Um dia triste
Uma nuvem triste atravessa os meus olhos
Que bom que nuvens são efêmeras,
se desfazem e viram riscos no horizonte
O dia se cala no meu peito,
dilacera o meu jeito de ver tudo belo.
O silencio silencia-se em mim
Profetiza uma epifania que se manifesta 
como agonia,
diminuindo a luz do meu olhar.
Olho para o céu
e vejo a tristeza da nuvem dissipando-se ao vento,
espalhando alegria na prece da Ave Maria
balbuciada neste fim de tarde.
Que maravilha!
O novo dia pode começar no adormecer.
Um dia cheio de flores, para você...



Uma prece chamada saudade
Olhei para o nosso banco e novamente senti as energias vitalizantes que gotejavam do teu olhar, naquele dia de amor calado e plenamente bebido por uma manhã de sol.
Vi ainda um pouquinho de cor nos nossos sonhos deitados aos pés dos buritizais. A simetria do silencio me fez lembrar os teus olhos de gozo pela folha caída pertinho de nós. Tudo ainda está lá... O banco sujo, a água empoçada na calçada, as sementes deitadas no seio da terra e uma flor caída na água e levada pelas marolas formadas pela brisa da manhã.
Ah, ia esquecendo, tem um livro escrito no muro que diz assim: “todomundoqueramooorrr”. Esta frase sai de um desenho de uma árvore tombada, cujos galhos têm o formato de uma mão, como se a mão estivesse soprando ou derramando essa significante frase nas bordas do mundo.
Sentei embaixo de uma árvore e fiz uma prece ao Deus da Vida, agradecendo por essa bela mensagem, pelas mãos que fizeram a arte, talvez, pensada e sentida por alguém sofrido, mas também cheio de amor. Agradeço ainda, pelo cantar dos pássaros, pela diversidade de flores, pelos amores que cantam sobre as folhas dos açaizais.
A minha prece segue-me! Já sinto o sol queimando minha pele e o calor do dia suando minha blusa. O meu respirar fica ofegante, é hora de voltar. Trago no coração uma antiga saudade, na memória as palavras escritas no muro e na alma a alegria pelo novo dia!
Que eu possa ver em cada amanhecer uma dádiva sublime, um chamado de amor e um sopro da esperança que acende a fogueira dos sonhos.
Brindemos à Vida e façamos da frase do muro uma marca de esperança!
Para você que visita este PELES E PÉTALAS, com o meu carinho e gratidão.
Que o seu dia seja abençoado! Que sua alegria seja pra sempre...
Que sua tristeza seja passageira...
Bom dia gente querida de perto e de longe...
Namastê!!
Este é o primeiro poema de mais um livro-brinquedo, cujo titulo, ainda não definido, mas, momentaneamente está como, "PEDRAS, CORAIS E BORBOLETAS". Espero escrever para o seu coração...
Um beijo carinhoso! Gratidão por partilhar com você este lindo Planeta! 
De bubuia
Descobri que as borboletas que possuíram
meus olhos fizeram neles ninhos
com varanda cheia de flores.
As vezes elas deixam neles, restos de casulos,
cheiro de pedras, gosto de mar, águas de rios.
Borboletas pertencem aos meus olhos,
meus olhos são alimentos das borboletas,
são velhos casulos em voo.
Meus olhos são asas de borboletas quase verdes
São rubis, fractais, cristais, sonhos
que sonham, borboletas, pedras e corais.
Sou filha destas densas matas Sagradas, tocadas por meus pés delicadamente. Sou filha das ilhas, meu cheiro lembra o mato molhado, meus olhos, os olhos do japiim
e meus cabelos, o cipó das margens e a flor do buriti.
Sou neta das águas, das velas e da ventania, sou toda alegria nas noites de calmaria,
nas manhãs de chuva sou puro silêncio.
Sou mãe das repontas e das preamar, alimento os mururés,os jacarés, as borboletas e as estrelas que cobrem o rio Amazonas. 
Minhas unhas têm a cor da terra e minha voz o som das marés que quebram nas ribanceiras, nas tardes de setembro.
No outono procuro as noites de luas, na primavera volto pra tapera e nos velhos trapiches sou toda espera, a esperar por ti, meu Bem Ti Vi, pássaro cantador das ribanceiras dos rios, rios do Amor. Rios das Saudades...
Entre as roseiras
Entre a roseira vermelha
e a rosa amarela pousa uma borboleta festeira,
feiticeira, faceira como as mãos delicadas de uma criança.
Ao seu lado o beija flor beija, adivinha o que?
A flor da roseira vermelha
Singelas vidas, tão pequenas,
tão queridas que enchem os olhos meus de ternura.
Entre as roseiras e além das borboletas
Num planeta que se equilibra numa gota de orvalho,
 eu abro caminhos entre as chuvas
só para tocar a lua que hoje está bela...