Uma
prece chamada saudade
Olhei para o nosso banco e novamente
senti as energias vitalizantes que gotejavam do teu olhar, naquele dia de amor
calado e plenamente bebido por uma manhã de sol.
Vi ainda um pouquinho de cor nos nossos
sonhos deitados aos pés dos buritizais. A simetria do silencio me fez lembrar
os teus olhos de gozo pela folha caída pertinho de nós. Tudo ainda está lá... O
banco sujo, a água empoçada na calçada, as sementes deitadas no seio da terra e
uma flor caída na água e levada pelas marolas formadas pela brisa da manhã.
Ah, ia esquecendo, tem um livro escrito
no muro que diz assim: “todomundoqueramooorrr”. Esta frase sai de um desenho de
uma árvore tombada, cujos galhos têm o formato de uma mão, como se a mão
estivesse soprando ou derramando essa significante frase nas bordas do mundo.
Sentei embaixo de uma árvore e fiz uma
prece ao Deus da Vida, agradecendo por essa bela mensagem, pelas mãos que
fizeram a arte, talvez, pensada e sentida por alguém sofrido, mas também cheio
de amor. Agradeço ainda, pelo cantar dos pássaros, pela diversidade de flores,
pelos amores que cantam sobre as folhas dos açaizais.
A minha prece segue-me! Já sinto o sol
queimando minha pele e o calor do dia suando minha blusa. O meu respirar fica
ofegante, é hora de voltar. Trago no coração uma antiga saudade, na memória as
palavras escritas no muro e na alma a alegria pelo novo dia!
Que eu possa ver em cada amanhecer uma dádiva
sublime, um chamado de amor e um sopro da esperança que acende a fogueira dos
sonhos.
Brindemos à Vida e façamos da frase do
muro uma marca de esperança!
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