De
vento e de flores
Voltei
no tempo,
fui
procurar o lenço vermelho
que
deixei pendurado
no
farol dos sonhos.
O
tempo sumiu entre a poesia
dos
meus dedos.
O
lenço voou, nas asas da liberdade
e
se encantou no laço do meu querer.
Voltei
no tempo,
mas
ele já não estava tão intenso,
já
bem velho não soube me dizer
onde
estava você,
disse
que em algum lugar,
na
imensidão do espaço,
tomado de vento e flores.
Lentamente
E o vento chegou friozinho,
o tempo anuviou,
a tarde entristeceu
e o coração sinalizou,
dizendo que as boas aventuranças
aportaram no cais.
Que tempo intrigante é esse?
Me tirou os abraços,
a caminhada na praça,
fez ficar cada um na sua casa...
Mas a fé na primavera que chega
acalma a alma
e faz da triste tarde
um varal de poesias.
E o vento morno tocou minha pele,
dançou com o meu jardim
e dormiu sobre os braços
das lindas estrelas.
E o vento chegou...
Teia
e luar
Quando
a lua desponta,
os
olhares se encantam,
a
noite canta
e
as estrelas seguem os rastros
de
luz que a tudo conduz ao encontro do amor
Rumor
de saudade no meu peito
se
conchega docemente.
A
lua cheia incendeia os cristais,
acorda
os grãos de areia
e
tece uma teia no voo das gaivotas.
Lua
cheia, deixa a areia remover
as
conchas trazidas pelo mar
e
deixa ela andar por dentro
de minhas saudades...
Tempo de renascer
Na ciranda desse tempo,
meio sem alento,
as dores na alma são profundas.
A solidão dilacera,
o medo corrói, acelera o coração,
a vã espera angustia, mas também se faz quimera
e resgata a esperança
no brotar de um novo mundo.
abro a janela e o lírio amarelo sorri pra mim
Calço meus pés de terra
e nesse abençoado chão
sinto a energia amorosa do coração
de quem tudo faz para acolher o irmão perdido
nesse labirinto de descaso e solidão.
Num tempo de solidão,
também é tempo de renascer...
Lua
branca
Além
de mim uma lua branca sorri
É
quase um entardecer
A
brisa chega a mim pelo vento
gostoso
do lindo Amazonas
e
devolve pra ele, o rio,
as minhas saudades.
Na
solidão da tarde
ouço
vozes de pessoas que em
algum
quintal fazem o tempo passar
sem
tanta ociosidade.
Ouço
outras vozes de meus irmãos
passarinhos
que deixam seus ninhos
do
quintal de casa
e
rumam seus voos de volta pra casa.
Saudades
de minha gente...
a
liberdade das flores que no jardim dançam
sob
o branco de uma branca lua,
lembram-me
que nos jardins não há pandemia.
Lua
branca não deixa
morrer
em mim a esperança....
acontecia entre o raiar do dia