BLOG DA DEUSA: PELES E PÉTALAS
Na esquina do silêncio
Aqui
tudo é silêncio,
tudo
respira, tudo fala,
tudo
sonha
Na
correnteza do rio tudo dança,
leva e
traz harmonia e paz.
Estou
aqui cercada de brisa,
cercada
de um silêncio que canta
À
sombra dos açaizais
eu
refaço os meus laços
e a
ternura me abraça
E o
rio corre inexoravelmente,
contando
suas histórias,
encantando
memórias
e
coexistindo na inteireza da vida.
Eu amo
o silêncio...
O voo da
gaivota
Eu
vim...
Carreguei
no coração a imagem
do seu
lindo rostinho
Vim e
trouxe na alma
a
saudade da brisa do rio amado.
A
concha planetária me abraçou
e a
inteireza coloriu os meus olhos.
Agua
vida, céu mistério,
terra
fecunda, mãe amada
e a
gaivota circunda o vento.
Já de
longe vejo minha gente,
cansaço
e esperança,
angustia
e plenitude
Vejo Deus no arco íris encantado.
Viver
As
vezes o chão parece triste,
abandonado,
cheio de lixo,
mas
tem dias que
esse
chão está lindo,
coberto
de pétalas,
de
boniteza e encanto
e isso
alegra o meu coração.
Viver
também é assim,
tem
dias que parecem
noites
sem lua cheia,
mas a
espiritualidade luz faz
tudo
amanhecer e eu amanheço
junto
com o anoitecer,
mesmo
sem luar.
Viver
é correr riscos,
é
ousar despertar,
é crer
na energia cósmica,
na
sinfonia universal
Viver
é chorar cantando.
Então...
A natureza
e eu
Eu
ouvi a floresta cantar,
a
passarada celebrar o amanhecer
que
acordava bem cedinho,
antes
da lua branca desaparecer
no
pálido horizonte.
Eu
senti o vento frio
massagear
meu rosto,
mexer
com meus cabelos despenteados,
com o
meu corpo
que
ainda dormia entre os lençóis.
Eu vi
os pequeninos barcos
deslizarem
sobre as turvas
aguas
do rio Moju,
rio
sagrado, belo rio que
em
cada curva conta uma história,
memórias
de vidas
que vão, voltam e me enchem
de doces saudades
Infinita
ousadia
A vida
é para ser vivida intensamente,
na
alegria dance,
na
tristeza chore,
no
encontro abrace,
no
desencontro seja luz,
na
euforia grite,
na
dificuldade abra caminhos,
no
silencio repouse.
Eu, no
sofrimento,
por um
instante fico sem aura,
mas a
alma pulsa dentro de mim
e me
faz sentir que sou um fio,
junto
com outros fios
nesta
bela teia cósmica.
A vida
é um canto,
tem
pranto, tem conto,
tem
sonho, tem estrada,
mas temos
que ter ousadia infinita.
A ternura
da vida somos nós
que a
tecemos.
Vem! Vamos
tecer ternura?
Eu chorei
Minha
vida é uma dança,
mas
tem dia que a tristeza
bate
forte em minha porta,
as
vezes não deixo que ela entre,
eu me
escondo.
Outras
vezes,
ela
arromba a porta
e me
toma por inteira,
então
eu choro
e
quando um rio se forma
com as
minhas lágrimas,
as
flores voltam a brotar
dentro
de mim.
Outro dia
eu tive medo e chorei...
meus
irmãos e irmãs da espiritualidade
de luz
me abraçaram
e a fé
virou carne novamente.
Ainda estou
triste,
mas a dança continua a bailar...
As rosas
Toda Rosa
é infinita,
todo
jardim é sagrado
Eu abro
o meu velho livro
e
deixo o nosso poema adormecer
sobre
o meu peito.
Toda rosa
é infinita,
toda
história atravessa
o
tempo e se dilui
numa
gota de orvalho.
Eu não
corro atrás do tempo,
ele
não existe,
prefiro
ver da janela
o amor
acolhendo lua.
Minha vida
é marcada pela ciranda
de
meus ancestrais.
Toda flor tem sua beleza...
Eu te
espero
Eu
voltei...
vamos
passear de mãos dadas
pelas ruas antigas?
Elas ainda são iluminadas
pelos
velhos faróis,
os
mesmos que um dia
viram
o nosso beijo molhado de poesia,
de
sonhos e utopias
que
moviam os passos meus.
Vem, a
flor que ganhei
ainda
não murchou,
a
nossa canção não parou,
eu a
escuto no assobio do vento.
Vem, a velha praça já não tem bancos,
mas o
flamboyant ainda resiste
e com
saudade de nossos sorrisos
nunca
mais parou de florir.
Eu te espero...
Vazios
e faróis
Dizem
que os desertos são vazios,
mas lá
a areia canta,
o
vento semeia brisa,
oásis
brotam
onde o
sol escaldante sufoca
e
dentro de mim o deserto
é
cheio de sementes e fractais.
Dizem
que no deserto tudo dorme,
eu
escutei o calor gritar
pedindo
lençóis,
vi a
areia se florestar,
senti
os faróis acenderem luz
e
descerem um
céu
estrelado para junto
de
meus travesseiros.
Nem tudo
que parece é,
tudo
está sendo
na
miudeza plena da vida.
Eu pedra
No
caminho pra casa encontrei
muitas
pedras,
pedras
verdes, pedras vermelhas,
pedras
inocentes e invisíveis.
Resolvi
junta-las
e
erguer uma casa,
casa
dos sonhos, casa de silêncio,
casa
encantada.
Na janela
deixei flores,
ao
redor, cravos amarelos
e rosas
vermelhas.
Um
jardim de helicônias
nasceu
nos meus sonhos
e nas
minhas mãos
brotaram
calidez e horizontes.
Da varanda
vejo
o
entardecer crepuscular,
da
janela aprecio a aurora renascer.
Da chaminé
toco a lua,
as
vezes os anjos de luz
e de
repente, me vejo
sendo pedra e devaneio.
Sobre
o entardecer
Quem diria
que o crepúsculo viria
sobre cinzas
apagadas
e
nuvens de lágrimas,
mas
veio.
O dourado
virou pranto
e a
poesia virou melancolia
que
sangra a alma.
Os frutos
plantados
não
puderam dizer adeus,
só o
orvalho gotejava nas folhas
da velha
palmeira.
O teclado
silenciou
e as
palavras ficaram
frias
e sem cor.
O pensamento
viajante fez
a
curva e voltou,
pousou
na asa da borboleta azul
que
lindamente seguiu
o
tempo crepuscular.
Me
disseram
Me
disseram que você é assim,
tem
cheiro de jasmim,
de
horizonte e de mar,
tem um
doce chorar que
muitos
pensam que é riso.
E
quando a lua desce no mar
os
grãos de areia grudam
nos
seus cabelos
e
despertam todos os sonhos
que
guardou
naquele
baú vermelho.
Você
existe na solidariedade,
na
amizade cuidante,
você
existe em mim, eu em ti,
por
isso vivo, por isso planto jardins,
por
isso amo além do infinito.
Macapá
é assim
É
vento no rosto,
brisa
na alma,
água
que transborda
e
borda a tarde.
É
ternura no olhar,
delicadeza
ao observar,
e medo em se aproximar.
É
magia, inebriante,
gaivotas
em voos rasantes,
entardecer
com os tons
de
medo e liberdade.
É
bonito te ver assim,
mas
dentro de mim
nasce
mururés
e asas
de borboletas
O que
faz o meu rio mar?
Abençoa
Macapá,
em
mais este entardecer.
Eu e a lua
Sentei
na beira do mar
O mar
entrou em minhas saudades,
tomou
meu pulso
e o
seu pulsar,
assoviou
nossa canção.
O murmúrio do mar
despertou
a lua, ela desceu
e
enfeitiçou meus olhos.
A lua
abraçou o mar
e ali
permaneceram e eu senti
saudades
do abraço seu.
Noite, lua e mar, pura magia,
se amaram sobre o meu olhar
com as
cores de cristais.
Sono e
sonho
Dormi
em cama de chuva,
nos
meus lençóis costurei estrelas,
a
tristeza deu um abraço
no meu
travesseiro bordado
de
alegria e a vida sorriu
pra
mim no espelho do tempo.
Tudo
medra,
os
cristais, a floresta,
os
calorosos braços,
a
ternura e a ousadia
de se
compartilhar um tempo
sem
tempo
e uma
vívida história.
Caminho
nos descaminhos,
na
certeza da incerteza,
mas na
firmeza de que
os
sonhos brotam
no
coração de quem ama.
Acordei
e continuo sonhando
com Gaia em festa.
Bens
da alma
Na
minha bolsa
carrego
uma rosa,
todos
os jardins,
um
orvalho azul
e um cacho
de utopia.
No meu
chinelo carrego
uma
coleção sonhos,
um punhado
de terra sagrada
e um
horizonte cheinho
de
gaivotas brancas.
No meu
chapéu bordo
um
pingo de chuva,
diferentes
flores que
perfumam
esperança
e a
delicadeza das andanças
que
faço com você.
Carrego
no coração os quintais,
aquele
festival de verão
onde
uma doce canção
cantou
pra mim
e
segurando suas mãos
seguimos diferentes caminhos.
O canto
do mar
Construímos
nosso ninho
sobre
as pedras do horizonte
e as
incertezas do mar.
Dormíamos
sobre
as
espumas verde
e nos
cobríamos com as estrelas.
Na
intensidade da noite
nos
perdemos
e na
imensidão
do mar
naufragamos.
Nosso
ninho foi um pesadelo,
mas
sonhar me trouxe
para
outra margem.
Veio a
esperança,
ela
recriou o mar,
ele se
fez canção, acarinhou
meu
coração que agora,
só
ama, ama e ama.
Ninho
Minha casa
é um jardim,
tem lírios
na janela,
rosas
na varanda,
jasmins
na sala
e a
cozinha cheira a alecrim.
O manjericão
trouxe pra mim
o
cheiro de minha infancia
e o
hortelã a saudade
de
meus ancestrais.
Minha casa
é um jardim,
aromatiza
os meus lençóis,
escreve
pelas minhas mãos,
toca
meu coração
e
corre o mundo com
os
passos meus.
Minha casa é um jardim...
Afeto
e flor
Suave
brisa anda por aqui,
se
próxima de mim
como a
beija flor que vai
ao
encontro da rosa.
Brisa
que afaga o meu rosto,
que
seca o orvalho
que
inunda minha alma,
desce
até minhas mãos
e vira
um poema.
Brisa que segura as
mãos do vento
se
veste de amor
e
caminha rumo
ao
horizonte.
Eu
fico aqui,
nesta
velha varanda,
esperando
o portão abrir
e você
surgir
vestido de esperança
O
beija flor deixa cair uma flor
no
infinito dos meus olhos.