Cheiro de girassóis
Muitas coisas estou largando ao léu,
me desapegando...
Agora ajunto estrelas cadentes,
pedras que sonham, pétalas trazidas pelo
vento,
pérolas desgrudadas do luar,
conchas perdidas do mar...
Ainda estou a caçar botões se abrindo em
flor.
Quanto amor eu ainda tenho pra colecionar?
Pra
semear entre o chão e as estrelas?
Pra bordar nos meus lençóis de ternura?
Pra desenhar nos travesseiros
que ainda guardam o teu cheiro?
Cheiro de pesqueiro de girassóis...
Tempo das flores e do silêncio
Você veio do tempo das flores
Veio ao meu encontro com a sinergia das
estrelas
Trouxe-me guirlandas de rosas vermelhas,
poemas partidos ao meio e laços de luas
cheias.
Você viajou na distância,
chegou numa carruagem puxada pela
esperança
e foi abrindo caminhos entre as folhas
secas.
Parece que não gostou do tempo de
sombras,
de penumbras e de silêncios
nos quais eu estendo a minha cabana.
Fique triste não, o meu chão é assim,
todo o universo cuida de mim,
mesmo que os sonhos caiam dos
caramanchões
e grudem na hora silenciosa da saudade.
Pedras outonais
Pedras outonais se espalham no caminho
Nelas os sonhos deslizam, sonham,
as vezes tropeçam
em seus devaneios
e adormecem sobre um lençol de sombras
Se cobrem com folhas que voam ao vento
e inspiram-se na solidão do silêncio.
Pedras outonais se vestem com a cor
cinza
e no vão entre uma pedra e o outono
brota uma suave delicadeza.
Ao longe, bem além...
O sol tinge de amarelo tantas quimeras,
passos incertos, incesto entre pedras e
folhas secas
De um velho banco acolho minha solidão
e brindo minha liberdade.
Pitada de nostalgia
O sol se vai...
Deixa a saudade rolando entre as pedras,
deixa um sonho de amor pendurado no
instante crepuscular,
deixa um lenço cheiroso para secar o
suor do rosto
de todo trabalhador.
O sol diz adeus...
Deixa nostalgia no olhar que se despede
do dia,
deixa o horizonte manchado de cansaço,
de poesia, de alegria e de agonias
até o outro dia que ainda virá.
O sol se vai...
Deixa paneiros cheios de sonhos,
deixa namorados abraçados,
ternura de mãos entrelaçadas,
revoadas de pássaros pintando o céu.
Deixa uma onda lavando os pinceis
que hoje usou para colorir o mundo
Deixa ainda, entre os escombros,
uma muda de esperança.
Na
brandura dos sonhos
Na
palidez e no colorido,
na
altivez e no delírio, estou sempre contigo
até
que floresçam os últimos arrozais.
Quando
as cores estão brandas
e
o delírio amacia o peito, não tem jeito,
saio
nas ruas distribuindo mudas de luas
e
sementes de girassóis.
Os
arrozais não podem desaparecer
hão
de ajudar a florescer também os milharais,
os
açaizais e os cristais paridos dos sonhos
Na
palidez e no colorido, na distância doída,
hei
sempre de te amar.
Um
ser feliz
Amarela
aqui,
fica
azul ali, verdeja mais adiante,
tudo
cinza por um instante...
Ele
chega fazendo dobras entre as cores,
e
curvas entre os amores adormecidos.
Que gostoso te sentir,
que
belo ver cair uma poesia
pertinho dos meus pés.
pertinho dos meus pés.
E lá vem ele novamente
com
seu andar macio, parece cria no cio,
sempre
deixa um assovio e uma meiga caricia
Não é gente, mas, quando passa tudo farfalha,
tudo
dança no cair da tarde.
Minha borboleta
Uma borboleta pousa nos meus olhos,
faz festa no meu coração,
pinta minha alma com suas próprias
cores,
tatua no meu corpo a sua leveza,
põe em minhas mãos o seu voo.
Uma borboleta entra nos meus olhos,
me leva no seu voo até eu pousar
no seu jardim e lá me fazer a sua flor,
o seu amor, a sua saudade...
Doce candura,
brandura de quem voa espalhando ternura
nos caminhos da vida.
Flores pra você
Eu trouxe flores pra você,
Tulipas, Helicônias, Lírios amarelos
belas e de varias cores...
Cheirosas de amores que atravessam o
tempo.
Eu trouxe um lago profundo
Trouxe um barco para nele viajar nossos
sonhos
Trouxe um bosque para pendurarmos nossos poemas.
Eu
trouxe uma saudade...
Trouxe pássaros que se alimentam de
infinitos,
trouxe um rosto bonito desenhado a giz
e uma nuvem vermelha que incendeia o céu
Eu te trouxe pra mim, eu me trouxe pra
ti...
Folhas e silêncio
De tanto que eu te espero,
meus pés grelam no chão
Meus cabelos viram celeiros
de folhas cansadas da espera
Não é só quimera é também uma doce
solidão
que entra pelo meu coração e atravessa
meus olhos.
Os bancos da praça viram de lado,
emudecem pela tua ausência
Todos meus beijos ficam espalhados
sobre o velho banco e rolam ao vento.
Arvores cantam...
Tristezas se rasgam ao meio
e minha solidão se encanta nas folhas do
silêncio.
Imenso amor
Tenho um imenso amor guardado
entre raios e brisas, entre água e anjos
celestes,
entre montanhas e crepúsculos,
entre o cantar do sabiá e a ternura das
orquídeas.
Tenho um grande amor que pulsa no peito,
que chega no barulho de um foguete
e no silêncio de uma tarde de abril.
Tenho nos olhos um lugar para morar o
amor,
Para tocar o tambor, para dançar marabaixo
Tenho um pedaço de destino,
e um feixe de luz que
ilumina meu corpo vestido de sonhos...
Pequenos jardins
Infinitas utopias me levam pelas mãos
No meio da multidão avisto pequenos jardins,
flores tombadas sobre grisalhos cabelos.
Um espelho gira, gira...
Mostra ao fundo pedaços de sonhos
Tristonha eu caminho por alamedas
escuras,
labirintos lindos e luas de girassóis.
Onde estamos nós que deixamos a
esperança
sumir levando nosso arco íris?
Onde estão nossos cantis de doçura?
Nossas boinas bordadas de liberdades?
Retomo o caminho, sou caminhante...
Minhas paisagens
No meio do barulho eu chamo por ti
Vem, escuta o meu silencio
Olha as minhas paisagens
Saboreia minha doçura que tem a cor das
borboletas
Toca minha pele tingida de fantasias e sonhos
Sente o meu sentir que ainda ama os
outonos.
Eu quero continuar sendo o seu horizonte,
a sua fonte de mistérios, o seu ipê
amarelo,
branco, rosa, lilás...
eu quero ser a sua efêmera eternidade.
Um toque de prazer
O dia me contagia com o seu sorriso,
O meu sorriso recebe o dia com alegria,
com gratidão pela vida vivida em mais um
agora,
pela aurora que toca o meu espírito.
O dia traz o sol, como alegoria
Ele arde minha pele, aquece minhas
memórias,
me fala palavras de amor...
Mostra-me onde mora a felicidade,
pois quero minha cidade brincando nas
calçadas.
pintando
as ruas com uma pitada de prazer,
um punhado de ternura que afugente as
amarguras
que estão por aí a rondar meu altar
e meus muros...
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