Virando uma página
Um brinde ao novo tempo!
Um brinde
ao sentimento de amor,
de ternura e paz!
Um brinde as mulheres
e aos homens que
forjam com letras sangradas
um novo capítulo na história
de meu país!
Que seja leve o diálogo,
as escolhas sejam sagradas,
que a gentileza seja vivida,
que seja amorosa toda a jornada.
Que os jardins sejam cuidados,
que o amor seja cantado,
que os enamorados
dancem a ciranda vermelha
ao luar do magico lago.
Um brinde...
Delicia de horizonte
Eu vi o horizonte vermelho,
vermelho de fogo, vermelho de choro, vermelho
de uma floresta em chamas,
de uma floresta que arde e clama.
Eu vi o horizonte vermelho de sangue,
vermelho de sonhos,
vermelho de estrelas e rosas,
vermelho de faróis catando esperanças.
Eu trouxe o horizonte para minha janela,
Ele ficou a olhar para a lua,
para o luar, para o jorrar de um
novo tempo.
Eu começo a dançar,
ensaiar uns passos de ciranda
e costurar os meus cristais
Eu vi, eu vejo...
Primavera do amor
As folhas secas torturadas nas calçadas,
ainda são do outono passado,
caíram por força dos gritos
e das palavras de chumbo ácidos.
Hoje, elas rolam nas calçadas,
como crianças que rolam na areia,
sob um céu estrelado.
Palavras torturantes,
negam a teimosa esperança
É tempo de ousar sonhar,
é tempo de florar a primavera
que tardou chegar,
mas chegou,
enchendo de flores
os jardins desencantados.
É tempo de cantar a liberdade
de se ter saudade
de um tempo que voltou,
com amor na ciranda da história.
Tempo de amar
Ganhei um baú encantado,
ao abri-lo, borboletas voaram,
flores perfumaram Gaia,
jardins brotaram nas montanhas,
fluidos de luz, iluminaram,
adentraram janelas,
se derramaram pelas casas
e reanimaram as saudades
de um tempo de ternura e paz.
Meu baú caminhou,
cansou, sofreu...
Mas o tempo esperança nele pintou
a palavra amor
e tudo que dele saiu,
voltou, bordado de mutirão.
Meu baú é plenitude e primaveras,
é caminho e quimera,
é estrela e vitrais
e ainda coça com ternura
o coração de quem ama amar
Meu baú sangra e sonha.
Bem assim
Tenho em mim um pouco de voos,
um pouco de horizontes,
um punhadinho de poesia
e todas as saudades.
Sou feita de sol,
de sombras,
de água, de primavera,
mas minha pele é emprenhada de outonos.
O que me move é o sonho,
o que me encanta é a terna ousadia,
mas é a utopia que liberta o meu caminhar .
E o amor me faz amanhecer...
Rabiscos de sonhos
Quantos sonhos eu pendurei no horizonte,
quantos caminhos não percorridos
deixei que morressem,
antes que conhecessem
o toque de meus pés cansado.
Parei o tempo...
fui procurar o que deixei largado
e na procura dos sonhos
achei somente velhos pergaminhos
bordados de esperança,
moleskines rabiscados pelo
tempo saudade
e sandálias perdidas
na ciranda da historia.
Me achei num tempo lindo
chamado solidão...
Desabrochar
Que o dia chegue
e desabroche a flor do meu coração,
do seu e do coração do mundo.
Desabroche o canto do sabiá
que ficou calado
no instante da tempestade.
Que o desabrochar do amanhecer
rasgue a venda que
impede as rosas de florescer,
de caminhar pelos jardins
enquanto a primavera retarda.
Que nenhum labirinto
seja profundo
e que a primavera perfume
o caminhar de quem sonha
com todas as estações.
Colha o amanhecer
como os varais colhem o orvalho
esquecido pelas madrugada.
Outros horizontes
Minha infinda luz,
preciso de uma centelha para não me pagar
neste deserto sem fim que
ora atravesso.
Que venha uma fresta na porta do tempo,
uma fenda que me alimente a esperança,
os sonhos e a saudade das utopias.
Minha pequena luz,
me guia nesses dias que
preciso ser colo, amparo,
consolo, proteção e perdão.
Meu farol de luz,
proteja os meus cristais
dessa imensa tempestade,
não quero que eles se quebrem.
Minha pequena luz,
gratidão... já vejo um ponto de luz
mesmo que distante...
Minha pequenagrande luz, já vejo uma clareira.
Uma linda flor
Minha pequena flor,
já vejo pingar amor no jardim
que sonhei pra ti.
Te criei dentro de mim,
te vi crescer, florir e se perder
num emaranhado sem fim
ou num triste engaiolado jardim.
Mas chega a primavera e traz com ela
a chave de todas as liberdades
A felicidade te toca
e faz nascer em ti asas
Vai, voa, leva contigo o sonho
de um livre jardim.
Que a nossa estrela te guie
por um céu vermelho aquarelado,
até que o infinito se transforme
em horizontes encantados
Voa minha pequena flor.
Tempo de semear
Sabe aquele medo?
O guardei no fundo de minha
caixinha de pedras.
Desde que vi a libélula
descendo escada,
vi que o medo não era quase nada
perto da esperança
que em mim brota.
Tristezas e lagrimas ainda
se espalham entre
minha pele e pétalas,
mas para quem ama jardins,
agora é hora de semear,
afeto, pão, cuidado, esperança...
Sabe aquele medo?
Tirei da caixinha e o costurei
nas asas de uma borboleta amarela
que vi num tronco velho
com folhas bem verdinhas.
