As flores que brotam na calçada. Tentei colocá-las no jardim, mas nada, fugiram e forjaram nascer na sua própria rebeldia. Amo essas rebeldes ousadias!! saúde e luz para você que passeia por esse Peles e Pétalas.
 

De vento e de flores

Voltei no tempo,

fui procurar o lenço vermelho

que deixei pendurado

no farol dos sonhos.

O tempo sumiu entre a poesia

dos meus dedos.

O lenço voou, nas asas da liberdade

e se encantou no laço do meu querer.

Voltei no tempo,

mas ele já não estava tão intenso,

já bem velho não soube me dizer

onde estava você,

disse que em algum lugar,

na imensidão do espaço,

tomado de vento e flores. 

Sou mais um fio na grande Teia da Vida! Namastê
 

Lentamente

E o vento chegou friozinho,

o tempo anuviou,

a tarde entristeceu

e o coração sinalizou,

dizendo que as boas aventuranças

aportaram no cais.

Que tempo intrigante é esse?

Me tirou os abraços,

a caminhada na praça,

fez ficar cada um na sua casa...

Mas a fé na primavera que chega

acalma a alma

e faz da triste tarde

um varal de poesias.

E o vento morno tocou minha pele,

dançou com o meu jardim

e dormiu sobre os braços

das lindas estrelas.

E o vento chegou...


Como é bonito tocar o coração das pessoas! compartilhar afetos, fortalecer saudades... Entre o céu e a agua, há um infinito amor, amor de vó! Luz e paz para você que ler esse blog!


 

Teia e luar

Quando a lua desponta,

os olhares se encantam,

a noite canta

e as estrelas seguem os rastros

de luz que a tudo conduz ao encontro do amor

Rumor de saudade no meu peito

se conchega docemente.

A lua cheia incendeia os cristais,

acorda os grãos de areia

e tece uma teia no voo das gaivotas.

Lua cheia, deixa a areia remover

as conchas trazidas pelo mar

e deixa ela andar por dentro

de minhas saudades... 

 

Na correnteza do rio corre a verve da vida! Do divino no alvorecer de cada dia! Da esperança que alimenta almas que nunca esqueceram de sonhar...

Tempo de renascer

Na ciranda desse tempo,

meio sem alento,

as dores na alma são profundas.

A solidão dilacera,

o medo corrói, acelera o coração,

a vã espera angustia, mas também se faz quimera

e resgata a esperança

no brotar de um novo mundo.

abro a janela e o lírio amarelo sorri pra mim

 Calço meus pés de terra

e nesse abençoado chão

sinto a energia amorosa do coração

de quem tudo faz para acolher o irmão perdido

nesse labirinto de descaso e solidão. 

Num tempo de solidão,

também é tempo de renascer... 



O sol brilha no fundo da alma. A esperança se alastra sobre a terra e a triste poesia vira festa... 
Uma noite abençoada para você que caminha por entre as palavras deste blog.

Lua branca

Além de mim uma lua branca sorri

É quase um entardecer

A brisa chega a mim pelo vento

gostoso do lindo Amazonas

e devolve pra ele, o rio,

 as minhas saudades.

Na solidão da tarde

ouço vozes de pessoas que em

algum quintal fazem o tempo passar

sem tanta ociosidade.

Ouço outras vozes de meus irmãos

passarinhos que deixam seus ninhos

do quintal de casa

e rumam seus voos de volta pra casa.

Saudades de minha gente...

a liberdade das flores que no jardim dançam

sob o branco de uma branca lua,

lembram-me que nos jardins não há pandemia.

Lua branca não deixa

morrer em mim a esperança....


O dia fecha a cortina, a noite estende um lençol azul. As aves voltam para seus ninhos e as estrelas se vestem de luz para fazer os olhos que choram, sorrir para o amanhã que virá. É assim a circularidade da Vida... Um vai e vem infinito.


Num final de tarde
Misericórdia, senhor!
Uma grande dor transpassa meu coração,
mas o amor atravessa meu olhar.
Lágrimas inundam a terra,
mas o sorriso aflora lá fora,
num horizonte perdido que parece
pousar por trás das ilhas.
Misericórdia,  espiritualidade de luz!
Que a tudo conduz
sob as asas do tempo.
Todos os lamentos sumirão quando
o escuro da noite passar.
Quando o egoísmo calar
e der lugar a doce compaixão.
A solidão doída eu guardo no botão
da flor que amanhã há de abrir-se.
Gratidão, Senhora pelo silêncio,
pelas ruas desertas,
pela carência de festas
que não acalentam o coração.
Gratidão ao azul do entardecer
e à brisa que mexe com meus cabelos...

As flores convivem com todas adversidades, partilham o tempo e o espaço e continuam belas. Espalham belezas em todos os cantos e encantam o mundo pelo simples fato de serem flores...
Olho pela janela do quarto de meu filho...
Não percebo medo no firmamento, ele está azul com nuvens brancas passeando, totalmente alheias ao que acontece com os humanos. Os açaizeiros que estão bem perto de mim balançam suas folhagens. As cigarras cantam, os passarinhos voam da jabuticabeira para a amoreira e aos meus ouvidos chegam o ronco dos carros que passam um pouco além de minha janela.
Aqui do meu lado há medo, distanciamento social (necessário). A ansiedade cobre o coração de muitas pessoas, muitas outras choram a perda de um ente amado que um tal vírus o sufocou.
Tudo passa sobre a terra! Esta dor vai passar. É preciso acender a chama da esperança. É necessário espalhar música, poesia, amor, desprendimento, solidariedade, fé na vida... esse vírus não é maior que o perdão, a gratidão, o arrependimento e o Amor. É preciso que nos reinventemos, que sejamos outros humanos, diferente do que fomos até gora. Digamos não a ganancia, ao desamor, a indiferença, a injustiça, a soberba..
Um carinhoso abraço!

A dança no circulo abraça o mundo, flui no movimento do corpo-alma, fortalece a amizade, espalha energia de amor nos corações cansados. Dança circular, a dança da suavidade... 

Dança circular
Na madrugada fria
puxei um lençol de poesia
e cobri o meu coração,
ele não pode gelar.
Prometi amar, cuidar, plantar,
semear, cantar, dançar, rebelar,
anunciar as belezas da vida
e denunciar o que põe em risco,
o sonho, coletivo.
Na brisa do dia, corpos se movimentam,
musica acalenta e a roda gira, gira
e uma torrente de emoções
brota dos olhos de quem ainda sonha
e dança um mundo com paz.

Vamos sorrir? Vamos ao encontro da simplicidade? Um lugar onde os pássaros cantam, o capim brilha e a alma repousa no silêncio... Um lugar onde se respira liberdade... 

Cor vermelha
Por que no fim das tardes
o vermelho se derrama dentro
de meus olhos?
Por que essa cor segue os carrosséis
e se mistura com a solidão
da estrela distante?
O vermelho que ontem vi se derramando
na tarde, hoje, molha o lenço verde
de Pachamama em festa.
Tudo nasce, tudo floresce...
As sementes trazidas pelos pássaros
cresceram e as flores tombam
sobre a rua deserta.
Mas uma libélula passa
e a pontinha de seus dedos toca cada pétala
e a Beija Flor voa saboreando
a seiva transbordante.
Uma folha vermelha se desprende...

Vejo Deus, também aqui... principalmente nas orquídeas que eu planto  na janela de minha alma... Gratidão a criação Divina!

 Templo sagrado
Vi Deus andando entre os coqueirais
Vi que seus pés deixavam marcas
enfeitadas de maresia,
de conchas e rebelde harmonia.
Vi Deus, seus cabelos tinham a cor
da aurora e cheiro de crepúsculo
Suas mãos tocavam as gaivotas em voo.
Vi Deus sentado num banco
de um velho trapiche,
sentindo um devaneio,
o que fazem os filhos seus?
Vi Deus mergulhando no mar,
lavando sua dor,
pescando nos rios, comendo peixe
e farinha com os ribeirinhos
em palhoças e tapiris.
Vi Deus no entardecer,
transpassado da cor violeta,
fazendo festa com as borboletas
que se alegram com o verão,
com todas as estações,
com a constelação de estrelas
que moram em suas asas.
Vi Deus num túnel verde...
Numa mão trazia um lampião,
na outra mão um balde com água
para apagar nas queimadas
que fazem chorar o seu coração.
Vi Deus num caminho de flores,
cercado dos amores que ligam terra e céu
Vi Deus entre as vitorias regias,
no sol que se ponha
nos fins de tardes.
Vejo Deus entre o seu povo,
aparando raios, abençoando  os vento,
dizendo que o advento está entre nós,
dentro de nós...
Sinto Deus em mim, em você,
em quem fala, em quem se cala,
em quem faz um mundo novo nascer.
Sinto Deus na dor do irmão e da irmã,
na alegria de quem faz do dia a dia
a sua epifania, a sua ressurreição.
Vejo Deus no meu quintal...

Muitas pessoas falam da beleza de minha casa. Mas lhes digo, não é da construção que elas falam. A beleza esta nas flores que se espalham por todo o quintal.  Eu fico feliz! Que as flores de minha casa possam encher de cor o caminhar das pessoas que na rua passam...

Pétalas na calçada
Entre minha voz e a canção
vejo um beija flor a procura da seiva,
a procura de seu amor que logo
aparece nas letras dos madrigais.
A canção silenciou nos lábios da aprendiz,
só o olhar se perdeu
entre balanços e cristais,
entre pedras, ninhos e pérolas.
O horizonte distante,
trouxe pra perto a solidão do tempo
O ipê tombado de flores,
escreve seus amores, fala de suas saudades
e a calçada brinca
com as pétalas nela espalhadas.

 Meu quintal é um jardim! Planto flores porque amo estar perto delas, conversar, escutar, silenciar com elas. Que elas encham os olhos de quem passa na rua. Que elas encham o mundo de beleza, gentileza e amor.

Casa vazia
No silencio da casa vazia,
recorro a poesia...
Sem inspiração e razão um pouco de lado,
colho os pingos d’água
que descem pelo telhado.
Onde está você meu amor?
Onde estão os amores da minha vida?
Os botões desabrocham,
a solidão é triste, triste?
Não. É cheia de coração
que como bolinha de sabão,
voa ao vento.
O ventre fecundo,
agora está vazio de saudades.
O silêncio da casa vazia
está cheio de rosas!
Flores orvalhadas que esperam a tua chegada...

Meus netos embelezam o meu cotidiano. Enchem de luz minha casa e de ternura o meu coração. Os meninos que poetizei vivem em condições muito diferente desses aqui. Mas são minhas crianças, também.

Meninos
Vi fúria no rosto do menino
Vi no rosto do menino, doçura
O medo abatia, a rebeldia insistia,
agonia falava, a gentileza gemia,
entre um passo e um recuo.
Leve dureza...
Gotas d’agua escorria
entre suor e lagrimas.
Palavras franzidas não davam conta
de costurar as relações puídas.
Crianças, travessuras, doçuras,
fazem do meu dia a dia,
uma eterna reinvenção.

Este flamboyant cresceu com meus filhos, mas a ventania da noite o levou para o jardim ondem habita todas as sementes...

Sementes e saudades
Como é triste te ver ao chão!
Sem verão e primavera
Flores singelas e quase amarelas
se espalham na poesia do asfalto.
Em qual sepulcro morre a ternura?
Em qual escombro nasce outro jardim?
Morte e vida se encontram,
e celebram a floração.
Chuva e ventania, também...
A agonia da madrugada,
eu bem sabia, algo estranho
acontecia entre o raiar do dia
e o silenciar do pequenino sabiá,
sem ninho.
Ainda te retirei do chão,
te coloquei em minhas mãos,
mas já eras sementes
nos jardins dos flamboyants...

Um dia eu sonhei ser uma montanha, MontanhAmor... Desde então meus olhos ficaram perdidos em algum ponto distante. O tempo passa eles continuam fora do meu alcance. Quando deles sinto falta, viro gaivotas...

Montanha e flor
E aquela imponente maravilha
se apresenta diante de mim
Logo a imaginação cria asas...
O que será que tem além?
Um jardim de girassóis?
Tulipas vermelhas?
Um lago com vitorias regias?
Uma cascata com bromélias penduradas?
Talvez um caminho feito de curvas
e um casebre abandonado.
Um ninho cheio de estrelas
e um velho jarro de barro
onde guardo os meus sonhos
Que lindas são as montanhas...

Na falta do meu vestido de flor, tenho um céu azul, o rio Amazonas e os barquinhos nos quais viajo os meus sonhos... (foto de Luciano Rodrigues)

De vento e de sonhos
Traz de volta os meus versos,
meu vestido de flor,
meu jardim aquecido de luas
e de amor.
Traz de volta os meus poemas,
meus caminhos de retas curvas,
o belo absurdo  da solidão.
Te devolvo pétalas de orvalho,
embaralho o teu destino
e as cortinas do teu olhar se abrirão
para um além de estrelas.
Te devolvo o livro pautado de tempo
que ontem foi o nosso templo  pintado
de vento e de sonhos.

Tenho um rio que banha os meus sonhos. Uma janela aberta para o horizonte e a poesia que detém o rio e alastra o meu olhar sobre  lua  e a mata habitada por seres encantados... 

Jardim de rosas
Eu vi no remanso da correnteza
o som do silêncio,
o cair da noite com  os gritos
dos maracanãs em voo.
Vi os gravetos correndo com a vazante,
neles havia sinais de mãos
de crianças travessas
e quando a preamar se acomodou
no leito do rio,
o redemoinho colheu suas pérolas
e canções, desde então,
o cálice transbordou
e o jardim de rosas floriu.