Chuva fina
Fico aqui parada olhando pro nada,
deixando o silêncio cuidar de mim
 Deixando a melancolia fazer um altar de sinfonias,
cantar melodias e embalar a tristeza da tarde.
Vejo o vento vir manhoso,
 suave, fazendo as folhas balançarem
Ainda em devaneios sinto a palidez do horizonte
chorar dentro de mim
num misto de purificação, gratidão e amor à Vida.
Chuva fina, vento frio...
Entre o aqui e o lá, há frestas de luz e infinitas saudades
A chuva continua...
A semente cai no chão, estala e germina outra vez.



Rasgos e rabiscos
Debruço-me sobre as palavras,
elas ficam amassadas,
rabiscadas,
rasgadas,
perfumadas de amor.
As palavras dançam diante dos meus olhos
Ficam tortas...
Espelhadas...
Dormem no meu sono,
gritam os meus pesadelos
e balbuciam os meus sonhos.
Palavras...
Pedaços de carne em canteiros de sonhos,
Anônimos...
Reais...
Palavras...