No silêncio da noite
Os panfletos se espalhavam pela sala sem cor
O mimeografo parecia gemer sob 
a mão de seu algoz
Falas animadas, roupas desalinhadas,
cinzeiro em brasa, fumaça, fumaça, fumaça...
Parecia que os sonhos se gestavam
nas muitas folhas de papéis
Que a utopia tão desejada
era forjada na intensidade do tempo.
Livros espalhados me contavam outra história,
jornais pareciam cartas anônimas,
vinham de longe, as vezes sujas de sangue,
outras vezes, faróis aquecidos de esperança.
Mas aí, os panfletos amarelaram,
as velhas maquinas quebraram, 
os blusões se alinharam
e as utopias? Ainda existem...
Era uma vez
Esta noite eu não vou contar as estrelas
Elas se recolheram e dormem na relva molhada
As fortes chuvas parecem crianças 
na hora do recreio,
brincam o tempo todo
com a minha estrela quase adormecida.
Riem da minha solidão
O que a chuva não sabe
 é que eu amo estar nas mãos do arco íris,
mesmo que encharcada de outros orvalhos.
Esta noite eu não vou contar estrelas,
elas vão me contar histórias
 até que eu adormeça.
Era uma vez... uma estrela...
                                             Gratidão ao dia    
O dia entardece sorrindo,
cantando, pulando cordas
sobre as amarelinhas do rio Amazonas
O encanto perfuma o ar e me convida a andar
sobre a sombra das mangueiras.
A flor de laranjeira
vai ao encontro da gaivota vermelha
que sobrevoa a minha imaginação.
 Sempre que minhas pernas cansam de andar
e a minha mente de pensar,
crio asas e divago, entre as laranjeiras floridas,
o horizonte azul de intenso infinito
e as nossas doces ausências.


Singelas emoções
A minha emoção se esconde entre duas estrelas,
por isso nem tento esconde-la
Nestes dias, minhas duas estrelas viraram
uma imensidão no céu que,
mesmo nublado não perdeu a boniteza 
de seu brilho.
Minha emoção não perde sua ternura,
mesmo nas noites escuras faz acelerar corações,
coração da lua, coração da rua,
coração das palavras que se encantam
e nesse canto viram poesias...


Flores para você...
Que tem a alma singela
Que pensa além do pensar dos outros
Que sendo sábio se faz humilde
Que começa a mudar o mundo a partir de si mesmo
Que ainda traz no peito um bonito sonho...
Para você que faz um mundo amoroso acontecer, o meu carinhoso abraço!

Olhos de alma
Retratei os seus olhos na minha poesia
como recôncavos de delicadeza...
                           Mas, quão difícil é retratar um olhar
Impossível guarda-lo em baú dourado
ou no porão da gaiola do tempo
Eu guardo o seu olhar numa moldura
que penduro na parede de minha alma.
Amo os seus olhos perdidos de lua
Fitando nalguma direção
ou no vazio da solidão de não ser só.
Teu olhar atravessa a margem do rio,
pousa no vazio que enche, preenche, transborda
e acorda infinitas fantasias ou quem sabe o vazio
de uma tarde sem sol.