Vi Deus andando entre os coqueirais
Vi
que seus pés deixavam marcas
enfeitadas de maresia,
de conchas e rebelde harmonia.
Vi Deus, seus cabelos tinham a cor
da
aurora e cheiro de crepúsculo
Suas mãos tocavam as gaivotas em voo.
Vi Deus sentado num banco
de um velho
trapiche,
sentindo um devaneio,
o que fazem os filhos seus?
Vi Deus mergulhando no mar,
lavando sua
dor,
pescando nos rios, comendo peixe
e farinha com os ribeirinhos
em palhoças e tapiris.
Vi Deus no entardecer,
transpassado da cor
violeta,
fazendo festa com as borboletas
que se alegram com o verão,
com todas
as estações,
com a constelação de estrelas
que moram em suas asas.
Vi Deus num túnel verde...
Numa mão trazia
um lampião,
na outra mão um balde com água
para apagar nas queimadas
que fazem
chorar o seu coração.
Vi Deus num caminho de flores,
cercado dos
amores que ligam terra e céu
Vi Deus entre as vitorias regias,
no sol
que se ponha
nos fins de tardes.
Vejo Deus entre o seu povo,
aparando
raios, abençoando os vento,
dizendo que
o advento está entre nós,
dentro de nós...
Sinto Deus em mim, em você,
em quem fala,
em quem se cala,
em quem faz um mundo novo nascer.
Sinto Deus na dor do irmão e da irmã,
na alegria de quem faz do dia a dia
a sua epifania, a sua ressurreição.
Vejo Deus no meu quintal...