E lá
vem...
Chão molhado,
coração encharcado de ternura,
um pássaro voa,
cai uma folha
e a terra bebe as gotas de chuva
que chegam de mansinho.
O céu escurece,
esquece das nuances cinzas
onde o bem te vi faz o seu ninho
e chama por seus filhotes.
Meus olhos se molham de gratidão,
mansidão, leveza, delicadeza
Quanto tempo ainda
vai precisar chover para
aquecer o coração de tantos...
Rio Araguari
Eu vi a tarde,
ela vinha macia,
jogando um pouquinho de seu
dourado sobre as pedras
e as pedras banhavam
a correnteza do rio Araguari.
Ameaçava chover,
mas as garças desconhecem
os perigos das grandes aguas,
se é que tem perigo.
As pedras voavam,
as garças nadavam
e o meu olhar era uma prece.
Eu vi a tarde,
a tarde me viu e no céu
de escuras nuvens
vi dançar um poema.
Eu vi a tarde,
ela era um botão
Eu vi os amanheceres
e eles já eram flores.
Flores
Que singeleza! Que beleza!
A natureza encanta,
canta e quem planta
enche os olhos de ternura.
As flores brotam, desabrocham
e fazem nascer jardins
nos olhos meus.
Nesses tempos
de tantos desalentos,
as flores transbordam,
bordam a imensidão de um tempo,
tão efêmero, diáfano,
capaz de fazer brilhar
e perfumar as estrelas da alma.
Lasca
de um poema
Te
procurei em algum lugar do infinito,
te
encontrei,
mas
você sumiu entre os verso do Neruda,
te
procurei, não te encontrei
e
sentei nas tabuas soltas
de
um velho trapiche.
Chorei...
O
grande rio colocou em minhas mãos
um
lenço que cheirava a jasmim,
o
jasmim de nossas saudades.
Bebi
a tarde que tinha o sabor
de
um gostoso café.
Indo
embora, o velho e encantado trapiche
me
abraçou, me entregou uma lasca de sonho,
um
poema feito de água
e a singeleza de um novo caminhar.