Beijos e girassóis
Entre a poesia e o arco Iris,
eu escrevo o amor em versos e cor
Vejo o vento catando brisas
e a brisa molhando a flor.
Eu peço a lua que se vista de mim
e ao sol que me deixe nua,
das tuas sedas e dos teus cetins.
Entre a poesia e o arco íris,
as estrelas me tomem as mãos,
e escrevem no meu coração,
o poema que eu dediquei a ti.
Entre a poesia e o arco íris,
nos muros componho canções
com uma só corda de meu violão
que só sabe cantar o amor.
Entre a poesia e o arco íris,
se pintam de rosas violetas os sagrados jardins,
onde alegres pássaros fazem morada
e na madrugada risonha,
formosas Tulipas e Margaridas se abrem em flor
no canteiro da saudade que some no horizonte .
Entre a poesia e o arco Iris,
se geram lindas histórias de amor
que eu deixo no teu muro tatuada
com beijos doces e brancos girassóis.
Entre a poesia e o arco Iris,
Eu tenho o além de mim... Um amor infinito!
Quão pequena eu sou diante da grandeza e beleza deste planeta encantado!

Brincando com o olhar
Meus textos ainda rabiscados e minhas palavras escritas pelo avesso cortam ao meio o sentido de se dar um sentido para a vida. As letras vão aparecendo na tela do meu computador e vão ficando solitárias como um veleiro num mar distante numa noite de tempestade. Pouco a pouco os meus dedos se perdem e se esquecem de teclar, e estas letras se perdem no horizonte travesso que roubou o meu olhar.
Eu não sei se há apenas uma realidade. Mas sei que os olhares que a olham são infinitos. Mesmo com o coração entristecido e a alma desolada, o meu olhar que cegou para as letras e se aconchegou no horizonte, buscou na terra gotas de cristais.
Minha casa é quase que cercada pelos capinzais. Hoje acordei cedo e percebi que havia chovido à noite. Abri a janela do quarto. Como a minha visão para longe é deficiente, olhei para os capins e então, vi um canteiro de cristais a brilhar e a mudar de cor a todo instante. Fiquei olhando aquele toque de magia e de repente o horizonte virou um salão de festa e olhem que num instante atrás ele tinha a cor de um sepulcro!
Bebi lentamente essa energia e a dor que eu estava sentido na costa e na alma quase desapareceu. Decidi sorrir de novo!
Passado o encanto coloquei meus óculos. Outra visão se colocou diante de mim. O que antes eu via brilhando como cristal, agora vejo que são pequeninas gotas esquecidas na noite de chuva. Visualmente já não havia brilho e nem cores diferentes. Apenas gotas de orvalho, nem por isso menos bela.
Então, me pus a brincar com o meu próprio olhar. Olhei para o alto, para o céu... Quando me permiti vivenciar intensamente a tristeza que eu sentia, o céu pareceu estar de luto e de cada nuvem caia uma lágrima. Depois dos cristais o céu ficou celeste, nuvens entravam uma na outra e pareciam crianças brincando, artistas borravam com cores e formas diferentes suas obras pintadas em telas de marfim, músicos escreviam nas estrelas suas notas musicais e as bordadeiras penduravam lindas cortinas nas janelas de anjos poetas.
Os meus tantos olhares saíram a caminhar, olhando o passado, olhando o agora e olhando o que virá. Correu com o vento, se escondeu das ondas salgadas, deitou ao lado da folha e virou terra, voou com as gaivotas, nadou com os botos pretos da Amazônia, se fez botão de flor e se despetalou durante os vendavais. Os meus olhos olham o que a minha alma sente. Mas o meu sentir parecem girassóis no Jardim Sagrado da Vida. Eu me abandono aos cuidados da espiritualidade amorosa e cuidante, porque ainda não sei, sozinha cuidar de mim mesma!
Meu olhar segue às andorinhas que, em bandos mancham o espaço de belezas e fazem o tempo virar um jardim de eternas saudades! E este, te acolherá em algum canto encantado, e o teu sorriso enfeitará as primaveras que virão num outro tempo, no qual, as vidas possam ser cuidadas e exalem os mais doces “xeiros” no jardim iluminado da Vida!
Um dia desta varanda eu vi a lua que clareava o horizonte, mas também, desta varanda eu brinco com o meu olhar!
Todo por do sol desperta saudades! Provoca silêncios, meditação e redenção diante do Sagrado que se manifesta nas mais lindas cores de uma mágica aquarela!
Eu amo o por do sol!
Por entre as encantadas Vitórias Régias e os lagos enamorados das flores brancas e lilás, brilha uma lágrima que os meus olhos guardaram para as noites de luas.
Este é um dos meus recantos de encanto. Sempre que estou em Belém, adoro por aqui passar. É um lugar onde o silêncio escuta o silêncio e assim se pode ouvir outras vozes.

Lírio branco nas janelas
Junto às gotas de chuva que dormem
em tua varanda,
deixo um cacho de felicidades,
para acordar a cidade,
afogada em desamor.
Junto ao pé de samambaia,
planto pra ti um lírio branco,
para que o perfume dessa flor
espalhe o amor
nas escadas sombrias do medo e da dor.
Junto ao teu horizonte,
pinto nuvens crianças,
balanços, gangorras, sorrisos
e lembranças,
num tempo infinito,
onde o amor
é, sempre, a plenitude doce da vida.
Cuida do lírio branco que eu plantei em tua janela
e na verde calçada dos teus sonhos!
Eu adoro o silêncio! Mas o meu silenciar é sempre para escutar outras vozes. Quase todas as manhãs eu caminho na praça da poesia (Floriano Peixoto) e lá escuto muitas falas, da água, das árvores, dos pássaros, das flores... Outro dia admirando a delicadeza das flores, escrevi,


Delicada pétala
A delicadeza das pétalas amarelas
realça a doce saudade dos amanhãs que ainda vêm
Amanhãs de primavera,
onde uma singela flor ficou esquecida
sobre as folhas secas do outono marrom.
Singela, a flor guarda no seu botão
a gota de orvalho que não desabrochou,
mas molhou a relva nas noites de frio e inverno
e o seu botão é todo matizado de amor.
Nas manhãs serenadas, o amor desabrocha
mesmo marcado de dor
e se planta na terra virando jardins
nas manhãs orvalhadas de pétalas de flor.
Todo este jardim eu criei pra ti
Delicada pétala de amor!