Minha amiga Fernanda Cristina tem a singeleza nas mãos! Nesta tarde de brisa e ternura, ela toca o seu coração com essas rosas. Paz e bem!
 

As rosas

Toda Rosa é infinita,

todo jardim é sagrado

Eu abro o meu velho livro

e deixo o nosso poema adormecer

sobre o meu peito.

Toda rosa é infinita,

toda história atravessa

o tempo e se dilui

numa gota de orvalho.

Eu não corro atrás do tempo,

ele não existe,

prefiro ver da janela

o amor acolhendo lua.

Minha vida é marcada pela ciranda

de meus ancestrais.

Toda flor tem sua beleza... 

Já não tenho cabelos longos, eles agora estão grisalhos. O tempo passou, eu continuo cultivando minha alegria, meus sonhos e utopias neste mundo de tantas mudanças. Infinita paz e ternura neste entardecer para  você, que neste espaço encontra um pouquinho de magia.
 

Eu te espero

Eu voltei...

vamos passear de mãos dadas

pelas ruas antigas?

Elas ainda são iluminadas

pelos velhos faróis,

os mesmos que um dia

viram o nosso beijo molhado de poesia,

de sonhos e utopias

que moviam os passos meus.

Vem, a flor que ganhei

ainda não murchou,

a nossa canção não parou,

eu a escuto no assobio do vento.

Vem, a velha praça já não tem bancos,

mas o flamboyant ainda resiste

e com saudade de nossos sorrisos

nunca mais parou de florir.

Eu te espero... 

Fortaleza de São José de Macapá, hoje um farol que ilumina com beleza a cidade. Ontem, um lugar de tristeza! Construída pelos escravizados, eu imagino quanto dor esses meus ancestrais suportaram. Hoje é um Museu Histórico, mas ainda "vejo sangue em suas paredes e gemidos de dor e cansaço", sempre que visito esse lindo espaço. Gratidão, Fernanda Cristina pela significante fotografia!
 

 

Vazios e faróis

Dizem que os desertos são vazios,

mas lá a areia canta,

o vento semeia brisa,

oásis brotam

onde o sol escaldante sufoca

e dentro de mim o deserto

é cheio de sementes e fractais.

Dizem que no deserto tudo dorme,

eu escutei o calor gritar

pedindo lençóis,

vi a areia se florestar,

senti os faróis acenderem luz

e descerem um

céu estrelado para junto

de meus travesseiros.

Nem tudo que parece é,

tudo está sendo

na miudeza plena da vida.

Sabe a poesia do Drummond, no meio do caminho tinha uma pedra? Pois então, minha amiga Fernanda Cristina, todos os dias remove pedras de seus caminhos e isso a deixa cada dia mais linda, uma ser humana cheia de estrelas. Ela fotografou esta enorme pedra que todos os dias é banhada pelo rio Amazonas. Gratidão, querida Nanda|
 

 Eu pedra

No caminho pra casa encontrei

muitas pedras,

pedras verdes, pedras vermelhas,

pedras inocentes e invisíveis.

Resolvi junta-las

e erguer uma casa,

casa dos sonhos, casa de silêncio,

casa encantada.

Na janela deixei flores,

ao redor, cravos amarelos

e rosas vermelhas.

Um jardim de helicônias

nasceu nos meus sonhos

e nas minhas mãos

brotaram calidez e horizontes.

Da varanda vejo

o entardecer crepuscular,

da janela aprecio a aurora renascer.

Da chaminé toco a lua,

as vezes os anjos de luz

e de repente, me vejo

sendo pedra e devaneio.






Esta fotografia do amigo Floriano Lima me diz sobre beleza, solidão, silêncio, poesia e saudades. Toca corações,  nela eu vejo um amigo que cruzou a porta do tempo, se encantou e seguiu o horizonte crepuscular...  Gratidão Floriano Lima!

 

 

Sobre o entardecer

Quem diria que o crepúsculo viria

sobre cinzas apagadas

e nuvens de lágrimas,

mas veio.

O dourado virou pranto

e a poesia virou melancolia

que sangra a alma.

Os frutos plantados

não puderam dizer adeus,

só o orvalho gotejava nas folhas

da velha palmeira.

O teclado silenciou

e as palavras ficaram

frias e sem cor.

O pensamento viajante fez

a curva e voltou,

pousou na asa da borboleta azul

que lindamente seguiu

o tempo crepuscular.

Telma, também planta jardins, jardins de carne e jardins de rosas. Tanto um como o outro tocam corações. Como é bom ver o mundo cheinho de pessoas que tocam almas, que cuidam de vidas, que são generosas e se vestem de amor.
 

 

Me disseram

Me disseram que você é assim,

tem cheiro de jasmim,

de horizonte e de mar,

tem um doce chorar que

muitos pensam que é riso.

E quando a lua desce no mar

os grãos de areia grudam

nos seus cabelos

e despertam todos os sonhos

que guardou

naquele baú vermelho.

Você existe na solidariedade,

na amizade cuidante,

você existe em mim, eu em ti,

por isso vivo, por isso planto jardins,

por isso amo além do infinito.

 

Macapá é assim

É vento no rosto,

brisa na alma,

água que transborda

e borda a tarde.

É ternura no olhar,

delicadeza ao observar,

 e medo em se aproximar.

É magia, inebriante,

gaivotas em voos rasantes,

entardecer com os tons

de medo e liberdade.

É bonito te ver assim,

mas dentro de mim

nasce mururés

e asas de borboletas

O que faz o meu rio mar?

Abençoa Macapá,

em mais este entardecer.


Joaozinho Gomes e Val Milhomem, descrevem esse rio com imensa beleza e verdade. "Quem avistar  o Amazonas nesse momento e souber transbordar de  tanto amor... " É lindo! é o meu berço, minha casa...
Gratidão, Floriano Lima por essa boniteza de foto!

     

Eu e a lua

Sentei na beira do mar

O mar entrou em minhas saudades,

tomou meu pulso

e o seu pulsar,

assoviou nossa  canção.

O murmúrio do mar

despertou a lua, ela desceu

e enfeitiçou meus olhos.

A lua abraçou o mar

e ali permaneceram e eu senti

saudades do abraço seu.

Noite, lua e mar, pura magia,

se amaram sobre o meu olhar

com as cores de cristais.

E por falar em sonho, por um infinito tempo fomos e somos movidos pelo desejo de sonhar com uma educação que abraçasse todos os seres, que despertasse  em nós a dança, o canto, a poesia, o pensarsentir, a solidariedade... E la vamos nós, eu, Fernanda e Batista para mais uma roda de abraços!
 

Sono e sonho

Dormi em cama de chuva,

nos meus lençóis costurei estrelas,

a tristeza deu um abraço

no meu travesseiro bordado

de alegria e a vida sorriu

pra mim no espelho do tempo.

Tudo medra,

os cristais, a floresta,

os calorosos braços,

a ternura e a ousadia

de se compartilhar um tempo

sem tempo

e uma vívida história.

Caminho nos descaminhos,

na certeza da incerteza,

mas na firmeza de que

os sonhos brotam

no coração de quem ama.

Acordei e continuo sonhando

com Gaia em festa. 

Uma rosa do canteiro orvalhado de minha amiga Fernanda Cristina. Eu a ofereço a todas as Rosas que fazem de seus mundos, doces jardins! Um abençoado domingo para você que cultiva flores na alma! Paz e bem!
 

Bens da alma

Na minha bolsa

carrego uma rosa,

todos os jardins,

um orvalho azul

e um cacho de utopia.

No meu chinelo carrego

uma coleção sonhos,

um punhado de terra sagrada

e um horizonte cheinho

de gaivotas brancas.

No meu chapéu bordo

um pingo de chuva,

diferentes flores que

perfumam esperança

e a delicadeza das andanças

que faço com você.

Carrego no coração os quintais,

aquele festival de verão

onde uma doce canção

cantou pra mim

e segurando suas mãos

seguimos diferentes caminhos. 


 Minha amiga Mara Alves, me presenteou com essa poesia. O rio Amazonas é tão encantador que ate as nuvens se rendem ao seu charme, E ela veio assim só para beijar o maravilhoso rio.

O canto do mar

Construímos nosso ninho

sobre as pedras do horizonte

e as incertezas do mar.

Dormíamos sobre

as espumas verde

e nos cobríamos com as estrelas.

Na intensidade da noite

nos perdemos

e na imensidão

do mar naufragamos.

Nosso ninho foi um pesadelo,

mas sonhar me trouxe

para outra margem.

Veio a esperança,

ela recriou o mar,

ele se fez canção, acarinhou

meu coração que agora,

só ama, ama e ama.


Abro a janela e ela sorri pra mim. Enche meu ser de alegria e gratidão às belezas  do meu jardim. Que lindo! Que lindas! Amo ser aprendiz de jardins! 



 

Ninho

Minha casa é um jardim,

tem lírios na janela,

rosas na varanda,

jasmins na sala

e a cozinha cheira a alecrim.

O manjericão trouxe pra mim

o cheiro de minha infancia

e o hortelã a saudade

de meus ancestrais.

Minha casa é um jardim,

aromatiza os meus lençóis,

escreve pelas minhas mãos,

toca meu coração

e corre o mundo com

os passos meus.

Minha casa é um jardim... 

Eu amo tecer ninhos e cultivar flores! Assim eu sou feliz! Sou aprendiz neste imenso universo... Bênçãos e luz para você que é semeante de belezas!
 

 

Afeto e flor

Suave brisa anda por aqui,

se próxima de mim

como a beija flor que vai

ao encontro da rosa.

Brisa que afaga o meu rosto,

que seca o orvalho

que inunda minha alma,

desce até minhas mãos

e vira um poema.

Brisa que segura as

mãos do vento

se veste de amor

e caminha rumo

ao horizonte.

Eu fico aqui,

nesta velha varanda,

esperando o portão abrir

e você surgir

vestido de esperança

O beija flor deixa cair uma flor

no infinito dos meus olhos.


Na sombra dos cristais, na sombra dos cocais, na sobra dos milharais  a vida corre na sombra e na luz, brilhando como pérolas e ninhos . Paz e bem para você que ama tecer ninhos! Mara Alves, olhe a sua foto.

Na sombra dos cristais

No tempo das borboletas,

uma explosão de cores

se apossaram dos meus olhos,

ousados voos se aconchegaram

na minha alma

e o meu coração teve

cheiro de revoada.

Hoje, uma imensa saudade

molha o meu olhar

Quantas recordações se bordam

no meu no meu peito,

recordo os arrozais em flor,

o amor que se deitava

na sombra dos cristais,

as pedras nas quais um dia eu sentei,

chorei lagrimas de felicidades

e uma doce solidão afagam

nesse instante o meu caminhar.

Estou feliz...


Em 1982, fiz o curso do IBRADES (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento) na rua Bambina 115 RJ, foi esse curso que ampliou minha visão para os problemas do meu país e do mundo. As marcas da ditadura militar ainda estavam vivas  no corpo e na alma de quem teve coragem de afirmar sua rebeldia e também nas paredes do Instituto.  Muito jovem, me encantei pela cidade e pela motivação de sonhar um mundo diferente. Quantas vezes sentei nessas pedra e chorei, e cantei, e sorri e sonhei... Gratidão, Vital Lima, cantor, poeta e ser humano que muito admiro!
 

Meus sonhos

Viver e sonhar se entrelaçam

Os sonhos nasceram em mim,

brotaram, enraizaram

e ainda hoje são os meus faróis.

Os sonhos

pintaram os meus cabelos,

sangraram minha pele,

se tatuaram na minha alma,

e guiam o meu caminhar.

Eu quero comida nas mesas,

flores nas janelas,

primaveras brotando

em todos os cantos

e alegria saltitando em

todas as varandas.

Eu sou os meus sonhos... 


Eu sou o horizonte azul e o horizonte cinza cria poesia dentro de mim. Minhas vestes são vermelhas, mas é o lilás que calça meus chinelos.  O que será que há alem desse azul? Paz e bem pra você!


 

Tempestades e voos

Oh, tempestade,

quem é você que

passa por dentro de mim,

me arrasa,

arranca minhas pétalas,

sopra minha primavera,

consome o meu jardim?

Eu entristeço, choro,

perco o prumo,

mas eu lembro que sou borboleta

e o voo está dentro de mim

Borboletas não esquecem

que têm asas

e o voar é sua plenitude.

Sempre haverá tempestades,

mas elas passam.

Eu sou o infindo horizonte azul!

Eu sou assim, silêncio e horizonte, céu e terra num mesmo lugar, água e mata se vestem de mim e eu sou puramente saudades!
Um abençoado final de semana pra você que vem aqui e ler... Saúde e luz! 
Foto do Claudinho Rodrigues, meu irmão ribeirinho.
 

Sonhos e memórias

Sonhei com o meu rio,

com a velha tapera

na qual morava minha vó.

Eu estava li, sentada

no velho trapiche pescando estrelas

e tecendo amor com a lua.

Raramente escutava

um sinal de vida humana,

o não humano cantava,

assoviava, se banhava nas aguas

do imenso e belo rio Amazonas.

Sonhei com os buritis florindo,

as andirobeiras espocando

suas sementes,

o boto brincando com

os seres encantados do porto

das deusas da mata.

Acordo, mas minha alma continua

entrelaçada com a historia

de vida de minha vó,

com a minha ancestralidade

tão mística, tão linda...

Sonho minhas saudades! 

Amo portos e estações! São lugares de partida, mas também de chegada. Sempre planto um lírio branco para quem chega e uma orquídea para quem parte. Nas mãos do Adriano Carneiro, deixo um girassol, pela sua sensibilidade ao fotografar tamanhas belezas! 
 

Velha estação

O tempo passou,

o trem quebrou e envelheceu

A estação corroeu,

o amarelo desbotou,

a estação entristeceu,

mas eu ainda lá

estou esperando por ti.

No inverno senti frio,

no verão choveu,

no outono deitei e as folhas

cobriram os meus sonhos

Mas foi na primavera

que cuidei do jardim que um dia

juntos plantamos.

Hoje revi a estação,

tudo está belo e sem cor,

mas foi o amor, vestido de solidão

que ali parou e no meu peito

fez brotar um poema... 

Infinitamente além, tem mãos e olhar sensível e gentil de Adriano Carneiro. Gratidão!!