Lembranças
O dia
amanhece cantando
Canta
os periquitos, canta os sabiás,
canta
a janela deste solar encantado.
As
cortinas se abrem para a festa entrar,
a
sala que já viu tanta gente, agora silencia
para
o silencio não chorar.
Na
mesa desarrumada, apenas as xícaras
deixadas
com resto de café, lembram de um outrora
com
pensamentos viajantes, ideias encantantes
e um
jeito bonito de ser feliz.
Mas,
o verde se balança, o vento dança
e as
cortinas ainda abertas, se fazem frestas para outros amanhãs
A
cantoria quebra o meu doce silencio.
Declaração
de amor
A lua encharcou-me de poesia
e me desenhou numa revoada de poemas,
embelezando os meus dias.
Rabisquei versos em gotas de chuva,
dormi embrulhada com as estrelas,
sonhei com um imenso campo de girassóis
e ao acordar percebi que foi apenas
uma declaração de amor da lua.
Sonhei que estavas comigo,
sem pecado, sem castigo,
sem ontem e sem amanhã,
mas tudo não passou de um lençol amassado
jogado pro lado e de uma madrugada fria.
Veleiro
estrelado
Como
um veleiro perdido em pleno mar,
eu
caminho entre os escuros que me angustiam,
as
noites de muito barulho e meus pesadelos
Mas,
os sonhos me chamam
e eu
não posso esperar o dia amanhecer.
Tenho
que descer à praia deserta,
procurar
até achar, o arco íris
que
caiu entre um ninho e uma pérola.
Como
um veleiro a navegar em noites estreladas,
eu
escolho seguir minha estrada,
eu
escolho ser feliz.
Os segredos do tempo
Os
segredos guardados no tempo
são
feridas que se entranham na alma,
não
tem calma e nem sossego,
por
serem segredos podem ser enterrados
ao pé de uma serra.
ao pé de uma serra.
Segredos
podem ser escondidos em baús antigos
de velha madeira,
de velha madeira,
com
desenhos de argila e tampa de estrelas.
Agora
mesmo a lua tão arteira que do alto olha,
leu
o meu segredo que escrevo com letras de cristais.
Ah,
lua menina,
não
sabes que segredos possuem chaves?
Olha
os olhos teus,
que
segredos eles guardam aqui, acima de minha janela?
Faço
com a tarde um colar,
cada
conta saberá guardar uma letra,
mas
só a lua sabe de toda a história,
de um
segredo pintado de corais.
Era uma vez
Era
uma vez um tempo de certezas e pardais,
as
certezas se quebraram,
os
pardais arribaram
e o
voo ficou apenas na alma.
A
fada encantada temeu a canção amada,
preferiu
o seu dia a dia quase feito de nada
e varinha de condão.
e varinha de condão.
Era
uma vez o norte e o sul,
o anjo
azul e a bromélia orvalhada
O norte
chorou e o sul preparou um colar de saudades.
Era
uma vez que ficou na gaveta dos sonhos,
no
olhar tristonho de quem se esqueceu de sonhar.
Era
uma vez parreiras e bananais...
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