Bordados e viés
Dizes que de linhas e retalhos faço poesia
Que costuro as
amizades com os fios de ternura,
pontuando os laços e
abraços que trago nos braços
e em minhas mãos de
artesã.
Portanto se tu te rendes
no viés das rendas
que bordam nossas
vidas
e agradeces pelo
ponto que te toca,
fico aqui sentada na
cadeira de balanço
que tece minhas mãos
numa eterna gratidão
de quem vive de espera.
Doce espera que vê as
linhas fugirem pela janela
sem perceber que os
carretéis
se embaralham nos
vãos vazios do destino.
Ternura e agulhas
costuram os arranhões deixados na alma
pelos espinhos que
sugam o sangue da dor,
bordam de amor as
brancas rendas
e as rubras rosas
vermelhas
que se espalham pelo
horizonte.
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