Andorinhas e versos
Quando o tempo adentrar nos meus olhos,
beijar meus cabelos adornados de neve,
pousar a sua efemeridade no meu destino,
eu tecerei um ramalhete de estrelas
e colocarei na delicadeza de suas mãos,
nos fios de seu coração
e retornarei por aquela estrada vermelha
que há de me levar até ao nosso arco íris.
Quando o tempo escrever a minha história,
ler cada página, decifrar os rabiscos traçados
pela imensa saudade que cultivo
no meu mais bonito jardim,
eu hei de abrir o meu baú encantado
e deixar voar todas as andorinhas
que fizeram ninho nos meus versos.
Quando o tempo...

Nosso planeta está esquentando. A água está acabando. Matamos os rios em nome da ganância. A violência cresce... Contudo, eu não posso perder a fé na Vida. Eu não deixo de sonhar e de transformar os meus sonhos em ações, simples ações...
Amo quem está ao meu lado, me solidarizo com os irmãos-irmãs que estão longe, mesmo com a minha incompletude humana. Em nome dos meus sonhos planto flores no meu quintal, árvores que fazem sombras, escrevo poesias...
Tenha um lindo e poético dia!!

Pavios de luz
Ah, eu não posso deixar que
meus versos se molhem de lagrimas
e nem que feneça os meus pavios de luz
que clareiam o escuro das estradas claras
A tristeza não pode se apossar do tempo
e nem fazer do vento mensageiro do desespero
e da perda da fé.
O cantar dos pássaros ainda enche o espaço
de doçura e melodia...
É com esta alegria que eu quero encantar o mundo.
Ah, eu não posso deixar de me comover,
mas, jamais deixar de ver o florescer de um novo dia
A sinfonia do amor me faz crer que,
a compaixão cuida da agonia que angustia
o viver nestes dias de desamor.
Dos meus olhos cai uma lágrima
e de minha alma nasce a gratidão e os sorrisos. 

Teia de alecrim
Somos fios de uma mesma teia.
O vento que brinca com os meus cabelos,
também mexe com os galhos da amoreira,
areja o ninho do sabiá que se põe a cantar
anunciando o amanhecer.
Um mar de pensamentos atormenta o bem te vi
que cai da folha do açaí
e sai desesperado a anunciar o que viu
além dos muros de alecrim.
O fio de seda e cetim se fez um arco íris sem fim
que nesta tarde desce para beber água
na concha pintada de azul anil.

Cirandas ao sol
Pelas ruas que ando há rosas e girassóis,
há marcas sublimes de sonhos
semeados nos caminhos,
luz menina que acarinha o tempo,
cabelos ao vento no cantar do sabiá.
Pelas ruas que ando há cercas de poesias,
versos pendurados nos galhos do flamboyant,
calçadas feitas de cristais
e crianças que correm pedindo colo, carinho e amor.
Pelas ruas vou andando...
Retrato almas delicadas, corações despedaçados,
sonhos esvoaçantes, ternura andante
e cirandas de hortências azuis.

Flores no quintal 
Meu quintal esta sorrindo,
flores se abrindo em todos os cantos do jardim
Passarinhos fazem ninho na goiabeira
que se abre para a janela do meu quarto.
É cantoria aqui, é cantoria pra lá,
que alegria é ver o dia raiar
e os pássaros cantarem na fresta de minha alma.
Meu quintal está feliz...
Eu aprendiz dos risos crio abrigo
para as borboletas voarem, para os sabiás gorjearem,
bem te vis e corruíras cantarem,
festejando a madrugada e todos os sonhos
que brotam de corações generosos.
Chão da fantasia
Ando com delicadeza para não machuca-las,
para não assustá-las, não perturbar o seu adormecer
num tempo de vida e morte
Neste andar, firme são meus pés e leve é a minha alma,
levitude que acalma e alimenta meus sonhos.
O cantar dos pássaros que voam no espaço
acorda o meu pensar e faz dos meus passos,
caminhos de folhas e pedras.
Os olhos da estação se enchem de emoção
ao ouvir meus pés fazerem musica
com as cores espalhadas
pelo chão, num tempo de infinita beleza
O caminho é longo e partilha com o longe
a saudade que ri no meu peito...

Leves pontos
Vejo minha imagem no espelho,
me vejo feia, bonita, singela,
fotografia  amarela esquecida pelo tempo,
sem lenço, apenas o vento cuida dos meus cabelos
já quase brancos.
Vejo minhas mãos borradas de tintas,
bordadas com leves pontos,
pergaminhos do destino nas mãos de outra cigana.
Vejo meus sonhos se desenhando nas bordas de um poema,
amarrando por dentro os juramentos de amor eterno,
feito na capela, na hora sublime do anoitecer.
Na correnteza do rio
Na correnteza do rio te mandei um poema.
Se o vento vier do norte
e o banzeiro for forte, talvez nunca o receba,
ele ficará preso entre um verso e um graveto.
Mas o meu perfume chegará até você
sempre que ao adormecer abras a tua janela
e colhas as minhas saudades.
O meu amor molha o orvalho da manhã vindoura,
guarda no teu coração o meu silencio
que é doce como um beijo
e terno como a brisa do entardecer.
Na correnteza do rio
segue até você o vazio dos meus olhos...