Nalgumas madrugadas
Chega a madrugada...
Meus olhos sem sono
procuram o teclado do
computador
para esvaziar o
peito,
para celebrar o raiar
do amanhecer que logo
desponta.
É nas madrugadas que as palavras acordam,
que os pássaros dão
seus primeiros acordes
A lua branca beija a
minha insônia,
molha de fantasia os meus pensamentos.
Os céus ainda
sonolentos
despertam os anjos
crianças
e esses, correm
dentro de mim
como se num jardim eu
gerasse suas sementes
Sementes de amor...
Ousadia dos caminhos
Sou caminhante nos caminhos da vida,
andante de outras estradas,
andarilha de sonhos
num tempo empoeirado
e em galáxias amantes do nada.
Turbilhões de horizontes
grudam em meus chinelos feitos de vento
Caminhos e caminhante se misturam,
se revezam na finitude da memoria,
mas as curvas anunciam
os intrépidos sons de uma cavalgada.
Bem aventurados sejam os ousados
que não se dobram aos caminhos prontos...
Bem longe daqui
Pétalas rosadas caem
dos céus,
se acomodam na velha
calçada do cais
que testemunha a
minha silenciosa espera.
O alto muro
ampara meus braços
molhados de brisa
e as estrelas se
agasalham
no jardim dos meus
olhos.
As espumas do mar
que se quebram nas
pedras, aninham
a saudade que dói na
alma do velho farol.
E as pétalas de rosas continuam caindo
e o mar bebe minha
cálida saudade.
Pétalas da alma
Quem te disse que me
paralisas,
que me feres,
que me desequilibras?
Podes me magoar,
retardar o meu passo,
sujar os meus pincéis
feitos
para aquarelar o
mundo,
podes espocar a bolinha de sabão
que tem como missão
beijar o horizonte.
A cada passo
interrompido,
aprumo a direção
As mágoas dançam
comigo
na ciranda franzida da
vida.
Na falta dos pincéis
uso as rimas,
os versos e as
pétalas deixadas
no corrimão da
saudade.
Transmutação
Hoje apareceu na
minha janela
um galho de flores
tombado de encanto
A cor amarela teceu
no chão
um tapete de
primavera
e as violetas azuis
tingem de saudades
os meus cabelos trançados de brisa.
Hoje a cadeira de
balanço
se encontra com a
varanda vazia
que já sente que neste
dia
será perfumada de
jasmins.
Hoje o sabiá canta
pra mim
e eu voo na magia de suas
asas.
O tempo
pousa suas mãos na cor dos meus cabelos,
nos traços
do meu riso, no brilho dos meus olhos.
Mas não
apaga em mim, a chama que acende o peito;
a força que
me toma o braço, a fé que me mostra os caminhos
- essa
vontade de sonhar – Candinho&Inês
Segunda carta
pedagógica
Hoje não estou à sombra de um jambeiro, mas sim diante de um
pálido horizonte e ao som da sinfonia dos pássaros...
Por que nós do Projeto Semeando não participamos do processo
seletivo para a Formação Continuada, organizado pela Secretaria de Educação do
Estado do Amapá?
Nós, do Projeto Semeando, temos uma vida dedicada à educação.
Nossos cabelos já estão grisalhos, nossos olhos precisam de óculos, mas nossa
alma continua criança sonhadora.
Acreditamos numa educação da solidariedade e da delicadeza. Negamos a
competição. Competição é a negação do outro. Foi e continua sendo a competição
que criou e sustenta o mundo que hoje vivemos.
Ao longo desses anos, nosso tempo de trabalho foi e está
sendo o nosso tempo de vida, sem separação. Trabalhar no Núcleo de Formação
Continuada da SEED foi e está sendo um tempo de também cuidar e de ser cuidado,
de escutar belas e tristes histórias de nossos colegas professores-professoras,
de contar as nossas, de chorar e rir juntos, de partilhar nossos conhecimentos,
nossos saberes e nossos sabores, de escrever livros, revistas, cartilhas,
textos, de planejar e executar oficinas-Rodas de abraço com diversos e
diferentes temas.
Pesquisamos e ampliamos os nossos conhecimentos sobre a
teoria da complexidade, a Biologia do amor, a trans-interdisciplinaridade,
educação integral como inteireza do Ser. E assim sendo, compreendemos que
“somos responsáveis por aqueles que cativamos”. Portanto, foi por respeito aos princípios,
da construção coletiva, da co-responsabilidade, do cuidado com o outro, do
prazer de estar juntos, da ética, que não participamos. Participar seria negar
os nossos sonhos, propostas, nossa compreensão de uma educação cuja
centralidade seja a VIDA com fraternura, com resiliência, com ações cuidantes.
Foi por Amor que
não participamos do processo seletivo.
... “os sonhos são faróis, ardente feito sóis, que acendem a
alma e brilham sobre nós.”
Macapá - Terra Tucuju, 13 de janeiro de 2017.
Deusa Maria Rodrigues Ilário
Botões de rosas
Quem
pensou em molhar a chuva?
Quem
segurou o vento
entre
as mechas de teus cabelos?
Quem
acordou o sono
das
pétalas adormecidas?
Quem
deu o nome de rosa às flores
cheirosas
que desabrocharam nos teus sonhos?
O
morno da tarde
molhou
de chuva os meus olhos.
Nas
mechas de meus cabelos de nuvens
teceram-se
ousados poemas
e
as rosas ternas e cheirosas brotaram
botões de amor nos meus chinelos surrados.
Só se for amor
Minhas sementes de
amor
estão aqui, dentro do
jardim
e eu não posso, delas
esquecer.
Nasci para semear...
Semeante eu sou,
semeio amor, por amor
estou aqui,
semeio margaridas,
elas estão comigo
desde
o primeiro sonho.
Semeio rosas...
Elas são presença nas
prosas
de cada cair do sol.
Mas nesta madrugada
eu plantei orquídeas
para aquecer
o frio de minhas
mãos.
Beleza e saudade
A agua desce da fonte
se esgueirando entre as pedras,
roçando sua limpidez
sobre algum limo esquecido.
A dança dos seres coloridos
dão vida a fantasia da imaginação
Ébano dorme
e sobre seu peito nascem flores
desconhecidas, coloridas, silvestres.
Os olhos se encantam,
a alma repousa brincando com a memória
e com a saudade de um tempo
que sumiu na estrada.
Assinar:
Postagens (Atom)