Caminhando por entre as árvores da sede campestre do SINSEPEAP-Sindicato dos professores do Amapá, numa manhã ainda orvalhada pela doçura da noite, deparei-me diante do altar sagrado da vida, prenhe de vidas. Fiquei ali inebriada pela magia daquela tela viva da “arte moderna”, pintada pelas mãos divinas da natureza-mãe. O extasio da contemplação foi tocando meu coração e envolvendo minha alma, entrelaçando meus sentimentos como a própria visão ali colocada entre o céu e a terra. Quantas maravilhas são a nós ofertadas em todas as dimensões desse encantado universo. E gratuitamente.
Chamei minhas amigas e meus amigos para comigo e juntos admirarmos e celebrarmos os segredos e mistérios que vão a nós se desvelando à medida que os nossos olhares vão se enraizando na terra que somos, na terra da qual fomos gerados. Ali presenteando nossos olhares convertidos num único olhar estava uma espécie de cipó-árvore de muitos braços e um mucajazeiro ou tucumã, não sei, já em metamorfose, porém abraçado pelos vários braços do cipó-árvore, amparado carinhosamente. Aos arredores as outras árvores sombreavam aqueles amantes que transformam mortevida em seiva energizante da esperança de que a vida transcende a compreensão humana, acolhe e converte em belezas os mistérios que por não termos capacidade de desvelar damos o nome de morte.
Fiquei refletindo o quanto estamos nos afastando dos nossos ninhos calorosos. Já houve um tempo em que morríamos no afago de nossas famílias, no aconchego de nossas casas. Hoje quase sempre morremos em hospitais, muitas vezes “sozinhos”, sem ter um rosto querido a nos acenar enquanto caminhamos em direção ao vão das portas que interligam as dimensões misteriosas da vida. Estou compreendendo que a verdadeira sabedoria não está escrita nos livros que mãos humanas escrevem, mas sim nos livros desletrados de letras, apenas impregnados de sons e visões indecifráveis a olhos e mentes puramente humanos. Precisamos da divina loucura molhando nossas almas de ternura e desprendimento para ler e compreendermos o livro da vida.
Vida que para muitos se torna um corre-corre de dias, mesmo que não tenhamos mais para onde e nem porque correr, como bem diz meu querido amigo Messias, mesmo assim, corremos, quase sempre na direção do ter e do consumir, consumo desenfreado que está matando o Planeta-Vida.
Hoje estou aprendendo a acariciar a vida, a tocar o por do sol, a dançar com as nuvens esvoaçantes, a beber do orvalho que molha o chão dos meus caminhos, a fazer da minha solidão um tempo de contemplação e de conversão as coisas simples e sem “valor”.
(Des)valor, que faz ser gostoso cantar enquanto nosso canto pode ainda encantar o nosso desencanto. Que faz sentir a delícia de amar, sorvendo os últimos respingos da juventude passageira e sempre eterna. Que reconhece a maravilha que é aconchegar, cuidando dos últimos fragmentos de ternura que podem nos embalar enquanto somos também aconchegados.
Que me faz compreender que só amando aprendemos a amar!
Então, amemos enquanto o coração canta a sinfonia de todos os sons que juntos escutamos.
Amemos, enquanto a vida deita a nossos pés no seu leito dourado a dançar aos nossos olhos no imenso salão do infinito!
Amemos, simplesmente pela beleza que é AMAR, Amar cuidadosamente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário