Em
algum Laguinho
No
silêncio do Canto,
nasce
um poema
Nos
cantos desse poema
há um
Canto que canta,
que
encanta,
que
faz dançar
os
instrumentos musicais.
Hoje ouvi
o seu violão chorar,
mas
logo depois,
um
sonoro gargalhar
se fez
escutar lá pros
cantos
do Laguinho.
O
Canto carregou o seu cantar
foi
para o lado de lá,
erguer
sua maloca
sobre
a brisa do rio mais belo
Foi
gapuiar a pororoca
e
girar o seu olhar
em
algum devaneio.
O
canto do Canto é prece,
sempre
batucando,
marabaixando
nos versos
sem
rimas
e nas
entrelinhas de todo poema.
Enfim,
sem fim, saudades...
Sou assim
Eu sou silêncio
Amo escutar o seio da vida,
escutar o vento conversando
com as folhas da amoreira,
escutar o som das nuvens
que se movem silenciosamente.
Amo escutar as conchas,
elas me falam do mar,
das ondas que
se quebram nas pedras,
das vozes silenciosas dos navios
que guardam destinos,
amores e saudades.
Eu amo o silêncio
e minha alma
se veste de solidão.
Além
da saudade
Vieste
a mim como
uma
paisagem moldurada
Não
havia sofrer,
nem
palidez,
nem
olhos sem cor.
Tocaste
em minhas mãos
Em vão
tentei pulsar teu coração,
mas
sumiste na dobra do tempo.
O casulo fica na terra
encantado,
mas a
historia,
ela fica pendurada
na
eternidade
e nos
pergaminhos da alma.
É na
calma do silencio
que tudo
vira saudade.
Sinto saudades...
Aprendiz
Eu sou
assim...
a
letra da canção
e a
canção da letra,
sou poesia e sou agonia.
Sou verso e inverso.
sou
pele e pedra,
sou a
parte do todo
e sou o todo da parte
sou silêncio e ousadia.
Sou linear
e hoslística,
sou alma
e coração
Sou razão e emoção,
no meu caminhar de cada dia.
Sou
você que vive em mim,
sou assim,
aprendiz
de jardins,
de helicônias e girassóis.
Os quandos
Tudo
passa...
o
tempo, o vento,
as
tempestades,
os
tons de cores no horizonte,
a
juventude, as dores da vida.
Outros
tempos aparecem,
isso
acontece quanto
o
vento silencia,
quando
as tempestades suavizam,
quando
o horizonte fica azul
que
nem o mar,
quando
a juventude dá lugar
aos
cabelos grisalhos
e
quando as dores viram saudades.
Meus
cabelos estão grisalhos,
minha
pele enrugando,
mas o
meu olhar continua
te
buscando nos sóis
das
madrugadas.
A
magia da lua
Céu e
terra brilhavam,
o povo
cantava e emanava luz
Lua
bonita, radiante e morosa,
coloria
cabelos ao vento
O
encanto da noite
encheu
meus olhos de ternura
e
saudades.
Nos
braços da lua,
Nando
Reis cantou,
encheu
o espaço de musicalidade,
de
amorosidade
e de
doces saudades.
Lua
bonita,
transborda
magia nas almas
quase
vazias
e
ilumina aqueles que doam
suas
mãos, sonhos e corações
por um
mundo mais fraterno,
mais terno e pleno de amor.
Eu
Na
vida eu choro,
me
faço alegria,
medro
no nada, me apago,
sou
luz, sou dor,
sou
odor, sou aroma.
Minha
alma é perfumada,
sou
errante,
sou
aprendiz do amor.
Escrevo
bobagens
pra te
fazer sorrir,
as
vezes a razão toma minhas mãos
e
escrevo pra te fazer refletir.
Amo
plantar jardins
pra te
ter como uma flor
E
assim, enfim,
vou me
costurando
na dinâmica do mundo.
Ao vento
Um
jardim passa pelos meus olhos
Flores,
flores, flores...
Mágicos
cachos
pendurados
no azul do céu,
entre
nuances marrons de
nuvens e roxorosa
de amores
e pétalas.
Poemas
voam nas asas
de
borboletas,
deixando
nas verdes janelas
réstias
de minhas saudades
Sem flores
lavo as dores do povo
No imenso rio Amazonas.
Flor e
dor
Mandei
pra você
um
vaso com girassóis,
meu
jardim estava sem sol,
o sol
estava queimando minha alma
e meus
sonhos.
Salvei
a frágil margarida,
ela
estava perdida
entre
os espinhos
de um
cacto sem flor.
Cutuquei
a lua,
ela
caiu sobre meus cabelos,
pesquei
as estrelas,
elas
deitaram em meus lençóis.
E assim,
iluminaram
minhas noites,
desabrocharam
a rosa perdida
e
saíram semeando orquídeas
em
todos os quintais
Eu canto
as dores
de todas as primaveras.
Assim
Ando assim,
costurando
aqui,
costurando
ali...
Costuro
a Gaia em flor,
costuro
um tempo de amor,
costuro
o depois de todos
os
horizontes.
Costuro
os meus retalhos,
desretalhada
sou num tempo
sem
inteireza.
Mas inteireza
eu sou,
e bem
acolá me deixaram
um
pezinho de saudades.
Era a
tarde de um amanhecer,
era um
amanhecer
de uma
tarde,
tudo
costurado virou
transcendência...
Os
adeus
Ah,
tristeza,
conversa
com a tristeza que
se
derrama dos meus olhos,
diz
pra ela que o pôr do sol
ainda
me encanta,
que o
amanhecer surge
ainda
que eu queira ficar sob
a
sombra da lua.
Outro
dia a minha tristeza
falou
que não gosta do entardecer,
ele
lhe causa medo e melancolia.
Mas a
minha alegria
há de
proferir uma prece
sempre que o sol dizer adeus
entre as linhas do horizonte.
Nalgumas madrugadas
Chega a madrugada...
Meus olhos sem sono
procuram o teclado do
computador
para esvaziar o peito,
para celebrar o raiar
do amanhecer que logo
desponta.
É nas madrugadas que as palavras acordam,
que os pássaros dão
seus primeiros acordes
A lua branca beija a
minha insônia,
molha de fantasia os meus pensamentos.
Os céus ainda
sonolentos
despertam os anjos
crianças
e esses, correm dentro de mim
como se num jardim
eu gerasse suas sementes
Sementes de amor...
Um sentir
Minha
vida é uma busca
de
belas belezas,
busco
um deserto inundado,
um mar
sem agua,
um
barco sem piloto,
um
piloto com barco.
Busco um
céu que nasça
dentro
de um rio,
um rio
que suba para o céu
numa
guirlanda
de verde
estrelas.
Busco
sinais nas pedras,
deixo
nas pedras
um
poema sem poesia.
Minha
vida é uma busca
apaixonada
pelo nada
cheio
de infinitas bonitezas.
Ali,
no infinito
Perdi
o meu olhar
nas
águas de lá, daquele
lado
do infinito.
Ficou
cravado, nas pedras,
nas
aguas, no mistério
daquele
portal.
Vi
meus ancestrais se banhando,
se
amando nas linhas
do
horizonte.
Me
achei nas samambaias
que
dançam
ao som
das cachoeiras,
sem
certezas, sem medos,
simplesmente
na
ousadia da entrega.
Meus
olhos se acharam
naquela
pequena flor que
por
amor vive entre céus,
pedras e borboletas em voo.
O
canto da alma
Minha
caminhada
tem
sido assim, rios de lágrimas,
cachoeiras
de paz,
serenas
pedras, doce reflexão,
encantamento
diante do infinito,
doçura
ante a finidade
de
todos os destinos.
Caminho
com os obstáculos,
meus
passos cansados
repousam
na minha fé
Os
faróis divinos
iluminam
minha estrada.
Sou
peregrina de um belo mundo
que
convive com
outros
mundos não tão bonitos
Minhas
mãos estendidas
plantam
flores, acolhe os amores
e
as sagradas saudades.
O
rio
A
canoa deslizava,
o
céu catava o verde que
balançava
no fundo rio.
O
sol recolhia os seus raios
que
como criança brincavam
nas
aguas do rio Jari.
Rio
sereno, tão bonito
e
bem escondido
no
meio da floresta,
entre
castanheiras, mungubeiras
e
belas samaumas.
Gaia
é mistério,
calça
os seus chinelos
e
caminha sobre as pedras
de
lindas cachoeiras.
Sentindo
Parei
de pensar,
vi
o barulho da chuva cair,
o
riso do verde surgir
e
vi uma estrela caindo
no
meio da multidão.
Tudo
medra, tudo canta,
a
magia do canto do sabiá
despertou
o meu olhar
para
infinito ninhos.
Parei
de pedir e senti que o mundo
que
eu quis está aqui,
diante
de mim, esperando
o
cuidado meu.
Parei
para escutar
e senti saudades...
Voos
Tempo
de colheita?
Quem
disse?
Eu
continuo semeando
grãos
de liberdade,
continuo
costurando os mimos
que
a vida me oferece,
continuo
bordando em minha alma
as
pétalas colhidas nos
versos dos caminhos.
Assim,
enfim,
abro
ao vento as colchas costuradas
no
meio da poeira da estrada,
corro
atrás dos retalhos
que
o vento leva pra longe de mim
e
ainda amo bordar no chão
da
terra um lençol
de pássaros em voo...
Tintas
e linhas
Que
eu saiba conversar
com
meus medos,
sorrir
quando a dor chegar,
dançar
com os meus desejos,
sonhar
mesmo quando
se
apagarem os faróis.
Que
eu sinta a rebeldia andar
por
dentro de mim,
que
a incerteza das rosas nascerem
em
jardins me inspire
a
segurar em meu olhar
todas
as primaveras.
Que
eu saiba esperar a tinta
de
meu desenho secar,
a
agulha costurar a colcha com
todos
os meus inteiros retalhos.
Que
saiba espiritualizar quando
a
angustia me alcançar,
olhar
o horizonte mesmo que
meus
óculos embaçados estejam.