Eu e a lua

Sentei na beira do mar

O mar entrou em minhas saudades,

tomou meu pulso

e o seu pulsar,

assoviou nossa  canção.

O murmúrio do mar

despertou a lua, ela desceu

e enfeitiçou meus olhos.

A lua abraçou o mar

e ali permaneceram e eu senti

saudades do abraço seu.

Noite, lua e mar, pura magia,

se amaram sobre o meu olhar

com as cores de cristais.

E por falar em sonho, por um infinito tempo fomos e somos movidos pelo desejo de sonhar com uma educação que abraçasse todos os seres, que despertasse  em nós a dança, o canto, a poesia, o pensarsentir, a solidariedade... E la vamos nós, eu, Fernanda e Batista para mais uma roda de abraços!
 

Sono e sonho

Dormi em cama de chuva,

nos meus lençóis costurei estrelas,

a tristeza deu um abraço

no meu travesseiro bordado

de alegria e a vida sorriu

pra mim no espelho do tempo.

Tudo medra,

os cristais, a floresta,

os calorosos braços,

a ternura e a ousadia

de se compartilhar um tempo

sem tempo

e uma vívida história.

Caminho nos descaminhos,

na certeza da incerteza,

mas na firmeza de que

os sonhos brotam

no coração de quem ama.

Acordei e continuo sonhando

com Gaia em festa. 

Uma rosa do canteiro orvalhado de minha amiga Fernanda Cristina. Eu a ofereço a todas as Rosas que fazem de seus mundos, doces jardins! Um abençoado domingo para você que cultiva flores na alma! Paz e bem!
 

Bens da alma

Na minha bolsa

carrego uma rosa,

todos os jardins,

um orvalho azul

e um cacho de utopia.

No meu chinelo carrego

uma coleção sonhos,

um punhado de terra sagrada

e um horizonte cheinho

de gaivotas brancas.

No meu chapéu bordo

um pingo de chuva,

diferentes flores que

perfumam esperança

e a delicadeza das andanças

que faço com você.

Carrego no coração os quintais,

aquele festival de verão

onde uma doce canção

cantou pra mim

e segurando suas mãos

seguimos diferentes caminhos. 


 Minha amiga Mara Alves, me presenteou com essa poesia. O rio Amazonas é tão encantador que ate as nuvens se rendem ao seu charme, E ela veio assim só para beijar o maravilhoso rio.

O canto do mar

Construímos nosso ninho

sobre as pedras do horizonte

e as incertezas do mar.

Dormíamos sobre

as espumas verde

e nos cobríamos com as estrelas.

Na intensidade da noite

nos perdemos

e na imensidão

do mar naufragamos.

Nosso ninho foi um pesadelo,

mas sonhar me trouxe

para outra margem.

Veio a esperança,

ela recriou o mar,

ele se fez canção, acarinhou

meu coração que agora,

só ama, ama e ama.


Abro a janela e ela sorri pra mim. Enche meu ser de alegria e gratidão às belezas  do meu jardim. Que lindo! Que lindas! Amo ser aprendiz de jardins! 



 

Ninho

Minha casa é um jardim,

tem lírios na janela,

rosas na varanda,

jasmins na sala

e a cozinha cheira a alecrim.

O manjericão trouxe pra mim

o cheiro de minha infancia

e o hortelã a saudade

de meus ancestrais.

Minha casa é um jardim,

aromatiza os meus lençóis,

escreve pelas minhas mãos,

toca meu coração

e corre o mundo com

os passos meus.

Minha casa é um jardim... 

Eu amo tecer ninhos e cultivar flores! Assim eu sou feliz! Sou aprendiz neste imenso universo... Bênçãos e luz para você que é semeante de belezas!
 

 

Afeto e flor

Suave brisa anda por aqui,

se próxima de mim

como a beija flor que vai

ao encontro da rosa.

Brisa que afaga o meu rosto,

que seca o orvalho

que inunda minha alma,

desce até minhas mãos

e vira um poema.

Brisa que segura as

mãos do vento

se veste de amor

e caminha rumo

ao horizonte.

Eu fico aqui,

nesta velha varanda,

esperando o portão abrir

e você surgir

vestido de esperança

O beija flor deixa cair uma flor

no infinito dos meus olhos.


Na sombra dos cristais, na sombra dos cocais, na sobra dos milharais  a vida corre na sombra e na luz, brilhando como pérolas e ninhos . Paz e bem para você que ama tecer ninhos! Mara Alves, olhe a sua foto.

Na sombra dos cristais

No tempo das borboletas,

uma explosão de cores

se apossaram dos meus olhos,

ousados voos se aconchegaram

na minha alma

e o meu coração teve

cheiro de revoada.

Hoje, uma imensa saudade

molha o meu olhar

Quantas recordações se bordam

no meu no meu peito,

recordo os arrozais em flor,

o amor que se deitava

na sombra dos cristais,

as pedras nas quais um dia eu sentei,

chorei lagrimas de felicidades

e uma doce solidão afagam

nesse instante o meu caminhar.

Estou feliz...


Em 1982, fiz o curso do IBRADES (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento) na rua Bambina 115 RJ, foi esse curso que ampliou minha visão para os problemas do meu país e do mundo. As marcas da ditadura militar ainda estavam vivas  no corpo e na alma de quem teve coragem de afirmar sua rebeldia e também nas paredes do Instituto.  Muito jovem, me encantei pela cidade e pela motivação de sonhar um mundo diferente. Quantas vezes sentei nessas pedra e chorei, e cantei, e sorri e sonhei... Gratidão, Vital Lima, cantor, poeta e ser humano que muito admiro!
 

Meus sonhos

Viver e sonhar se entrelaçam

Os sonhos nasceram em mim,

brotaram, enraizaram

e ainda hoje são os meus faróis.

Os sonhos

pintaram os meus cabelos,

sangraram minha pele,

se tatuaram na minha alma,

e guiam o meu caminhar.

Eu quero comida nas mesas,

flores nas janelas,

primaveras brotando

em todos os cantos

e alegria saltitando em

todas as varandas.

Eu sou os meus sonhos... 


Eu sou o horizonte azul e o horizonte cinza cria poesia dentro de mim. Minhas vestes são vermelhas, mas é o lilás que calça meus chinelos.  O que será que há alem desse azul? Paz e bem pra você!


 

Tempestades e voos

Oh, tempestade,

quem é você que

passa por dentro de mim,

me arrasa,

arranca minhas pétalas,

sopra minha primavera,

consome o meu jardim?

Eu entristeço, choro,

perco o prumo,

mas eu lembro que sou borboleta

e o voo está dentro de mim

Borboletas não esquecem

que têm asas

e o voar é sua plenitude.

Sempre haverá tempestades,

mas elas passam.

Eu sou o infindo horizonte azul!

Eu sou assim, silêncio e horizonte, céu e terra num mesmo lugar, água e mata se vestem de mim e eu sou puramente saudades!
Um abençoado final de semana pra você que vem aqui e ler... Saúde e luz! 
Foto do Claudinho Rodrigues, meu irmão ribeirinho.
 

Sonhos e memórias

Sonhei com o meu rio,

com a velha tapera

na qual morava minha vó.

Eu estava li, sentada

no velho trapiche pescando estrelas

e tecendo amor com a lua.

Raramente escutava

um sinal de vida humana,

o não humano cantava,

assoviava, se banhava nas aguas

do imenso e belo rio Amazonas.

Sonhei com os buritis florindo,

as andirobeiras espocando

suas sementes,

o boto brincando com

os seres encantados do porto

das deusas da mata.

Acordo, mas minha alma continua

entrelaçada com a historia

de vida de minha vó,

com a minha ancestralidade

tão mística, tão linda...

Sonho minhas saudades! 

Amo portos e estações! São lugares de partida, mas também de chegada. Sempre planto um lírio branco para quem chega e uma orquídea para quem parte. Nas mãos do Adriano Carneiro, deixo um girassol, pela sua sensibilidade ao fotografar tamanhas belezas! 
 

Velha estação

O tempo passou,

o trem quebrou e envelheceu

A estação corroeu,

o amarelo desbotou,

a estação entristeceu,

mas eu ainda lá

estou esperando por ti.

No inverno senti frio,

no verão choveu,

no outono deitei e as folhas

cobriram os meus sonhos

Mas foi na primavera

que cuidei do jardim que um dia

juntos plantamos.

Hoje revi a estação,

tudo está belo e sem cor,

mas foi o amor, vestido de solidão

que ali parou e no meu peito

fez brotar um poema... 

Infinitamente além, tem mãos e olhar sensível e gentil de Adriano Carneiro. Gratidão!!
 

Infinitamente além

As memórias são infinitas,

guardadas na pele e na alma,

são nuances, tons,

sabores, cheiros

e sonhos derramados pelas

estradas que acreditávamos

ser caminhos de liberdade.

Contudo, o tempo voou,

as estradas se multiplicaram,

porém, os sonhos

se dividiram na curva do destino.

Corpos adormecidos

seguiram cegos caminhos

e eu me perdi

e me achei em outros jardins.

Foi assim que dissemos adeus... 

A lua está demorando surgir. Fico aqui na espera... Doce espera! Gratidão a você  que também espera...
 

Esperando a lua

Embrulhada no silêncio,

coube a mim soltar os laços,

desamarrar um por um,

enquanto espero a lua surgir

e você chegar de dentro

do meu sonho.

Vem comigo

caminhar ao luar,

beber a madrugada,

se banhar no orvalho da vida

e sonhar de novo

aquele mesmo sonho.

Vem, eu ainda amo poesia,

flores, jardins e o silêncio...

Ah, o silêncio!

Eu ainda amo você! 


Esse é o grande rio Amazonas, meu berço, minha casa, morada de meus ancestrais. Entre brisas e tempestades, era nele que meu pai estendia os seus sonhos, sua valentia de viajante. Amoooo...

Meu Pai

Hoje o tempo amanheceu

embrulhado no silêncio.

O doce rio na sua languidez

faz o seu caminho diário,

manso e bravio em direção

a algum destino.

Alonguei o olhar

e fui em direção a saudade...

La estava o porto,

o trapiche feito de novas madeiras,

os barquinhos amarrados

em algum tronco,

mas ele não estava

na ribanceira.

Em algum lugar

ele continua remando,

pescando e assoviando

suas belas canções.

Ô saudades... 

O rio é a rua das ribeirinhas e dos ribeirinhos. É minha casa. É a casa dos botos, dos peixes e dos encantados. É uma veia de vida... Paz e luz para você, amigx de perto e de longe!

 

Veias cuidantes

Gaia está parindo,

parto difícil, está sangrando,

agonizando entre

chamas e enchentes.

Seus filhos e filhas estão

esquecendo de lhe afagar

e assim se afogam nas feridas

de uma mãe doente.

Energias cósmicas

descem como prece,

como rosa cálida,

mas a cegueira humana ignora.

Tudo chora, tudo canta,

até quando seremos céticos?

Gaia, Pachamama,Terra,

triste e magoada

ainda é fértil, ainda ama...

É assim, no embalo da vida e num tempo de gratidão! É uma Rosa entre as flores, minha irmã...

 

No embalo da vida

Cortei meus cabelos,

calcei meus velhos chinelos,

minha saia rodada

ficou apertada,

é a velhice me abraçando,

estou feliz!

Meu jardim floresce

e as beija flores

nele se alimentam.

O chão sagrado

é coberto de estrelas,

do alto da mangueira

desce cordões de borboletas

e a vida segue seu fluxo

inexoravelmente...

Viver é se perder entre

redes e travesseiros

e se achar na doçura de amar

e de reinventar sonhos. 


Parece que é assim que se é feliz: ser criança e cultivar a criança interior que mora em cada um de nós. As crianças sabem como ser felizes...

 

Parece que é ssim

Cachos de flores descem

Na mansidão de sua alma,

a minha, nesse momento chora

nossas saudades.

Viver é assim,

um infinito florescer

e um doce murchecer.

Ontem a primavera enchia

de flores meu coração,

agora, folhas amarelas descem

de meus olhos, se espalham

pelo meu chão,

molham meu olhar...

Vou amar novamente

e o luar vai iluminar o meu caminhar

nessas estradas terrenas.

Sou um pequenino fio dessa imensa Teia chamada Vida! Paz e bem!

 

Em algum Laguinho

No silêncio do Canto,

nasce um poema

Nos cantos desse poema

há um Canto que canta,

que encanta,

que faz dançar

os instrumentos musicais.

Hoje ouvi o seu violão chorar,

mas logo depois,

um sonoro gargalhar

se fez escutar lá pros

cantos do Laguinho.

O Canto carregou o seu cantar

foi para o lado de lá,

erguer sua maloca

sobre a brisa do rio mais belo

Foi gapuiar a pororoca

e girar o seu olhar

em algum devaneio.

O canto do Canto é prece,

sempre batucando,

marabaixando nos versos

sem rimas

e nas entrelinhas de todo poema.

Enfim, sem fim, saudades...

 

Chuva, também de pétalas, de belezas e de carinho de uma linda amiga, "caboca" tucuju que passeia pelo sul do Brasil. Gratidão, querida Val!
 

 

Sou assim

Eu sou silêncio

Amo escutar o seio da vida,

escutar o vento conversando

com as folhas da amoreira,

escutar o som das nuvens

que se movem silenciosamente.

Amo escutar as conchas,

elas me falam do mar,

das ondas que

se quebram nas pedras,

das vozes silenciosas dos navios

que guardam destinos,

amores e saudades.

Eu amo o silêncio

e minha alma

se veste de solidão.