CUIAS DE OFERENDAS

Cuias de oferendas
A espiritualidade como fonte de generosidade que me faz cativar as belezas do simples, no cheiro das peles e em feixe de pétalas;
Aos pássaros que cantam e que tecem seus ninhos nas árvores do quintal de casa, enchendo de suavidade os meus dias e meu acordar;
Às plantinhas "vagabundas" que embelezam as ruas e estradas. Regadas pelas mãos do Divino e quase sempre ignoradas pelo olhar humano;
Aos homens-mulheres generosos que encantam pelo/com o olhar. Aos andantes de caminhos sem caminho e que consagram o corpo prenhe de luz e de ternura; que cuidam das vidas sendo faróis iluminantes de esperança; que com canção e poesia geram outra vidas na singeleza do ser e com amor sem fim;
À chuva que desperta o cio da terra, aconchega corpos, fecunda folhas e raizes. Às pedras que calam, sofrem e sonham. À água, fonte da vida, mãe de todos os orvalhos. Ao vento que carrega o amor e em suas asas fecunda a vastidão do espaço com cheiro de uma flor do campo; e a brisa do amazonas que me enche de carícias e de inspiração;
Às noites escuras que provocam meus medos e encantos e me trazem saudades da luz e do calor das noites claras de lua cheia, cujos mistérios só as estrelas estão a desvendar. Às folhas secas que sinalizam meu leito de vida-morte. Às orquídeas e as bromélias que me fazem olhar que o rude-singelo exala delicadas belezas;
Aos grãos de areia que gerei com amor, deitei em conchas e soltei no mar, as ondas que me fizeram espumas, as outras espumas que comigo se reconhecem água. Grãos de areia, ondas e espumas que possuem pele, carne, sangue e sonhos, que guardo em favos e que também exponho ao vento, cujos corpos estou a cheirar, provar, tocar, escutar e amar.
Deusa Ilário

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