BLOG DA DEUSA: PELES E PÉTALAS
Me
disseram
Me
disseram que você é assim,
tem
cheiro de jasmim,
de
horizonte e de mar,
tem um
doce chorar que
muitos
pensam que é riso.
E
quando a lua desce no mar
os
grãos de areia grudam
nos
seus cabelos
e
despertam todos os sonhos
que
guardou
naquele
baú vermelho.
Você
existe na solidariedade,
na
amizade cuidante,
você
existe em mim, eu em ti,
por
isso vivo, por isso planto jardins,
por
isso amo além do infinito.
Macapá
é assim
É
vento no rosto,
brisa
na alma,
água
que transborda
e
borda a tarde.
É
ternura no olhar,
delicadeza
ao observar,
e medo em se aproximar.
É
magia, inebriante,
gaivotas
em voos rasantes,
entardecer
com os tons
de
medo e liberdade.
É
bonito te ver assim,
mas
dentro de mim
nasce
mururés
e asas
de borboletas
O que
faz o meu rio mar?
Abençoa
Macapá,
em
mais este entardecer.
Eu e a lua
Sentei
na beira do mar
O mar
entrou em minhas saudades,
tomou
meu pulso
e o
seu pulsar,
assoviou
nossa canção.
O murmúrio do mar
despertou
a lua, ela desceu
e
enfeitiçou meus olhos.
A lua
abraçou o mar
e ali
permaneceram e eu senti
saudades
do abraço seu.
Noite, lua e mar, pura magia,
se amaram sobre o meu olhar
com as
cores de cristais.
Sono e
sonho
Dormi
em cama de chuva,
nos
meus lençóis costurei estrelas,
a
tristeza deu um abraço
no meu
travesseiro bordado
de
alegria e a vida sorriu
pra
mim no espelho do tempo.
Tudo
medra,
os
cristais, a floresta,
os
calorosos braços,
a
ternura e a ousadia
de se
compartilhar um tempo
sem
tempo
e uma
vívida história.
Caminho
nos descaminhos,
na
certeza da incerteza,
mas na
firmeza de que
os
sonhos brotam
no
coração de quem ama.
Acordei
e continuo sonhando
com Gaia em festa.
Bens
da alma
Na
minha bolsa
carrego
uma rosa,
todos
os jardins,
um
orvalho azul
e um cacho
de utopia.
No meu
chinelo carrego
uma
coleção sonhos,
um punhado
de terra sagrada
e um
horizonte cheinho
de
gaivotas brancas.
No meu
chapéu bordo
um
pingo de chuva,
diferentes
flores que
perfumam
esperança
e a
delicadeza das andanças
que
faço com você.
Carrego
no coração os quintais,
aquele
festival de verão
onde
uma doce canção
cantou
pra mim
e
segurando suas mãos
seguimos diferentes caminhos.
O canto
do mar
Construímos
nosso ninho
sobre
as pedras do horizonte
e as
incertezas do mar.
Dormíamos
sobre
as
espumas verde
e nos
cobríamos com as estrelas.
Na
intensidade da noite
nos
perdemos
e na
imensidão
do mar
naufragamos.
Nosso
ninho foi um pesadelo,
mas
sonhar me trouxe
para
outra margem.
Veio a
esperança,
ela
recriou o mar,
ele se
fez canção, acarinhou
meu
coração que agora,
só
ama, ama e ama.
Ninho
Minha casa
é um jardim,
tem lírios
na janela,
rosas
na varanda,
jasmins
na sala
e a
cozinha cheira a alecrim.
O manjericão
trouxe pra mim
o
cheiro de minha infancia
e o
hortelã a saudade
de
meus ancestrais.
Minha casa
é um jardim,
aromatiza
os meus lençóis,
escreve
pelas minhas mãos,
toca
meu coração
e
corre o mundo com
os
passos meus.
Minha casa é um jardim...
Afeto
e flor
Suave
brisa anda por aqui,
se
próxima de mim
como a
beija flor que vai
ao
encontro da rosa.
Brisa
que afaga o meu rosto,
que
seca o orvalho
que
inunda minha alma,
desce
até minhas mãos
e vira
um poema.
Brisa que segura as
mãos do vento
se
veste de amor
e
caminha rumo
ao
horizonte.
Eu
fico aqui,
nesta
velha varanda,
esperando
o portão abrir
e você
surgir
vestido de esperança
O
beija flor deixa cair uma flor
no
infinito dos meus olhos.
Na sombra
dos cristais
No
tempo das borboletas,
uma
explosão de cores
se
apossaram dos meus olhos,
ousados
voos se aconchegaram
na
minha alma
e o
meu coração teve
cheiro
de revoada.
Hoje,
uma imensa saudade
molha
o meu olhar
Quantas
recordações se bordam
no meu no meu peito,
recordo
os arrozais em flor,
o amor
que se deitava
na
sombra dos cristais,
as
pedras nas quais um dia eu sentei,
chorei
lagrimas de felicidades
e uma
doce solidão afagam
nesse
instante o meu caminhar.
Estou feliz...
Meus sonhos
Viver
e sonhar se entrelaçam
Os
sonhos nasceram em mim,
brotaram,
enraizaram
e
ainda hoje são os meus faróis.
Os sonhos
pintaram
os meus cabelos,
sangraram
minha pele,
se
tatuaram na minha alma,
e
guiam o meu caminhar.
Eu quero
comida nas mesas,
flores
nas janelas,
primaveras
brotando
em
todos os cantos
e
alegria saltitando em
todas
as varandas.
Eu sou os meus sonhos...
Tempestades
e voos
Oh,
tempestade,
quem é
você que
passa
por dentro de mim,
me
arrasa,
arranca
minhas pétalas,
sopra
minha primavera,
consome
o meu jardim?
Eu entristeço,
choro,
perco
o prumo,
mas eu
lembro que sou borboleta
e o voo está dentro de mim
Borboletas
não esquecem
que
têm asas
e o
voar é sua plenitude.
Sempre
haverá tempestades,
mas
elas passam.
Eu sou
o infindo horizonte azul!
Sonhos e memórias
Sonhei
com o meu rio,
com a
velha tapera
na
qual morava minha vó.
Eu
estava li, sentada
no
velho trapiche pescando estrelas
e
tecendo amor com a lua.
Raramente
escutava
um
sinal de vida humana,
o não
humano cantava,
assoviava,
se banhava nas aguas
do
imenso e belo rio Amazonas.
Sonhei
com os buritis florindo,
as
andirobeiras espocando
suas
sementes,
o boto
brincando com
os
seres encantados do porto
das deusas da mata.
Acordo,
mas minha alma continua
entrelaçada
com a historia
de
vida de minha vó,
com a
minha ancestralidade
tão mística,
tão linda...
Sonho minhas saudades!
Velha estação
O
tempo passou,
o trem
quebrou e envelheceu
A
estação corroeu,
o
amarelo desbotou,
a
estação entristeceu,
mas eu
ainda lá
estou
esperando por ti.
No
inverno senti frio,
no
verão choveu,
no
outono deitei e as folhas
cobriram
os meus sonhos
Mas
foi na primavera
que
cuidei do jardim que um dia
juntos
plantamos.
Hoje revi
a estação,
tudo está
belo e sem cor,
mas
foi o amor, vestido de solidão
que
ali parou e no meu peito
fez brotar um poema...
Infinitamente
além
As
memórias são infinitas,
guardadas
na pele e na alma,
são
nuances, tons,
sabores,
cheiros
e
sonhos derramados pelas
estradas
que acreditávamos
ser
caminhos de liberdade.
Contudo,
o tempo voou,
as
estradas se multiplicaram,
porém,
os sonhos
se
dividiram na curva do destino.
Corpos
adormecidos
seguiram
cegos caminhos
e eu
me perdi
e me
achei em outros jardins.
Foi assim que dissemos adeus...
Esperando
a lua
Embrulhada
no silêncio,
coube
a mim soltar os laços,
desamarrar
um por um,
enquanto
espero a lua surgir
e você
chegar de dentro
do meu
sonho.
Vem
comigo
caminhar
ao luar,
beber
a madrugada,
se
banhar no orvalho da vida
e
sonhar de novo
aquele
mesmo sonho.
Vem, eu
ainda amo poesia,
flores,
jardins e o silêncio...
Ah, o
silêncio!
Eu ainda amo você!
Meu Pai
Hoje o
tempo amanheceu
embrulhado
no silêncio.
O doce
rio na sua languidez
faz o
seu caminho diário,
manso
e bravio em direção
a
algum destino.
Alonguei
o olhar
e fui
em direção a saudade...
La
estava o porto,
o
trapiche feito de novas madeiras,
os
barquinhos amarrados
em
algum tronco,
mas
ele não estava
na
ribanceira.
Em
algum lugar
ele
continua remando,
pescando
e assoviando
suas
belas canções.
Ô saudades...
Veias
cuidantes
Gaia
está parindo,
parto
difícil, está sangrando,
agonizando
entre
chamas
e enchentes.
Seus
filhos e filhas estão
esquecendo
de lhe afagar
e assim
se afogam nas feridas
de uma
mãe doente.
Energias
cósmicas
descem
como prece,
como
rosa cálida,
mas a
cegueira humana ignora.
Tudo
chora, tudo canta,
até
quando seremos céticos?
Gaia,
Pachamama,Terra,
triste
e magoada
ainda
é fértil, ainda ama...
No
embalo da vida
Cortei
meus cabelos,
calcei
meus velhos chinelos,
minha
saia rodada
ficou
apertada,
é a
velhice me abraçando,
estou
feliz!
Meu
jardim floresce
e as
beija flores
nele
se alimentam.
O chão
sagrado
é
coberto de estrelas,
do
alto da mangueira
desce
cordões de borboletas
e a
vida segue seu fluxo
inexoravelmente...
Viver
é se perder entre
redes e
travesseiros
e se
achar na doçura de amar
e de reinventar sonhos.
Parece
que é ssim
Cachos
de flores descem
Na
mansidão de sua alma,
a
minha, nesse momento chora
nossas
saudades.
Viver
é assim,
um
infinito florescer
e um
doce murchecer.
Ontem
a primavera enchia
de
flores meu coração,
agora,
folhas amarelas descem
de
meus olhos, se espalham
pelo
meu chão,
molham
meu olhar...
Vou
amar novamente
e o
luar vai iluminar o meu caminhar
nessas
estradas terrenas.