Os retalhos do tempo jogados no vão da janela voam ao sabor do vento. Adeus “velho” retalho!
Neste limiar de um outro novo velho retalho, quero continuar, com você, amigo-amiga de perto e de longe, tecer diferentes sonhos, espalhar ternura através das palavras, escrever versos de amor, plantar flores nos caminhos, pintar de esperança o coração daqueles e daquelas que passeiam nesta varanda virtual e no blog peles e pétalas.
Os retalhos do tempo são costurados a colcha da eternidade da Vida, mas para que esta colcha fique bonita, necessita de delicadeza nas relações cotidianas, da pureza de almas, da generosidade de corações, da minha e da sua capacidade de amar infinitamente...
Bora, costurar belezas nesse “novo” retalho que o vento pousará em nossas mãos?
Felicidades para você que é costurante de ousadias e branduras!

Gratidão e carinho por você ser-estar na minha vida! 

Invernos
Rosas vermelhas brancas plantadas na varanda
Quem plantou?
O orvalho da noite passada
que docemente despediu-se da madrugada
e veio trazer beleza para a manhã pálida, 
de outras alvoradas.
Girassóis tombaram com a forte 
tempestade do anoitecer
As dálias soluçam púrpuras lágrimas,
no vaso sem cor
Mas logo são adubadas pelo jardineiro cuidador
que com suas mãos de marfim
sabe cuidar dos jardins e de todas as flores.
Rosas, Dálias e Girassóis sejam quentes lençóis
neste natal de intensos invernos...


Através dos vitrais
Num sombrio corredor, uma mangueira ao longe,
entrecortada pelo horizonte, esvoaçada 
pelo vento que forja,
distante, um novo amanhecer.
Por trás dos vitrais olho o meu triste olhar
Custo acreditar que ainda tem a cor da esperança,
o sabor das andanças, mesmo que
me falte a ternura do luar, a lua, e a rua seja,
simplesmente, um lugar pra se passar, 
apressadamente.
Correria...
Velocidade quase vazia dita os sentimentos
do dia que não me dizem do amor
que ora se aninha no meu peito.
 Enquanto espero,
vejo tudo perecer, renascer em movimento
Num triste agonizar do brando silêncio... 

Chegou a mais bela tristeza, tempo de espera, onde uma fita amarela prende os embrulhos com presentes meus. Eles chegam assim: numa nuvem escura, num pingo de chuva, na palidez do tempo, na plenitude do momento, no silenciar dos meus olhos...

Paz e bem pra você..
Velha cadeira
Você se lembra daquela velha cadeira
que eu costumava sentar para esperar a noite chegar
e você apontar entre as estrelas?
A cadeira sumiu, fugiu entre os cachos da cerejeira
que só sabem se abrir em flor.
Ficou a estrada toda encurvada 
entre o tempo e a espera,
entre a fantasia e a quimera
que colhe das pedras, pétalas e cristais.
Eu quero a velha cadeira,
a ladeira ladrilhada de sonhos e de paz
Quero a alegria do dia
      que já se esconde no doce cantar dos pardais... 
Sonhada liberdade
Passa o tempo, passa o vento, passa o pranto,
passa o canto, passa o próprio passo
Só não passa o amor que move a vida da gente.
 Gente alegre, triste, falante, encantante...
Gente que passa,
gente que anda, gente que se amarra
no fundo das amarras que amarram o mundo.
Gente que se quebra pelo caminho,
que muda o seu destino
e faz ecoar o grito silencioso da sonhada liberdade.

O ACORDAR DA BELEZA
O dia acordou manhoso,
a minha estrela perambulou no imaginário celeste,
cansou, desapegou-se e virou estrela cadente.
A folha de tão verde amarelou,
secou, o vento soprou
e ela voou no tempo como se revoada 
de borboletas fosse
Meu jardim refloresceu bonitamente,
pétalas se espalham na terra de pedras,
a paixão rola pelo chão
e vira perolas, versos e lírios entardecidos.

Infinito meu
água molhava o convés do barco,
como o orvalho molha a madrugada 
dos tristes invernos.
Tanta maresia, que não coube no rio
e subiu para tornar o horizonte mais bonito
no seu infinito, no infinito meu.
A ventania paralisou o meu pensar,
o pulsar de um coração
que segue os devaneios de um inteiro pedaço de mar.
Esse dia é como uma criança agitada,
pula, corre, mexe, remexe
e molha de inverno esta alma
que busca as borboletas para pintar-se no espaço
bordado de caramanchão de flores...

Delicadamente
Vem, traz os pincéis para criarmos artes 
nas auroras passivas
Traz tinta para darmos cor aos 
horizontes cinza e pálidos
Traz a caneta para rubricarmos no tempo uma rosa lilás
Traz a ternura para marcarmos no asfalto
um amor bem devagar
Traz um sonho
para pendurarmos no galho tombado do jatobá.
Que os mágicos pincéis, as tintas 
respingadas de estrelas,
a caneta molhada de mar, a ternura franzida de flores
 e o sonho semeado nas estradas, te tragam pra mim,
bem assim, delicadamente...

Todas as rosas
Um gemido rasga a pétala da rosa vermelha,
frágil, delicado, quase um sussurro
Uma lágrima rola da essência da flor amarela,
tão singela, tão viva que nem parece feita de plástico.
Rosas vermelhas e amarelas
não chorem na janela vendo o jardim em flor
Saiam desse vaso vazio,
atravessem a varanda e virem 
uma Rosa, uma Margarida,
uma Maria bonita que não se paralisa nos vendavais
Só não deixem que lhes sufoque no peito 
o grito dos finos cristais.
O aroma das rosas atiça nos passarinhos,
o desejo de voar, a ternura de achar que, sonhar
                          é um mel que embala a vida.
Oca dos curumins
Cheiro gostoso é o aroma da terra!
Terra preta, grávida de vidas,
franzida de prantos e talhada de amor.
Terra que gera as flores, que gera os meus amores,
Gera a amora de cor púrpura
e as auroras encravadas no barro.
Terra casa, terra água, planeta azul,
terra que nos canteiros
faz nascerem viveiros de belas liberdades.
Terra jardim, oca dos curumins,
choupana de marfim, cabana de parir sonhos.
Terra preta, vermelha, lilás...
Gritas e silencias, choras e cantas, e mesmo assim,
amas os filhos e filhas que abusam de ti.
Terra... terra... terra...

Talismã
Eu deitei num velho divã
O macio divã se moldou ao meu corpo
e a vida se fez suave naquele couro 
desbotado pelo tempo.
Dormi e o acaso cuidou do meu rosto pálido
Sonhei que o divã trançava meus cabelos,
beijava minhas mãos com ternura franzida
e bordava nos meus olhos fechados a palavra amor.
 Amor que chegou pelo silencio do vento
e se foi na brisa tristonha da tarde
Meu divã fugiu, foi fazer descansar o cansaço da noite.
Meu divã virou talismã...
Para você
Arei um jardim pra ti, plantei nele uma flor
Escrevi um poema de amor e tatuei na tua janela
Colori o céu de estrelas para encantar 
a noite melancólica
Pus no teu olhar uma gaivota menina
pra ela fazer um ninho dentro dos teus olhos.
Presenteei-te com um lenço macio
e ainda sequei a lagrima escondida
tingida de sorrisos, nem tristes e nem alegres,
mas, suaves, como o orvalho da manhã.
Se você aceitar partilhamos o nosso cantar,
um caminhar no luar
e todos os versos, rimas e simetrias
que fazem a vida uma estação da poesia,
uma sinfonia e uma canção de amor. 

O sorriso das flores
Eu gritei com o meu silencio,
o meu silencio não ouviu
 Eu falei com o meu silencio,
o meu silencio fugiu, sumiu entre o vazio e a plenitude.
Eu olhei para o meu silencio e vi a folha balançar,
vi a gaivota voar, uma pétala murcha cair no chão
e uma bolinha de sabão alcançar as nuvens.
Senti o meu silencio e pude ver o sorriso das flores,
a fala das águas, o cheiro dos amores,
a candura dos pássaros, a delicadeza do orvalho,
a simetria dos vales
e a bela tristeza do por do sol...
Uma rosa para você
Ele vem chegando com um sorriso aberto,
um olhar de ternura,
um afago e um gesto de esperança.
Traz nas mãos uma rosa,
no andar um sonho,
no falar um poema e no sentir um imenso amor
que vai alem do tempo.
Ele tece estrelas, borda luas cheias,
desenha arco Iris nas linhas do destino
e pinta mosaicos no céu das doces paixões.


Se eu amar demais
Perdoe-me...Pois o meu amor é veloz 
como o vento, suave como a brisa,
aquecedor como os raios de sol das manhãs de setembro, aconchegante como o frio 
das tardes de abril e doce como 
o sorriso de uma criança.
Perdoe-me...
Por eu amar as flores que 
enfeitam o mundo
Por eu trazer a primavera e soprá-la pela janela,entornando pétalas nos teus cabelos
molhados de sonhos.
Perdoe-me por eu ainda ser assim...
Doce-rebelde, santa-profana, bruxa-fada,
anjo sem asa, pés correndo estradas,
mas é assim que eu sei amar.
Perdoe-me...

Borboletas
Sonhei com uma caravela de borboletas,
elas eram a vela, o leme, a quilha e o mar
Borboletas caiam do céu,
viravam porto, velhos trapiches, arco íris...
Borboletas penetraram meus olhos,
invadiram meus sonhos,
embelezaram o espaço,
coloriram o tempo com suas cores.
Borboletas fizeram da tarde uma eterna viagem,
uma doce miragem, uma infância
perdida no sem fim da saudade.
Para você que visita este blog, que lê meus poemas...
A você desejo um lindo entardecer e uma semana com saúde, com muitas bênçãos e alegrias.
Tenho um imenso prazer em compartilhar com você este tempo que, apesar de tudo é cheio de belezas e esperanças. Este espaço, tão grande e tão curto, que afasta mas também aproxima as pessoas.
Um carinhoso abraço e gratidão, sempre...

Além de mim
Minha historia atravessa o tempo,
rompe o espaço, transgride os limites,
cala a fala dos gritos e sangra a boniteza do silencio.
Minha historia tem um diferente sabor,
tem cordas de amor com as quais 
eu enlaço o ontem,
o hoje e os amanhãs que nascerão
num sopro de liberdade.
Amo o passado como se fosse o baú 
encantado de minha avó,
como se fosse as talas que minha mãe pegava
para tecer balaios de sonhos.
Amo o amanhã porque nele a lua vai brilhar,
o barco vai navegar
e a criança vai aprimorar os seus trôpegos passos.
Ontem, hoje e o que virá são grãos de areias 
que giram nos
vitrais, antes, agora e depois de mim.
Caricia do vento
O vento faz uma folha pousar no meu peito
Uma folha vermelha que parece 
um pedaço de arco Iris,
uma chama ardente, uma pincelada de crepúsculo
Doce emoção molha meus seios,
pulsa forte no meu coração afagante.
 Que recado me trás o tempo, o forte vento
e a frágil folha que aceita voar 
tão perto de um sonho?
Que demente eu sou, não senti a poesia vindo a mim
no ato do cair de uma linda folha!
Vento, tempo, folha, o que dizes pra mim?
Ah! Enfim, começo a sentir que vieste a mim na caricia do vento. 
Marcas de amor
Vejo o amor no dia que amanhece,
no ipê que floresce, nas nuvens que descem
para surpreender o brincar das crianças.
Vejo o amor passarinhando no entardecer,
enamorando o conviver, 
abraçando sonhos e corpos.
Vejo o amor soprando as cinzas apagadas,
os tições queimados e o fogão sem lenha,
sem labaredas, com as chamas apagadas.
Vejo o amor no vento, no rastro da lua, no telhado de
estrelas, na fé que move o silencio da tarde...



Por traz dos seus olhos
Por traz dos seus olhos vejo imensas belezas, belezas que me emocionam, belezas que falam com carinho à minha alma, belezas que iluminam o mundo e acendem o desejo de sonhar, mesmo que sonhar esteja fora de moda, seja um quase nada em meio à nostalgia dos tempos modernos.
Por traz dos seus sonhos sinto ferver outras bem aventuranças, vejo surgir um mundo de bonanças e uma imensa esperança que faz o meu coração pulsar.  Além dos seus olhos voam gaivotas, uma andorinha se perde do bando e na sua solidão alcança as estrelas, se encanta, se embeleza, renova suas penas e volta a ser feliz.
Por traz dos seus olhos que ontem estavam tão pretos que pareciam verdes, eu vejo a lua mudando de cor, brincando na órbita sideral, derramando paixão nos corações enamorados. Muito além dos seus olhos, os horizontes cantam, afagam a dor que dilacera corpos, equilibram os espíritos aflitos, suavizam a caminhada de quem ainda não aprendeu a abrir os seus próprios caminhos.
Por traz dos seus olhos há oásis repousantes, há fontes cristalinas onde se banham todos os desertos. Há mesas com pão de amor onde o desamor sacia os seus desafetos. Há esperança embalando a juventude, chamando-a para a tessitura de seus sonhos. Há um coletivo cuidando de todas as vidas que partilham o mesmo ninho, a Terra.
Os olhos falam, revelam, escondem, denunciam sofrimentos, anunciam o amor, às vezes guardado na alma... Os olhos cativam e amedrontam. Fazem sonhar e fazem murchar a possibilidade dos encontros.
Eu amo os seus olhos! Eles têm a cor da saudade... Eu viajo no seu olhar que sempre busca outros horizontes...