Talismã
Eu deitei num velho divã
O macio divã se moldou ao meu corpo
e a vida se fez suave naquele couro 
desbotado pelo tempo.
Dormi e o acaso cuidou do meu rosto pálido
Sonhei que o divã trançava meus cabelos,
beijava minhas mãos com ternura franzida
e bordava nos meus olhos fechados a palavra amor.
 Amor que chegou pelo silencio do vento
e se foi na brisa tristonha da tarde
Meu divã fugiu, foi fazer descansar o cansaço da noite.
Meu divã virou talismã...
Para você
Arei um jardim pra ti, plantei nele uma flor
Escrevi um poema de amor e tatuei na tua janela
Colori o céu de estrelas para encantar 
a noite melancólica
Pus no teu olhar uma gaivota menina
pra ela fazer um ninho dentro dos teus olhos.
Presenteei-te com um lenço macio
e ainda sequei a lagrima escondida
tingida de sorrisos, nem tristes e nem alegres,
mas, suaves, como o orvalho da manhã.
Se você aceitar partilhamos o nosso cantar,
um caminhar no luar
e todos os versos, rimas e simetrias
que fazem a vida uma estação da poesia,
uma sinfonia e uma canção de amor. 

O sorriso das flores
Eu gritei com o meu silencio,
o meu silencio não ouviu
 Eu falei com o meu silencio,
o meu silencio fugiu, sumiu entre o vazio e a plenitude.
Eu olhei para o meu silencio e vi a folha balançar,
vi a gaivota voar, uma pétala murcha cair no chão
e uma bolinha de sabão alcançar as nuvens.
Senti o meu silencio e pude ver o sorriso das flores,
a fala das águas, o cheiro dos amores,
a candura dos pássaros, a delicadeza do orvalho,
a simetria dos vales
e a bela tristeza do por do sol...
Uma rosa para você
Ele vem chegando com um sorriso aberto,
um olhar de ternura,
um afago e um gesto de esperança.
Traz nas mãos uma rosa,
no andar um sonho,
no falar um poema e no sentir um imenso amor
que vai alem do tempo.
Ele tece estrelas, borda luas cheias,
desenha arco Iris nas linhas do destino
e pinta mosaicos no céu das doces paixões.


Se eu amar demais
Perdoe-me...Pois o meu amor é veloz 
como o vento, suave como a brisa,
aquecedor como os raios de sol das manhãs de setembro, aconchegante como o frio 
das tardes de abril e doce como 
o sorriso de uma criança.
Perdoe-me...
Por eu amar as flores que 
enfeitam o mundo
Por eu trazer a primavera e soprá-la pela janela,entornando pétalas nos teus cabelos
molhados de sonhos.
Perdoe-me por eu ainda ser assim...
Doce-rebelde, santa-profana, bruxa-fada,
anjo sem asa, pés correndo estradas,
mas é assim que eu sei amar.
Perdoe-me...

Borboletas
Sonhei com uma caravela de borboletas,
elas eram a vela, o leme, a quilha e o mar
Borboletas caiam do céu,
viravam porto, velhos trapiches, arco íris...
Borboletas penetraram meus olhos,
invadiram meus sonhos,
embelezaram o espaço,
coloriram o tempo com suas cores.
Borboletas fizeram da tarde uma eterna viagem,
uma doce miragem, uma infância
perdida no sem fim da saudade.