Outro acordar
É tão bom acordar e escutar...
O cachorro latir ao
longe,
O pássaro cantar,
A flor embelezar,
O botão se abrir,
O universo sorrir.
É gosto acordar e agradecer...
A aragem que balança,
Ao infinito que
canta,
A nuvem que dança,
Ao Criador que não se
cansa
de cuidar de mim.
Hoje eu acordei...
Minha gratidão à
vida, tão amiga,
Generosa, geradora,
amorosa...
Chuva e anjos
Nublado está o
tempo...
Sem voz o vento
silencia
e fala o inaudível de
sua voz
Paradas estão as
ramagens
o que faz da paisagem
um tempo de fina cor.
Nuvens inertes,
de veste marrom se
pinta o tempo
O sino toca na torre
do templo
e os pássaros a tempo
se alimentam
dos frutos ainda
verdes.
Olho
pela janela...
E todas as aquarelas
têm rosto de anjos
Molhados de tempo...
Transgressão da alma
Quando durmo minha alma
voa,
pousa
nos campos orvalhados,
nas
pequenas roças de lavradores cansados,
ajuda
a carregar o fardo, planta o roçado,
amola
as enxadas e ara sonhos.
E
entre sonhos e margaridas, apruma o mastro
e
antes de voltar pra me acordar
ata
sua rede nos tapiris e dorme um sono enluarado.
Minha
alma criança rabisca amor
nas
paredes do mundo,
medra
num sopro encantado,
faz
vigília pra acalmar as tempestades,
injeta
carne, que cria voos enquanto volta pra casa.
Em tempos de
vendavais
Eu planto jardins para repousar meus sonhos
Cultivo
Margaridas para suavizar
as
feridas que se grudam na alma.
Olho
para os céus
e
vejo Deus na terra religando
os
meus cacos, os meus pedaços
deixados
pelo caminho.
Em
tempos de vendavais...
Vejo o tremular das velas ao vento,
se
equilibrando, sôfregas,
frágeis,
fortes...
Leves
como as asas das andorinhas,
que
surfam nas ondas bravas do mar.
Em
tempos de festas...
Eu
sou silencio, silêncio...
O destino de cada um
É
preciso aprimorar o olhar...
Para
compreender o que os céus têm a nos dizer
É
preciso se desprender
para
ver o que está perto de nós.
É
preciso deixar Deus pousar em nós
para
sarar a dor que nos corrói,
que
aflige o nosso viver.
É
preciso não esquecer que,
somos
pedacinhos de estrelas,
brilho
de luar, mistério do mar
e
que por isso amar é o nosso destino.
Bom dia gente linda! Fiquei algum tempo fora cuidando da saúde. Mas cá estou de volta...
Você conhece buriti? Este cacho ainda está verde e é um cartão postal plantado no quintal de meu filho que mora em Belém-PA.
Que o seu dia seja de gratidão à Vida e de celebração da alegria...
Com o carinho de sempre, eu...
Revoada do tempo
Chega um novo tempo..
Eu sou um doce sentimento
que
o vento plantou na
primavera passada,
quando a florada de
sonhos
se pintava de vermelho e
azul.
Eu canto um novo canto,
colho orvalhos numa cesta
dourada,
canto de pássaros em
revoada,
amo o vai e vem da tarde
que já começa
se vestir de saudades.
Chega um novo tempo...
Deslumbra-se no horizonte
uma lua bonita,
um céu colorido nas cores
da noite
e uma carruagem encantada
movida pelas estrelas.
Sobre o encantar
Quando o pôr do sol me
encantar,
há de ficar fios dos meus
cabelos
na terra do meu jardim,
nas roseiras, as linhas
de minha mão,
nas Helicônias, um
punhado de paixão,
nas orquídeas, pedacinhos
do horizonte,
nos poemas, o brilho do
meu olhar,
nas canções da minha
terra o desafino de minha voz.
Quando o pôr do sol me
libertar,
as estrelas vão costurar
o meu destino,
o meu carinho nos
pergaminhos
tatuados nos muros da
vida.
A brisa doce do mar
vai salpicar arco íris
nos pássaros
que voam sobre o rio Amazonas,
cativando o meu olhar.
Primeira Carta: por uma
educação da ternura, do diálogo e da co-responsabilidade – recordando Paulo
Freire...
A vida é breve, a alma é vasta
(Fernando Pessoa)
Caríssimos professores-professoras,
educandos e educandas que educam e são educados sob o sol do Equador e a brisa
do rio Amazonas...
Escolhemos a sombra de um jambeiro para repousar as nossas
tristezas, as nossas preocupações, uma pitadinha de desencanto com tudo que
ouvimos, sem perder a nossa fé e a nossa alegria, quando vemos e compreendemos
o atual estado da Educação no nosso Estado do Amapá.
Somos um dos grupos de professores-professoras que faz do seu
cotidiano um constante desafio em reinventar diferentes maneiras de criar
espaços de educação que cuide da VIDA. Este sonho se fortaleceu lá pelo velho e
saudoso Instituto de Educação do Amapá-IETA, portanto, temos o dever de
continuar a rebelar a nossa ousadia, de questionar a razão pela qual fazemos o
nosso trabalho, nosso fazer pedagógico, seguindo a problematizar realidades,
coçar almas, semear outros olhares.
Nunca nos negamos dentro de nossa incompletude ao compromisso
de educar. Fazemos Educação com carinho, como o jardineiro que cuida com amor
de seu jardim. Investimos em beleza e encanto, compartilhando nossos recursos,
mas como sempre foi nossa escolha fazer do jeito que fazemos com música,
poesia, mística, embelezamento do espaço, com a alegria de que podemos tornar
nosso espaço-tempo escolar mais prazeroso de se Viver.
Em 2002, organizamos o Projeto de Formação Continuada com o
apoio do atual Governo, o que fortalecia nossa esperança.
Em 2010, construímos o Projeto Semeando. Cada palavra foi
escrita com a nossa alma, com o nosso corpo, com toda a nossa inteireza e
através dele e com ele viajamos todos os municípios deste Estado, dialogando, vivenciando
uma proposta de uma educação que entrelace a cognição com a amorosidade e,
sempre, fomos recebidos carinhosamente pelas Escolas e Instituições outras.
Durante esse caminhar em diferentes trilhas, escrevemos a
revista “Religando o conhecer ao viver”, com os temas “Avaliação” e “Relações
Interpessoais.” Concluímos um livro que conta a história político-pedagógica do
IETA (a publicar); outro livro foi
escrito com as experiências educativas vividas durante três anos na Escola Dom
José Maritano ( a publicar); e mais dois pequenos livros, um que conta as
histórias bonitas e significativas das professoras e professores deste Estado e
outro filho, agora, já concebido, sobre Conselho de Classe (a publicar). E assim
entrelaçamos nossos sonhos com quem acredita que podemos entrelaçá-los com os
sonhos de Cora Coralina que nos ensina que nada tem sentido se não tocarmos o
coração das pessoas.
Mas, hoje, diante de um cenário um tanto triste e angustiante,
começamos a nos perguntar: como Ver beleza no prédio, na sala que
trabalhamos, se estão sujos porque não tem material de limpeza? Se não tem água
nos banheiros? Se mesmo com salários parcelados, ainda precisamos comprar água,
gás, café, material pedagógico...? Como Esperar no sentido do saber complexo,
vendo a tristeza e indignação de quem passou a ganhar menos, ainda por ter
perdido a regência de classe e mais triste sentir que há mágoas entre quem
perdeu a regência e quem não perdeu, talvez, quem não perdeu está com medo de
perder, quem perdeu está incrédulo com tantos equívocos.
Difícil continuar
fingindo que está tudo bem. Difícil Abraçar este tempo de muitas
cobranças se as condições oferecidas são escassas.
Esta carta é um grito de clamor pelo desejo de continuarmos,
acreditando que a Educação é uma ferramenta e um brinquedo na reinvenção do mundo.
Saber conversar é mais um dos saberes do pensamento complexo, nas
rodas-oficinas que estamos fazendo. Nas escolas estamos dialogando, enquanto
Secretaria de Educação que somos, sobre Gestão democrática, que não se trata apenas de uma teoria, mas de
uma vivência construída na conversa, na partilha de saberes, na alegria de se
estar fazendo algo diferente, belo e coletivamente. Mas estamos compreendendo o
quanto estamos sendo contraditórios. As pessoas nas escolas estão nutrindo um
sentimento de abandono. Estão vivendo no atual momento um constante estado de
insegurança, de angústia, de desesperança e isso é triste.
Portanto, em nome do bem conviver e em nome da educação como CULTURA
DE PAZ esperamos reconstruir nossos diálogos, enquanto Secretaria de Educação que
educa para a vida, que educa pessoas para o Saber amar, para saber cuidar
das pessoas para uma sensível reflexão sobre o momento vivido.
Vamos nos escutar com
sensibilidade, vamos nos falar, vamos dizer o que estamos sentindo, vamos
compartilhar as belezas de nossas vivências, vamos reencantar os nossos sonhos, vamos nos fortalecer nos
pilares da educação: aprender a aprender, aprender a conviver, aprender a fazer
e aprender a ser.
É o que espera de todos nós, educadores-educadoras, a
Comunidade Aprendente deste Estado, em nome da Paz, em nome da Vida...
Deusa Maria Rodrigues Ilário
Ousar recomeçar
Falta pão na mesa e perdão
entre irmãos,
se sonha na solidão e se
esconde a compaixão,
o pão é jogado fora,
enquanto a criança chora
pelo mundo afora
a falta de um grão de
arroz e feijão
Quem rouba, quem explora,
sabe que a sua hora está
perto de chegar.
Falta pão e beleza,
mas sonhar é ousar
recomeçar
As sementes se espalham,
mas falta quem semear.
Eu ganhei uma cesta com
flores,
sonhos e sementes
Vem, vamos semear um
outro pensar,
amar nas nuvens, dançar
na chuva,
acordar a consciência,
desacomodar...
Morna tarde
A tarde estava sombria,
quase que chovia uma
chuva morna
Eu decidi voar e logo
percebi que
minhas asas tremiam quase
encharcadas,
raios incandescentes
tremulavam os meus vitrais.
Relâmpagos queimavam minhas
penas e asas,
olhar embaçado limitava o infinito,
mas o medo eu o pousei
meigamente no horizonte.
Feliz eu fiquei quando os
cintos
desfivelaram a minha
liberdade
e meus pés tocaram o solo
sagrado,
mesmo que calçado com
dura capa de asfalto.
A tarde sombria virou uma
noite
de alegria, de colo,
sorrisos,
saudades e reencontros.
Rosas e borboletas
Senti saudades de ti.
Pedi ao artesão da vida, linhas e agulhas
para costurar rosas e
borboletas nos teus sonhos.
Rosas para florir o
tempo,
borboletas para embelezar
os campos
onde estende os teus
lençóis.
Senti tristeza por um
tempo perdido,
vivido sem sentido e de
sentimentos vãos.
A razão não cultivou o mistério
e a emoção não acordou os
anjos adormecidos,
não soprou o seu espírito
no mundo que sonhou
Hoje, os tambores cantam
suas doces saudades.
Sentir saudades de ti...
Remansos e correntezas
O vento sopra, o galho
balança e como numa dança deixa que a semente cumpra o seu destino que é o de,
voltar pra terra, germinar, reflorescer, gestar o ciclo continuo da vida.
As sementes que caem na
terra, já caem no leito sagrado e fecundante, mas tem sementes que levadas pelo
vento caem nos rios e são levadas pela correnteza. Poucas seguem o fluxo
ininterrupto dos rios, a maioria vão se juntando pelas margens, criam uma enigmática
proteção. As vezes encalham nas ramagens aquáticas e por lá ficam, até que uma
grande ventania as arrastem até ao meio intempestivo das águas ou que o tempo
as transforme novamente em adubo.
Eu amos as margens dos
rios...Quando eu era criança tinha imenso
prazer de catar sementes trazidas pelas águas, elas eram os meus
brinquedos. Mas também observava as sementes que seguiam as correntezas dos
rios e quão difícil era deter uma delas. Por que, apenas algumas sementes
seguem o fluxo veloz das águas? Observo, também que por serem poucas, quase
sempre seguem sozinhas. Sozinhas? Não. Elas tem todo o universo com elas. Mas,
eu estou falando de sementes... O que será que a natureza me diz através desta
observação?
E as sementes que se
juntam nas margens, como se essas fossem a sua proteção? O seu ninho? Ou é o se
juntar que é a verdadeira proteção? Será que elas, ainda servem como brinquedos
para alguma deusa? As que seguiram a correnteza podemos afirmar que vão
conhecer o mar? Qual dessas sementes eu gosto de ser? Posso ser as duas ao
mesmo tempo?
Uma Rosa... Ao conversar com ela todas as manhãs, meu coração transborda Paz...
Esta me fala da sua singeleza... Eu aprendo com ela que delicadeza gera delicadeza...
Com esta eu aprendo sobre saudades...E meus olhos ficam molhados de ternura...
Esta me ensina sobre ousadia. Elas estão tomando conta do telhado de minha casa... Com elas aprendo a rebeldia da Vida...
Esta me fala da sua singeleza... Eu aprendo com ela que delicadeza gera delicadeza...
Com esta eu aprendo sobre saudades...E meus olhos ficam molhados de ternura...
Esta me ensina sobre ousadia. Elas estão tomando conta do telhado de minha casa... Com elas aprendo a rebeldia da Vida...
Com esta eu aprendo a beleza das diferenças. As diferenças se complementam...
Eu desejo a você
A capacidade de sorrir,
mesmo quando
a tristeza invadir o seu
coração.
Leveza para criar suas tintas e pincéis e
assim aquarelar
o seu arco íris quando
quiser seguir as nuvens.
Que os seus lábios beijem
os risos esquecidos
quando a alegria se
esquecer de ti.
Que não esqueça do calor
dos abraços e abrace,
Afague, cative.
Que os teus olhos estejam
sempre curiosos
para as belezas que estão
ao teu lado.
Que a dúvida esteja sempre presente,
pois é ela que gera em ti
as certezas passageiras.
Que a tua fé ande ao lado da tua força,
seja anjo, sonhador e
criança.
Que a tua sabedoria atice
a tua coragem de ser você
em toda a sua plenitude.
Que tenhas paciência na tessitura
dos caminhos da vida.
Enfim... Que não esqueça:
O amor é abrasador, mas
também é suave, é mansidão
Te fortalece com o outro
e seja feliz.
Olá, boa tarde para você que visita este meu-nosso cantinho de guardar palavras, de cativar almas simples e belas... Você conhece esta palmeira? É um mucajazeiro. Seu fruto possui um cheiro peculiar das tardes mornas. Quando vim morar nesta casa eles eram pequenos. Cuidei deles e hoje estão assim...
Labirintos e lareiras
Hoje vejo o quanto és
belo...
Os teus olhos brilham,
como faróis nas noites
escuras
Teus cabelos voam soltos
ao vento,
encaracolando os cachos,
e perfumando o tempo.
Teu coração canta ao
ouvido dos anjos,
tua voz cativa, desliza carinho,
revela segredos
Tua alma encanta, teus
sonhos contagiam.
Os olhos cantam a
esperança, nas andanças
nos passos de dança, nas utopias.
O coração sai do peito
como se uma estrela guia
fosse.
A voz sussurra por baixo
do travesseiro,
acordando a tarde,
riscando no espelho,
escolhas e destinos.
Minha alma caminha entre
labirintos
e lareiras e descansa no
dorso
da boniteza de um sonho.
Maria e eu
Hora da Ave Maria...
Bate uma tristeza enlaçada
com a tarde
Parece que um pedacinho de mim se vai
na doce saudade
do que não foi e não será
jamais.
É Ave Maria...
Os pássaros voam de volta
para seus ninhos,
levam com eles o meu
entardecer
A terra seca geme, mas
logo
a brisa orvalhada há de
molhar a Gaia maltratada
e no amanhecer as rosas
vão florescer
e a tristeza vira
liberdade.
Ave Maria cheia de
graça...
O silencio pousa
suavemente suas mãos
na solidão que eu gosto
de ter
O vento abre a janela, o
telefone toca, lá se vai a
minha imaginação, o
horizonte, a poesia, o meu pedido
de perdão e a minha eterna gratidão a Vida.
Bendita és tu entre as
mulheres...
Um sonho que sobrevoa o cais
Quem se arrisca a
dizer...
O paradeiro daquele
sonho?
Seguiu a revoada das andorinhas?
O mergulho das gaivotas?
O cardume dos peixes na piracema?
Os remansos e redemoinhos
do rio?
As correntes do mar?
Será que encalhou na
canção a cantar
na beira do velho cais?
Aonde está o meu sonho?
No puído do surrado blusão...
Num cantinho morno do meu
coração que
se faz além dos vendavais,
das velas dos possíveis
destinos
e da beleza de amar
navegar.
O meu sonho está aqui,
dentro de mim, dentro de
ti,
no barco que se solta do
cais...
Aprendiz da alegria
Junta a lágrima,
água que lava o seu
prato,
que ternura os seus
olhos,
que limpa de seu olhar os
dias cinzas,
talvez tombados de dor.
Seca a lágrima, respira
suave
e profundamente,
veja que o horizonte está
te falando de amor.
Chorar é bom, é bom
aliviar as tormentas
que se grudam na alma
Agora recuperas a calma, é
hora de ser feliz
e aprendiz do que ainda
virá.
Te entregas a magia de ser, de sorrir, de
fluir
A agonia pode até reaparecer,
mas não é agora, talvez
num outro amanhecer.
Chorar cria brilho no
olhar...
Lenha e poesia
Ponho lenha na fogueira,
ateio o fogo pra
afugentar os maus olhados,
os quebrantos e as
misuras que eu mesma faço
Também as dores e as
tristezas
de um tempo que volta ao
passado
e que nem sei se deixa saudades.
Ponho vento nas palavras,
ponho palavras na alma
Dos olhos faço poemas,
nos versos desenho
horizontes.
Ponho lenha na fogueira,
cachoeiras no fogo,
a lenha acende as chama,
o amor incendeia as
entranhas da esperança.
Ponho o horizonte nos meus pés cansados,
rosas nos seus sonhos
cálidos
e nuvens de algodão no
seu coração,
no meu e de toda essa
multidão que talvez,
perdida está na ilusão de
quem
não acha seu próprio caminho.
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