Outro caminhar
Sagrada seja a madrugada
que desperta minha memória,
de histórias e saudades, guardadas
no baú do tempo e tatuadas na alma.
Sagrados sejam os meus lençóis
que despertam o sol que habita
o meu coração,
acolhe a solidão do mundo
e semeia luz no caminhar do povo.
Sagrada seja a Vida
que gera tantas outras vidas
e cuida de plantar esperanças
na história que dança as desventuras
e se aventura num outro caminhar...
Asas do tempo
Vê como o céu empalideceu
Vê o carretel de esperança surgindo,
Vê a linha franzindo os retalhos dos sonhos.
Vê a Margarida florindo,
Vê os jardins se abrindo num domingo
qualquer de abril.
Vê os velhos faróis velejando, apontando o rumo,
Vê a estrada permeada de cinzas,
de palavras vazias , de angustia e gritaria
Mas não deixe de ver o horizonte chamando,
a alegria retornando na praça do tempo,
no chão do coração de quem ainda ama...
Cinzas e labaredas
Ponho olhos nas lagrimas
que secam ao vento,
lagrimas com olhos aprumam os caminhos,
regam mãos embrutecidas pelas crenças.
Ponho velas nos sonhos dos viajantes,
ponho os viajantes na proa da história
A história pode ser falha,
a história não é verdade
quando contada sem faróis.
Os faróis alargam os caminhos,
iluminam as cinzas e labaredas
como se festa fosse.
Mas onde estão as fogueiras?
Quem se lança lenhador?
Quem com amor
pode soprar esperança
nos tempos de turbulências?
Aparo estrelas cadentes como
se fachos de luz fossem...
Gaia amada
O por do sol tinge meus cabelos
Celebra com meus olhos um doce entardecer,
molha de rio os meus sonhos,
costura no meu caminhar a leveza do barco
que desliza agua abaixo.
Gratidão a Gaia amada, que,
sobre as matas derrama sua calidez divina
Que mistério envolve o silêncio da vida?
O feminino de uma floresta em flor?
O rio se vai levemente,
Deus se faz presente na paz que envolve
esse instante,
consagrando o sagrado de um entardecer...
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