe a sua foto.

Na sombra dos cristais

No tempo das borboletas,

uma explosão de cores

se apossaram dos meus olhos,

ousados voos se aconchegaram

na minha alma

e o meu coração teve

cheiro de revoada.

Hoje, uma imensa saudade

molha o meu olhar

Quantas recordações se bordam

no meu no meu peito,

recordo os arrozais em flor,

o amor que se deitava

na sombra dos cristais,

as pedras nas quais um dia eu sentei,

chorei lagrimas de felicidades

e uma doce solidão afagam

nesse instante o meu caminhar.

Estou feliz...


Em 1982, fiz o curso do IBRADES (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento) na rua Bambina 115 RJ, foi esse curso que ampliou minha visão para os problemas do meu país e do mundo. As marcas da ditadura militar ainda estavam vivas  no corpo e na alma de quem teve coragem de afirmar sua rebeldia e também nas paredes do Instituto.  Muito jovem, me encantei pela cidade e pela motivação de sonhar um mundo diferente. Quantas vezes sentei nessas pedra e chorei, e cantei, e sorri e sonhei... Gratidão, Vital Lima, cantor, poeta e ser humano que muito admiro!
 

Meus sonhos

Viver e sonhar se entrelaçam

Os sonhos nasceram em mim,

brotaram, enraizaram

e ainda hoje são os meus faróis.

Os sonhos

pintaram os meus cabelos,

sangraram minha pele,

se tatuaram na minha alma,

e guiam o meu caminhar.

Eu quero comida nas mesas,

flores nas janelas,

primaveras brotando

em todos os cantos

e alegria saltitando em

todas as varandas.

Eu sou os meus sonhos... 


Eu sou o horizonte azul e o horizonte cinza cria poesia dentro de mim. Minhas vestes são vermelhas, mas é o lilás que calça meus chinelos.  O que será que há alem desse azul? Paz e bem pra você!


 

Tempestades e voos

Oh, tempestade,

quem é você que

passa por dentro de mim,

me arrasa,

arranca minhas pétalas,

sopra minha primavera,

consome o meu jardim?

Eu entristeço, choro,

perco o prumo,

mas eu lembro que sou borboleta

e o voo está dentro de mim

Borboletas não esquecem

que têm asas

e o voar é sua plenitude.

Sempre haverá tempestades,

mas elas passam.

Eu sou o infindo horizonte azul!

Eu sou assim, silêncio e horizonte, céu e terra num mesmo lugar, água e mata se vestem de mim e eu sou puramente saudades!
Um abençoado final de semana pra você que vem aqui e ler... Saúde e luz! 
Foto do Claudinho Rodrigues, meu irmão ribeirinho.
 

Sonhos e memórias

Sonhei com o meu rio,

com a velha tapera

na qual morava minha vó.

Eu estava li, sentada

no velho trapiche pescando estrelas

e tecendo amor com a lua.

Raramente escutava

um sinal de vida humana,

o não humano cantava,

assoviava, se banhava nas aguas

do imenso e belo rio Amazonas.

Sonhei com os buritis florindo,

as andirobeiras espocando

suas sementes,

o boto brincando com

os seres encantados do porto

das deusas da mata.

Acordo, mas minha alma continua

entrelaçada com a historia

de vida de minha vó,

com a minha ancestralidade

tão mística, tão linda...

Sonho minhas saudades! 

Amo portos e estações! São lugares de partida, mas também de chegada. Sempre planto um lírio branco para quem chega e uma orquídea para quem parte. Nas mãos do Adriano Carneiro, deixo um girassol, pela sua sensibilidade ao fotografar tamanhas belezas! 
 

Velha estação

O tempo passou,

o trem quebrou e envelheceu

A estação corroeu,

o amarelo desbotou,

a estação entristeceu,

mas eu ainda lá

estou esperando por ti.

No inverno senti frio,

no verão choveu,

no outono deitei e as folhas

cobriram os meus sonhos

Mas foi na primavera

que cuidei do jardim que um dia

juntos plantamos.

Hoje revi a estação,

tudo está belo e sem cor,

mas foi o amor, vestido de solidão

que ali parou e no meu peito

fez brotar um poema... 

Infinitamente além, tem mãos e olhar sensível e gentil de Adriano Carneiro. Gratidão!!
 

Infinitamente além

As memórias são infinitas,

guardadas na pele e na alma,

são nuances, tons,

sabores, cheiros

e sonhos derramados pelas

estradas que acreditávamos

ser caminhos de liberdade.

Contudo, o tempo voou,

as estradas se multiplicaram,

porém, os sonhos

se dividiram na curva do destino.

Corpos adormecidos

seguiram cegos caminhos

e eu me perdi

e me achei em outros jardins.

Foi assim que dissemos adeus... 

A lua está demorando surgir. Fico aqui na espera... Doce espera! Gratidão a você  que também espera...
 

Esperando a lua

Embrulhada no silêncio,

coube a mim soltar os laços,

desamarrar um por um,

enquanto espero a lua surgir

e você chegar de dentro

do meu sonho.

Vem comigo

caminhar ao luar,

beber a madrugada,

se banhar no orvalho da vida

e sonhar de novo

aquele mesmo sonho.

Vem, eu ainda amo poesia,

flores, jardins e o silêncio...

Ah, o silêncio!

Eu ainda amo você! 


Esse é o grande rio Amazonas, meu berço, minha casa, morada de meus ancestrais. Entre brisas e tempestades, era nele que meu pai estendia os seus sonhos, sua valentia de viajante. Amoooo...

Meu Pai

Hoje o tempo amanheceu

embrulhado no silêncio.

O doce rio na sua languidez

faz o seu caminho diário,

manso e bravio em direção

a algum destino.

Alonguei o olhar

e fui em direção a saudade...

La estava o porto,

o trapiche feito de novas madeiras,

os barquinhos amarrados

em algum tronco,

mas ele não estava

na ribanceira.

Em algum lugar

ele continua remando,

pescando e assoviando

suas belas canções.

Ô saudades...