Luas e ipês
Quebras silêncios e eternidades
Presenteias-me com uma meia lua,
mas os meus olhos bebem a lua por inteira.
Tua boca sedenta eu vejo na cor azul
onde eu bebo o sumo da saudade que cai
no asfalto frio e sem sentimento.
Os ipês abrem os braços
e acolhem o ventre triste da lua inconclusa,
que meigamente se abandona
e deita no chão sagrado
como se orvalho fosse.
O meu amor tem o rosto de um chão
orvalhado de sereno e de pétalas azuis
que se amarelam quando o branco da saudade
requer o lilás de outros sonhos.
Onde procurar a outra metade da lua?
A semente dos ipês, sem despetalar a flor?
Espero a lua cheia que virá
numa outra dimensão da vida!
Infinita seja a beleza de todas as luas
que clareiam a terra, canteiros de flores e de ipês!
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